Caso «Raríssimas» e o papel das IPSS

O PCP con­si­dera que a si­tu­ação vinda a lume sobre a as­so­ci­ação «Ra­rís­simas» é «ina­cei­tável e exige o apu­ra­mento de todas as cir­cuns­tân­cias que a en­volvem, in­de­pen­den­te­mente das res­pon­sa­bi­li­dades que te­nham que ser as­sa­cadas seja a quem for e doa a quem doer».

Esta po­sição foi as­su­mida pelo líder par­la­mentar do PCP, João Oli­veira, ao ques­ti­onar no dia 13 a de­pu­tada do PSD Clara Mar­ques Mendes, que sus­ci­tara o tema em de­cla­ração po­lí­tica da sua ban­cada, a quem de­sa­fiou sobre a dis­po­ni­bi­li­dade para que «esse apu­ra­mento de res­pon­sa­bi­li­dades seja feito até às úl­timas con­sequên­cias», in­cluindo do an­te­rior go­verno em re­lação ao «cum­pri­mento das re­gras e à fis­ca­li­zação da uti­li­zação dos di­nheiros pú­blicos, seja por IPSS seja por quem for».

E porque a «prin­cipal pre­o­cu­pação do PCP tem que ver com os di­reitos dos ci­da­dãos», João Oli­veira, num exer­cício di­a­léc­tico, con­si­derou que se «de hoje para amanhã deixar de haver IPSS, os ci­da­dãos não podem deixar de ter acesso a cui­dados de saúde, não podem deixar de ter os seus di­reitos res­pei­tados».

O que, na sua óp­tica, re­mete para a obri­ga­tória con­clusão de que a me­lhor forma de de­fender os di­reitos dos ci­da­dãos, neste caso o acesso a cui­dados de saúde e ao apoio so­cial de que pre­cisam, é «ga­rantir a de­fesa dos ser­viços pú­blicos, a de­fesa do SNS, a qua­li­dade dos ser­viços pú­blicos, do apoio so­cial».

Daí que a res­pon­sa­bi­li­dade por ga­rantir estes di­reitos tem de caber «em pri­meiro lugar ao Es­tado», acen­tuou o líder par­la­mentar co­mu­nista, e não «trans­ferir para ou­tros essa res­pon­sa­bi­li­dade», como fez PSD e CDS-PP no go­verno an­te­rior, «seja pela via do ne­gócio seja por via de outra regra qual­quer».

Para o PCP, é neste plano que a questão tem de ser co­lo­cada, isto é, as IPSS têm que as­sumir um «papel com­ple­mentar ao do Es­tado». E a este com­pete ga­rantir os meios – e não des­res­pon­sa­bi­lizar-se – para que não falte aos utentes e, neste caso, também aos tra­ba­lha­dores destas ins­ti­tui­ções – a uns, o «apoio e os di­reitos res­pei­tados», aos ou­tros, as «con­di­ções para o seu tra­balho de grande valor na pres­tação de cui­dados a pes­soas com de­fi­ci­ência, com do­ença cró­nica, com o que quer que seja».

No fim de contas, em larga me­dida, o que não fez o an­te­rior go­verno, apos­tado que es­teve na des­res­pon­sa­bi­li­zação do Es­tado, trans­fe­rindo para ou­tros o que era obri­gação sua as­sumir, no­me­a­da­mente em re­lação às IPSS.

«Esse era o ob­jec­tivo que PSD e CDS ti­nham em vista com a des­truição dos ser­viços pú­blicos e com a pri­va­ti­zação de di­reitos so­ciais, trans­for­mando-os em ne­gócio», acusou João Oli­veira, para quem o «pro­gresso e o de­sen­vol­vi­mento do País está de­pen­dente da qua­li­dade dos ser­viços pú­blicos» e não dessa po­lí­tica que mer­can­ti­liza aquilo que são di­reitos so­ciais.



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