Artes e Cultura em luta amanhã

PRO­TESTO Os re­sul­tados pro­vi­só­rios do Con­curso ao Pro­grama de Apoio Sus­ten­tado 2018-2021 estão a gerar uma «onda de in­dig­nação». Amanhã, 6, re­a­lizam-se ac­ções em vá­rias ci­dades do País.

O mo­mento é de acção, união e so­li­da­ri­e­dade

Sob o lema «Cul­tura acima de zero!», as con­cen­tra­ções visam «rei­vin­dicar o que é justo e ne­ces­sário», afirmam, num apelo pela Cul­tura, os Sin­di­catos dos Tra­ba­lha­dores de Es­pec­tá­culos, do Au­di­o­vi­sual e dos Mú­sicos (CENA-STE), a As­so­ci­ação de Es­tru­turas para a Dança Con­tem­po­rânea (REDE), a Pro­fis­si­o­nais Artes Cé­nicas (Pla­teia) e o Ma­ni­festo em De­fesa da Cul­tura.

Os pro­testos re­a­lizam-se às 18 horas, em Lisboa (Rossio, Praça D. Pedro IV), Porto (Praça Carlos Al­berto), Coimbra (junto à Di­recção Re­gi­onal de Cul­tura do Centro), Fun­chal (no Balcão Cristal, Rua de Santa Maria), Beja (Praça da Re­pú­blica) e Ponta Del­gada (frente ao Te­atro Mi­ca­e­lense, às 17 horas).

Nas ac­ções, os tra­ba­lha­dores das artes vão exigir, uma vez mais, a de­fi­nição de uma po­lí­tica cul­tural e a cri­ação de um mo­delo de apoio às artes e res­pec­tivos ins­tru­mentos de fi­nan­ci­a­mento; o au­mento ime­diato do Or­ça­mento dos apoios às artes para 25 mi­lhões de euros (va­lores de 2009, mais a pon­de­ração da in­flacção) e a cor­recção dos efeitos ne­ga­tivos dos con­cursos em curso; o com­bate à pre­ca­ri­e­dade na ac­ti­vi­dade ar­tís­tica e es­ta­bi­li­dade do sector; com­pro­misso com o pa­tamar mí­nimo de 1% do Or­ça­mento do Es­tado para a Cul­tura, já em 2019.

Des­ca­labro po­lí­tico
«Os re­sul­tados co­nhe­cidos dos con­cursos para apoios às artes re­ve­laram mais um epi­sódio do des­ca­labro da po­lí­tica cul­tural das úl­timas dé­cadas e co­locam em causa o de­sen­vol­vi­mento sus­ten­tado do País e da pró­pria de­mo­cracia», ad­vertem as or­ga­ni­za­ções pro­mo­toras, con­tes­tando o facto de «ano após ano» cada vez mais es­tru­turas serem «ex­cluídas desses apoios», ha­vendo «re­giões do País onde a tão fa­mosa des­cen­tra­li­zação não chega».

De fora do con­curso fica o Te­atro Ex­pe­ri­mental de Cas­cais; duas com­pa­nhias pro­fis­si­o­nais com sede em Coimbra: O Te­a­trão e Es­cola da Noite; o Centro Dra­má­tico de Évora (CEN­DREV); o Te­atro das Beiras, da Co­vilhã; o Te­atro Ex­pe­ri­mental do Porto, a Seiva Trupe, o Fes­tival In­ter­na­ci­onal de Ma­ri­o­netas e o Fes­tival In­ter­na­ci­onal de Te­atro de Ex­pressão Ibé­rica (FITEI), também do Porto; o Te­atro de Ani­mação de Se­túbal; a as­so­ci­ação GRIOT; Chão de Oliva; o Te­atro dos Aloés; a Casa Con­ve­ni­ente e a Co­o­pe­ra­tiva Cul­tural Es­paço Agun­cheiras, entre as 39 es­tru­turas e pro­jectos que ficam sem fi­nan­ci­a­mento.

Mo­mento his­tó­rico
An­te­ontem – dia em que o pri­meiro-mi­nistro chamou a S. Bento o mi­nistro da Cul­tura, Luís Castro Mendes, e o se­cre­tário de Es­tado Mi­guel Hon­rado – ti­veram lugar em Lisboa, Porto, Coimbra e Beja reu­niões pre­pa­ra­tó­rias dos pro­testos de amanhã.

Terça-feira foi ainda di­vul­gada uma carta-aberta, subs­crita por 50 es­tru­turas te­a­trais e 140 ar­tistas, a so­li­citar uma au­di­ência ao pri­meiro-mi­nistro com «ca­rácter de ur­gência». No do­cu­mento, os pro­fis­si­o­nais da Cul­tura afirmam que «o sis­tema que este Go­verno impôs na Cul­tura fa­lhou por com­pleto e de forma trans­versal, fra­gi­li­zando ainda mais o sector ar­tís­tico».

