Concerto «A Revolução de Outubro de 1917 - 100 Anos de Futuro»

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O con­certo da noite de sexta-feira tornou-se um ele­mento em­ble­má­tico da Festa. Pela ori­gi­na­li­dade da sua in­clusão anual há mais de duas dé­cadas numa festa po­pular ao ar livre, mas também pela sua qua­li­dade, pelo rigor sempre pro­cu­rado de res­peitar a mú­sica eru­dita to­cada e o vasto au­di­tório.

Mas há mais. O con­certo trans­formou-se também numa cri­a­dora forma de as­si­nalar te­ma­ti­ca­mente cada Festa. Sem cair na so­lução sim­plista (e com­pro­va­da­mente li­mi­ta­dora) de criar «um tema para a Festa», o con­certo abriu a pos­si­bi­li­dade, pelas suas ca­rac­te­rís­ticas, di­mensão, com­ple­xi­dade e qua­li­dade de, ano após ano, as­si­nalar uma te­má­tica cul­tural e po­li­ti­ca­mente re­le­vante e de lhe con­ceder im­por­tância no pro­grama sem de qual­quer forma li­mitar a sua cri­a­dora di­ver­si­dade e a sua li­gação pro­funda a um pú­blico di­verso e in­te­res­sado.

Em 2017 não ha­veria se­gu­ra­mente duas pos­si­bi­li­dades te­má­ticas: 100 anos de Fu­turo – A Re­vo­lução de Ou­tubro de 1917.

De ime­diato, pa­recia que era pro­jecto a não criar grandes di­fi­cul­dades: a Re­vo­lução So­vié­tica gerou um pe­ríodo de ful­gu­rante cri­a­ti­vi­dade ar­tís­tica nos mais va­ri­ados sec­tores a que mú­sica não foi alheia.

Mas o pro­grama vai mais longe. Com toda a jus­teza, havia que re­ferir que, pese a brutal sub­missão cza­rista, o povo russo pro­duziu de há muito so­berbas cri­a­ções mu­si­cais que cons­ti­tuíram a res­posta hu­mana do povo e das suas cri­a­ções mesmo face à ti­rania. Dessa cri­a­ti­vi­dade re­cebeu a Re­vo­lução de Ou­tubro um ines­ti­mável pa­tri­mónio.

E esse será o pri­meiro an­da­mento do Con­certo de 100 Anos de Fu­turo que este cen­te­nário co­me­mora.

Se­guir-se-ão as jor­nadas exal­tantes que o eterno livro de John Reed bap­tizou no seu tí­tulo Os Dez Dias Que Aba­laram o Mundo. Nesses dez dias e sobre esses dez dias cen­tenas de com­po­si­ções mu­si­cais foram es­critas – e elas cons­ti­tuirão o cerne do se­gundo an­da­mento do nosso con­certo. O as­salto do Pa­lácio de In­verno também se re­corda com acordes, me­lo­dias, ins­tru­mentos, sons – mú­sica.

O ter­ceiro an­da­mento será a ho­me­nagem ao povo vi­to­rioso, mas, so­bre­tudo, à vi­tória do povo. A cons­trução de uma re­vo­lução onde o tra­balho as­sumiu o na­tural papel cen­tral e um mundo a cuja cons­trução se lan­çava a classe ope­rária e todos os tra­ba­lha­dores. Te­remos so­bre­tudo o mais hu­mano dos ins­tru­mentos mu­si­cais: a voz.

Na cri­a­ti­vi­dade que re­cordar a Re­vo­lução exige e per­mite, não se es­que­cerá que os sons e as ima­gens são faces a mesma cri­a­ti­vi­dade hu­mana. Ei­sens­tein e Dziga Vertov foram con­vo­cados para a sexta-feira da Festa, lado a lado com a Sin­fo­ni­etta de Lisboa e o Coro Lisboa Cantat.

Em breve o Avante! dirá mais sobre essa noite!

