PCP defende comissão para efectivar os direitos das crianças e promover a inclusão social

DI­REITOS O PCP de­fende a cri­ação de uma en­ti­dade que pro­mova e acom­panhe a de­fesa dos di­reitos das cri­anças, de forma con­tínua e per­ma­nente, que dê cum­pri­mento àquela que é uma missão do Es­tado.

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Nesse exacto sen­tido vai o pro­jecto de lei do PCP que cria a Co­missão Na­ci­onal dos Di­reitos das Cri­anças e Jo­vens, agora na Co­missão de As­suntos Cons­ti­tu­ci­o­nais, Di­reitos, Li­ber­dades e Ga­ran­tias, para onde baixou sem vo­tação por 45 dias, após de­bate em ple­nário antes do Natal. Igual tra­mi­tação se­guiram pro­jectos de re­so­lução do BE e do PSD re­la­ci­o­nados com a apli­cação da Con­venção sobre os Di­reitos das Cri­anças.

A cri­ação da­quele «es­paço ins­ti­tu­ci­onal» que acom­panhe a de­fesa dos di­reitos das cri­anças no nosso País foi jus­ti­fi­cada pela de­pu­tada co­mu­nista Diana Fer­reira com a ne­ces­si­dade de col­matar as la­cunas que ainda hoje per­sistem em ma­téria de di­ag­nós­tico, aná­lise in­te­grada de dados e in­di­ca­dores quanto à «mo­ni­to­ri­zação das po­lí­ticas pú­blicas e seu im­pacto sobre as cri­anças».

Lem­brado foi, no­me­a­da­mente, o facto de no nosso País

não se re­a­li­zarem es­tudos de «forma con­sis­tente e per­ma­nente» sobre a apli­cação da Con­venção sobre os Di­reitos da Cri­ança desde que foi ex­tinta a Co­missão Na­ci­onal para os Di­reitos da Cri­ança.

Com a nova en­ti­dade por si agora pro­posta, a ban­cada co­mu­nista acre­dita que desta forma é «dado corpo a uma das res­pon­sa­bi­li­dades do Es­tado re­la­ti­va­mente aos pro­blemas da cri­ança», reu­nindo as «di­fe­rentes ins­ti­tui­ções, mo­vi­mentos e par­ceiros so­ciais», em «diá­logo e ar­ti­cu­lação inter-ins­ti­tu­ci­onal», com vista a con­certar es­tra­té­gias que «per­mitam ren­ta­bi­lizar os re­cursos já exis­tentes e apre­sentar novas so­lu­ções para os pro­blemas so­ciais da in­fância».

Di­reitos ne­gados

O que a re­a­li­dade con­tinua a mos­trar é que não obs­tante a con­sa­gração cons­ti­tu­ci­onal dos di­reitos das cri­anças, bem como de ou­tros prin­cí­pios in­ter­na­ci­o­nais como é a Con­venção sobre os Di­reitos da Cri­ança, a vida quo­ti­diana de mi­lhares de cri­anças con­tinua a ser mar­cada pela ne­gação de di­reitos.

Di­reitos, su­ma­riou Diana Fer­reira, como o «di­reito à pro­tecção e a cui­dados es­pe­ciais; o di­reito ao amor e ao afecto, ao res­peito pela sua iden­ti­dade pró­pria; o di­reito a serem de­se­jadas; o di­reito à di­fe­rença e à dig­ni­dade so­cial, à in­te­gri­dade fí­sica, a uma ali­men­tação ade­quada, ao ves­tuário, à ha­bi­tação, à saúde, à se­gu­rança, à ins­trução e à edu­cação, à cul­tura e ao des­porto».

A de­pu­tada Su­sana Amador, de­fi­nindo a po­sição do PS, con­si­derou

que a pro­moção dos di­reitos das cri­anças e jo­vens é já uma «atri­buição da Co­missão Na­ci­onal de Pro­moção dos Di­reitos e Pro­tecção das Cri­anças, ins­ti­tuída por este Go­verno, de­fen­dendo que «im­porta va­lo­rizar» esta nova es­tru­tura, sob pena de haver o «risco de mul­ti­pli­cação de en­ti­dades e es­tru­turas com pro­vá­veis so­bre­po­si­ções» e «in­con­gruên­cias fun­ci­o­nais».

Em sen­tido idên­tico se pro­nun­ciou Vânia Dias da Silva, do CDS, não vendo ne­ces­si­dade de uma nova co­missão, para si «re­dun­dante», e sus­cep­tível de «criar mais en­tro­pias», ao «mul­ti­plicar en­ti­dades que tratam do mesmo as­sunto». Também Te­resa Mo­rais, do PSD, achou que aquilo que é pro­posto por PCP e BE «já existe».

Diana Fer­reira, na res­posta, lem­brou às duas ban­cadas à di­reita do he­mi­ciclo de S. Bento que ambas se abs­ti­veram num di­ploma apro­vado pela AR para a cri­ação do Ob­ser­va­tório da Cri­ança, pro­posto e apro­vado por una­ni­mi­dade na As­sem­bleia Le­gis­la­tiva da Ma­deira.

E que a pro­posta agora avan­çada pelo PCP – criar uma co­missão que dê corpo à res­pon­sa­bi­li­dade do Es­tado nesta ma­téria –, o que faz é res­ponder a essa ne­ces­si­dade de uma en­ti­dade com um olhar mais atento ao cum­pri­mento dos di­reitos da cri­ança.

«É pre­ciso que a con­sa­gração dos di­reitos das cri­anças não se fique pelo papel e que estes sejam efec­ti­vados na vida quo­ti­diana», exortou Diana Fer­reira.

Papel mul­ti­fa­ce­tado

Entre as atri­bui­ções a con­ferir à Co­missão Na­ci­onal dos Di­reitos das Cri­anças e Jo­vens, se­gundo a pro­posta do PCP, está a ca­rac­te­ri­zação e aná­lise da vi­o­lação dos di­reitos hu­manos no con­texto da in­fância, bem como a mo­ni­to­ri­zação das de­si­gual­dades so­ciais, pro­blemas da po­breza e ex­clusão so­cial.

«Não se pode passar ao lado da re­a­li­dade e das causas es­tru­tu­rais da po­breza e da ex­clusão so­cial que marcam a vida de mi­lhares de cri­anças, dei­xando marcas pro­fundas», jus­ti­ficou Diana Fer­reira.

De acordo com o ar­ti­cu­lado do di­ploma, na es­fera de acção da es­tru­tura a criar deve caber também o acom­pa­nha­mento dos im­pactos e efi­cácia das po­lí­ticas so­ciais in­cre­men­tadas, e, noutro plano, o tra­ta­mento de dados e in­di­ca­dores so­ciais e a ela­bo­ração e pu­bli­cação de in­for­ma­ções, es­tudos e re­la­tó­rios.

Na pers­pec­tiva do PCP, esta Co­missão deve ainda ter um papel ac­tivo, em co­la­bo­ração com as en­ti­dades pú­blicas e pri­vadas com­pe­tentes, na «pro­moção da in­clusão so­cial das cri­anças e apre­sen­tação de pro­postas para a in­te­gração das cri­anças em si­tu­ação de ex­clusão so­cial».




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