Je­ró­nimo de Sousa en­contra-se com ar­tistas e ou­tros tra­ba­lha­dores da Cul­tura

Na pró­xima se­gunda-feira, 9, o Se­cre­tário-geral do PCP tem en­contro mar­cado com ar­tistas e ou­tros tra­ba­lha­dores da Cul­tura, às 18 horas, no Jardim de In­verno do Te­atro Mu­ni­cipal S. Luiz.

A in­for­mação foi avan­çada no pas­sado dia 2 pelo Ga­bi­nete de Im­prensa do Par­tido, onde se «saúda e ex­pressa» so­li­da­ri­e­dade com todos os ar­tistas, es­tru­turas e tra­ba­lha­dores da Cul­tura.

Na nota, os co­mu­nistas su­bli­nham que «a justa in­dig­nação e re­volta agora ma­ni­fes­tadas pelos ho­mens e mu­lheres da Cul­tura de­corre, no ime­diato, dos re­sul­tados dos con­cursos agora anun­ci­ados, mas não se re­sume, con­tudo, a isso», antes «ex­pressa um mal-estar e uma in­sa­tis­fação sen­tida há anos com a po­lí­tica cul­tural se­guida pelos go­vernos de PS, PSD e CDS, com a cons­tante des­va­lo­ri­zação do seu tra­balho, com as per­ma­nentes di­fi­cul­dades cri­adas, com a me­no­ri­zação do papel da Cul­tura no de­sen­vol­vi­mento do nosso País».

Sobre os anún­cios de re­forço de verbas feito pelo Go­verno e a «in­sul­tuosa linha de cré­ditos pro­postos às es­tru­turas», o PCP su­blinha que «não sa­tis­fazem, nem re­solvem pro­blema ne­nhum» e «de­mons­tram, isso sim, que afinal há e havia di­nheiro, que foi a in­dig­nação, pro­testo e luta ex­pressos e anun­ci­ados que for­çaram o Go­verno a pro­curar lançar al­guns pa­li­a­tivos que es­tan­cassem a enorme e justa con­tes­tação em curso».

Na se­gunda-feira, os de­pu­tados do PCP à As­sem­bleia da Re­pú­blica – que já pe­diram a au­dição, com ca­rácter de ur­gência, do mi­nistro da Cul­tura e da di­rec­tora-geral das Artes, em co­missão par­la­mentar – es­ti­veram reu­nidos com es­tru­turas de cri­ação ar­tís­tica e pro­gra­ma­dores cul­tu­rais dos dis­tritos de Évora e do Porto.

Re­corda-se que, a 22 de Março, Je­ró­nimo de Sousa vi­sitou o Te­atro Na­ci­onal de S. Carlos e es­teve reu­nido com o Con­selho de Ad­mi­nis­tração do OPArt – Or­ga­nismo de Pro­dução Ar­tís­tica e com as es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores.

PCP quer outro rumo

O PCP in­siste e tem-se ba­tido pela ins­ti­tuição de um Ser­viço Pú­blico de Cul­tura, que as­se­gure a li­ber­dade e a di­ver­si­dade da cri­ação ar­tís­tica, a de­fesa e re­cu­pe­ração do pa­tri­mónio, a co­esão e a di­ver­si­fi­cação ter­ri­to­rial, os di­reitos dos tra­ba­lha­dores da Cul­tura.

Dia 12 de Junho de 2017, o Par­tido apre­sentou a sua pro­posta para a dis­cussão de um novo mo­delo de apoio às artes. Desta pro­posta cons­tavam, entre ou­tros as­pectos, prin­cí­pios de apoio às es­tru­turas; ava­li­ação das can­di­da­turas em função do dis­curso e do fazer ar­tís­tico e não com base em cri­té­rios fi­nan­ceiros; des­bu­ro­cra­ti­zação dos pro­cessos, sim­pli­fi­cação dos pro­ce­di­mentos e al­te­ração da pla­ta­forma elec­tró­nica; ca­len­da­ri­zação e ope­ra­ci­o­na­li­zação atem­pada dos pro­ce­di­mentos con­cur­sais com a ga­rantia de apro­vação de re­sul­tados com uma an­te­ce­dência mí­nima de seis meses em re­lação à data de início dos pro­jectos a apoiar e dois meses de an­te­ce­dência para a dis­po­ni­bi­li­zação da pri­meira tranche de apoio; cri­ação de novas li­nhas de apoio; ac­tu­a­li­zação a partir de 2019 de cada quadro con­cursal que de­veria as­sumir como cri­tério o apoio que cor­res­pon­deria ao total de can­di­da­turas do ano an­te­rior.

Além dos 25 mi­lhões de euros para a Cul­tura, o PCP propôs ainda, du­rante a dis­cussão do Or­ça­mento do Es­tado para 2018, a ela­bo­ração de um Plano Na­ci­onal de De­sen­vol­vi­mento para as Artes e a Cul­tura, que pro­gra­masse a atri­buição de 1% dos or­ça­mentos fu­turos à Cul­tura. Ambas as pro­postas foram chum­badas por PS, PSD e CDS.

 



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