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Pro­grama

1. Ale­xander Bo­ro­dine: «Danças Po­lovt­si­anas» da ópera «O Prín­cipe Igor»
2. Mo­dest Mus­sorgsky /Mau­rice Ravel: «Qua­dros de Uma Ex­po­sição»
a) Baba Yaga
b) A Grande Porta de Kiev
3. Igor Stra­vinsky: Suite do bai­lado «Pás­saro de Fogo»
a) Dança In­fernal do Rei Kat­chei
b) Final

4. Dmitri Shos­ta­ko­vich: «Aber­tura Fes­tiva», op. 96
5. Dmitri Shos­ta­ko­vich: Poema Sin­fó­nico op. 131
6. Dmitri Shos­ta­ko­vich: Sin­fonia n.º 12, «O Ano de 1917 — À me­mória de Lé­nine»
a) Au­rora (3.º an­da­mento)
b) O Alvor da Hu­ma­ni­dade (4.º an­da­mento)
 

7. Can­ções Po­pu­lares, Pa­trió­ticas e Re­vo­lu­ci­o­ná­rias Russas e So­vié­ticas
a) Ka­linka (Ivan Pe­tro­vich La­ri­onov)
b) Os Bar­queiros do Volga (po­pular)
c) Par­ti­zans (po­pular)
d) Puts (po­pular)
e) Ka­tiusha (Mikhail Isa­kowsy/ Matwec Blanter)

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O Ci­nema ao ser­viço da Re­vo­lução

A an­te­ceder as duas úl­timas partes mu­si­cais do con­certo de sexta-feira, 1, os es­pec­ta­dores do Palco 25 de Abril irão as­sistir ao vi­si­o­na­mento de ex­certos de duas obras-primas do ci­nema re­vo­lu­ci­o­nário so­vié­tico: Ou­tubro — Os Dez Dias que Aba­laram o Mundo (1928), de Sergei Ei­sens­tein, e O Homem da Câ­mara de Filmar (1929), de Dziga Vertov.
Para além de su­bli­nhar e an­te­cipar, com o maior apro­pó­sito, as obras mu­si­cais eru­ditas e po­pu­lares que nessas duas partes serão to­cadas, a pro­jecção destes ex­certos das ver­sões mudas das duas obras-primas será acom­pa­nhada ao piano, «ao vivo», em pleno palco.
Das cor­rentes do ci­nema de van­guarda dos anos 20 do sé­culo pas­sado, o ex­pres­si­o­nismo alemão e o ex­pe­ri­men­ta­lismo so­vié­tico fi­zeram avançar a arte ci­ne­ma­to­grá­fica como nunca até então, so­bre­tudo do ponto de vista da mon­tagem.
Ocu­pando-nos, para o que aqui nos in­te­ressa, do ci­nema russo con­tem­po­râneo das pri­meiras dé­cadas do pro­cesso re­vo­lu­ci­o­nário ini­ciado em Ou­tubro de 1917, é ne­ces­sário, desde já, su­bli­nhar que, logo nos pri­meiros anos, o ci­nema foi con­si­de­rado, pelo pró­prio Lé­nine, como um dos veí­culos ar­tís­ticos e de agit-prop mais de­ci­sivos para levar de um modo mais ex­pe­dito às massas ur­banas e cam­pe­sinas de um país de tão grandes di­men­sões a forte imagem e men­sagem po­lí­tica, so­cial, eco­nó­mica e cul­tural da nova so­ci­e­dade em cons­trução.
E a ime­diata cri­ação da fa­mosa Es­cola de Ci­nema de Mos­covo, logo em 1919, foi o de­to­nador por ex­ce­lência para a acção cri­a­tiva e o en­sino mo­bi­li­zador de grandes mes­tres como Lev Ku­le­chov, Vse­volov Pu­dovkin, Ale­xandr Dovzhenko e, pre­ci­sa­mente, Sergei Ei­sens­tein e Dziga Vertov.

 



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