Actualidade da Revolução de Outubro

Rui Mota

A Re­vo­lução de Ou­tubro anuncia que outro mundo é pos­sível

Es­tamos a menos de duas se­manas de as­si­nalar os cem anos da Re­vo­lução So­ci­a­lista de Ou­tubro. O ano de 2017 fica mar­cado por um lar­guís­simo con­junto de ini­ci­a­tivas co­me­mo­ra­tivas – nesta fase final em que en­tramos agora des­taca-se ainda o Co­mício de 7 de No­vembro no Co­liseu dos Re­creios em Lisboa e a Sessão Pú­blica de en­cer­ra­mento a 9 de De­zembro no Porto –, do qual se su­blinha o valor do se­mi­nário «So­ci­a­lismo, exi­gência da ac­tu­a­li­dade e do fu­turo», que se re­a­lizou no dia 17 de Junho, na Fa­cul­dade de Le­tras da Uni­ver­si­dade de Lisboa.

É sa­bendo da im­por­tância deste se­mi­nário, que contou com a par­ti­ci­pação de cen­tenas de pes­soas e mais de vinte ora­dores, que as Edi­ções «Avante!» pu­blicam agora as in­ter­ven­ções, dis­po­ni­bi­li­zando assim aos lei­tores essas re­fle­xões, in­for­madas e di­ver­si­fi­cadas, e con­tri­buindo para a exi­gência cada vez mais ac­tual e ur­gente da su­pe­ração re­vo­lu­ci­o­nária do ca­pi­ta­lismo e a cons­trução do so­ci­a­lismo.

Como disse o Se­cre­tário-geral do Par­tido, Je­ró­nimo de Sousa, na in­ter­venção de aber­tura do se­mi­nário, as co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário deram «um par­ti­cular re­levo às grandes con­quistas e re­a­li­za­ções po­lí­ticas, eco­nó­micas, so­ciais, cul­tu­rais, ci­en­tí­ficas e ci­vi­li­za­ci­o­nais do so­ci­a­lismo na URSS e o seu imenso con­tri­buto para o avanço da luta eman­ci­pa­dora dos tra­ba­lha­dores e dos povos». Ma­nuel Ro­dri­gues, Maria da Pi­e­dade Mor­ga­dinho, An­tónio Avelãs Nunes, Ma­nuela Ber­nar­dino, Rúben de Car­valho e Amé­rico Nunes, numa pers­pec­tiva mais ampla ou mais par­ti­cular, todos deram ên­fase a essas con­quistas e re­a­li­za­ções.

Je­ró­nimo de Sousa afirmou também na sua in­ter­venção de aber­tura que du­rante o ano se ana­lisou e de­bateu «as ne­ga­tivas e dra­má­ticas con­sequên­cias para os tra­ba­lha­dores e os povos em re­sul­tado das der­rotas do so­ci­a­lismo na URSS e nou­tros países so­ci­a­listas, não apenas para a paz no mundo, mas também no que sig­ni­ficou de agra­va­mento das ca­la­mi­dades e per­ver­sões do sis­tema ca­pi­ta­lista e no acen­tuar da sua na­tu­reza ex­plo­ra­dora, opres­sora, agres­siva e pre­da­dora». Foi, em grande me­dida, sobre estas ques­tões que se de­bru­çaram as in­ter­ven­ções de Paulo Rai­mundo, José Ca­pucho e Ângelo Alves, que con­fir­maram a ideia de que a pas­sagem do ca­pi­ta­lismo ao so­ci­a­lismo «per­ma­nece com todo o seu po­ten­cial de re­a­li­zação no ho­ri­zonte da luta dos tra­ba­lha­dores e dos povos».

Contra isso se de­batem «a his­to­ri­o­grafia bur­guesa e os cen­tros do ca­pi­ta­lismo», que «ainda hoje se afa­digam na ta­refa de re­es­crever a his­tória da Re­vo­lução de Ou­tubro e cada um dos passos dados no per­curso da cons­trução da nova so­ci­e­dade que se abria, des­fi­gu­rando-a, ca­ri­ca­tu­rando e dis­tor­cendo factos, omi­tindo e apa­gando as suas iné­ditas e em­pol­gantes re­a­li­za­ções», como bem de­mons­traram Ma­nuel Loff, Laura Al­modôvar e Ma­nuel Gusmão. Em sen­tido con­trário, Joana Dias Pe­reira, Sil­vestre La­cerda e Rui Mota foram à his­tória ver ou­tras lei­turas em Por­tugal das no­tí­cias da Re­vo­lução de Ou­tubro e da URSS.

Lei­turas que con­firmam a ne­ces­si­dade de ter em conta «uma grande di­ver­si­dade de so­lu­ções, etapas e fases da luta re­vo­lu­ci­o­nária». Para as re­co­nhecer cor­rec­ta­mente e levar a cabo de forma vi­to­riosa, será ne­ces­sário uma te­oria re­vo­lu­ci­o­nária, um par­tido re­vo­lu­ci­o­nário, uma es­tra­tégia e uma tác­tica re­vo­lu­ci­o­ná­rias. Sobre isso se de­bruçam as in­ter­ven­ções de João Frazão, José Ba­rata-Moura, Fer­nando Cor­reia, Jorge Cor­deiro, Fran­cisco Lopes e Al­bano Nunes.

So­bre­tudo, o livro do se­mi­nário de­monstra, como afirmou com cer­teza Je­ró­nimo de Sousa na aber­tura e Vasco Car­doso con­firmou no fecho, que a Re­vo­lução de Ou­tubro anuncia que outro mundo é pos­sível.




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