Jovens saem à rua «para acabar» com precariedade e baixos salários

LUTA O Dia Na­ci­onal da Ju­ven­tude Tra­ba­lha­dora é as­si­na­lado na pró­xima quarta-feira com uma ma­ni­fes­tação em Lisboa, pro­mo­vida pela In­ter­jovem e en­vol­vendo todo o mo­vi­mento sin­dical uni­tário.

A ma­ni­fes­tação co­meça no Cais do Sodré, às 15 horas

Num pe­ríodo de muitas lutas e in­tenso em­pe­nha­mento de di­ri­gentes, de­le­gados e ac­ti­vistas no con­tacto, no es­cla­re­ci­mento e na mo­bi­li­zação de ou­tros tra­ba­lha­dores para ba­ta­lhas em que a par­ti­ci­pação de jo­vens tem sido no­tória, a ma­ni­fes­tação na­ci­onal da ju­ven­tude tra­ba­lha­dora não vai, mais uma vez, li­mitar-se a ce­le­brar uma efe­mé­ride.

A par da evo­cação do dia 28 de Março de 1947 – quando a re­pressão do re­gime fas­cista se abateu sobre cen­tenas de jo­vens que par­ti­ci­pavam nos acam­pa­mentos do MUD Ju­venil, em Bela Mandil (Olhão) e em São Pedro de Moel (Ma­rinha Grande) –, a In­ter­jovem, a CGTP-IN e os sin­di­catos tomam o exemplo dos re­sis­tentes de então como es­tí­mulo para as lutas da ac­tu­a­li­dade.

Para esta ma­ni­fes­tação na­ci­onal, o foco é co­lo­cado no com­bate de­ter­mi­nado à pre­ca­ri­e­dade de em­prego e aos baixos sa­lá­rios, pro­blemas que atingem com es­pe­cial gra­vi­dade os tra­ba­lha­dores mais jo­vens e que são «para acabar». Nesta exi­gência, su­blinha-se nos ma­te­riais de di­vul­gação da jor­nada, «não há volta a dar».

Au­mento do sa­lário mí­nimo, re­torno às 35 horas na Ad­mi­nis­tração Pú­blica e de­sa­gra­va­mento fiscal são apon­tados como exem­plos de que, «nos úl­timos dois anos, com a sua luta, os tra­ba­lha­dores ga­ran­tiram im­por­tantes vi­tó­rias, con­se­guindo repor, re­cu­perar e con­quistar di­reitos e ren­di­mentos». «Mas falta re­solver pro­blemas de fundo a que o PS e o seu Go­verno fogem há de­ma­siado tempo», as­si­nala-se no fo­lheto da In­ter­jovem, em dis­tri­buição na­ci­onal nas úl­timas se­manas.

A partir de uma ci­tação do pri­meiro-mi­nistro, con­si­de­rando que o mo­delo de baixos sa­lá­rios e de pre­ca­ri­e­dade la­boral «está morto e tem de ser en­ter­rado», porque não é com tal mo­delo que se faz o de­sen­vol­vi­mento do País, no do­cu­mento sa­li­enta-se que «não basta pa­recer, é pre­ciso ser di­fe­rente». O Go­verno é cri­ti­cado por manter «a po­lí­tica la­boral se­guida por an­te­ri­ores» exe­cu­tivos, quando «é pre­ciso provar que se é di­fe­rente e ir mais longe na re­po­sição de di­reitos, au­mentos sa­la­riais e li­bertar o País das im­po­si­ções da UE».

É sa­li­en­tado o valor da luta, que tornou pos­sível der­rotar a pre­ca­ri­e­dade em cen­tenas de lo­cais de tra­balho e tornar efec­tivos os vín­culos de mi­lhares de tra­ba­lha­dores, bem como con­quistar au­mentos sa­la­riais, «muitas vezes fi­xando o sa­lário mí­nimo na em­presa acima dos 600 euros».

Ao rei­terar a exi­gência de que seja posto fim às normas gra­vosas do Có­digo do Tra­balho, a In­ter­jovem re­corda que «no tempo da troika de PSD/​CDS-PP foram im­postas aos tra­ba­lha­dores al­te­ra­ções à le­gis­lação que di­mi­nuíram a pro­tecção no em­prego, re­du­ziram re­mu­ne­ra­ções, no­me­a­da­mente nas horas ex­tra­or­di­ná­rias, im­pu­seram o banco de horas e au­men­taram a pre­ca­ri­e­dade». Hoje, «re­verter é de­volver di­reitos aos tra­ba­lha­dores e, com a luta, isso é pos­sível».

O Go­verno «tem de optar» se «con­tinua do lado dos pa­trões ou dos tra­ba­lha­dores».

Por outro lado, «de­fender a con­tra­tação co­lec­tiva é um dever e obri­gação dos jo­vens», porque ela «é um di­reito de todos os tra­ba­lha­dores, mas a sua des­truição afec­taria so­bre­tudo os mais jo­vens».

Do Cais do Sodré à AR

Para ga­rantir co­ber­tura legal a todos os que vão faltar ao tra­balho para estar na ma­ni­fes­tação, foram emi­tidos pré-avisos de greve.
Os jo­vens tra­ba­lha­dores co­meçam por se reunir no Cais do Sodré, onde o en­contro está mar­cado para as 15 horas. A ma­ni­fes­tação segue de­pois para a As­sem­bleia da Re­pú­blica.

 



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