Ferroviários podem voltar à greve contra abertura ao «agente único»
LIBERALIZAÇÃO A greve de dias 12 e 13 voltou a mostrar que os ferroviários estão unidos e determinados na luta em defesa de centenas de postos de trabalho ameaçados e da segurança do transporte.
Não pode ser admitido que haja só um trabalhador por comboio
«É possível o acordo, se o Governo se colocar ao lado dos interesses da segurança e não ao lado dos interesses dos operadores», comentou a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, numa nota publicada algumas horas após o final da greve que durante dois dias deixou a circulação ferroviária de passageiros e mercadorias reduzida aos serviços mínimos, de Coimbra ao Algarve.
Mas a Fectrans/CGTP-IN reafirmou que «se não houver esforço da parte do Governo, os ferroviários voltarão à luta». Estão marcadas novas greves, na região Norte do País, das 12 horas de dia 23 às 12 horas de dia 24, na CP, e durante todo o dia 25, na Medway e na Takargo.
Logo a seguir à greve realizada a 4 de Junho, com âmbito nacional e igualmente com muito forte adesão e grande impacto na circulação, as organizações sindicais (a Fectrans e o SNTSF e também a Assifeco, o Sinafe, o Sinfa e o SFRCI) manifestaram «toda a disponibilidade para reunir com o Governo e fazerem um esforço de aproximação, se da parte do Governo houver uma alteração de posição».
Exigem a «fixação de regras que não coloquem a possibilidade de operação em regime de “agente único” na mão dos operadores». É precisamente esta possibilidade que as alterações ao regulamento de segurança (RGS1) admitem, o que, face à prevista liberalização do sector, não fica salvaguardado com o actual compromisso da CP de manter o mínimo de dois trabalhadores por comboio.
Rodoviárias do Algarve
Cerca de cem trabalhadores de empresas do Grupo EVA (integrado no universo Barraqueiro) concentraram-se na quinta-feira, dia 14, em frente à gare de Faro da transportadora rodoviária algarvia, para reclamarem melhores salários e igualdade entre profissionais com o mesmo serviço, noticiou a agência Lusa.
A concentração, que teve lugar no primeiro de dois dias de greve, foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP, da Fectrans/CGTP-IN), abrangeu as empresas Próximo, Frota Azul e Translagos, alcançando no início uma adesão próxima dos 50 por cento, como referiu um dirigente sindical.
Paulo Silva, coordenador regional do Algarve do STRUP, explicou que os cerca de 200 trabalhadores destas empresas fazem o mesmo serviço que os seus camaradas da EVA Transportes, mas estes são «um pouco melhor» remunerados, porque nesta existe um Acordo de Empresa. O dirigente enalteceu o passo corajoso dado por estes trabalhadores.
No dia 15, a Fectrans informou que, se a administração continuar sem responder às reivindicações, os trabalhadores voltam à luta no dia 6 de Julho.
A prestar solidariedade, estiveram na concentração, entre outros, o Secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, e Vasco Cardoso, membro da Comissão Política do PCP e responsável da direcção regional do Partido.
Os trabalhadores mostraram a força organizada da luta, comentou Vasco Cardoso, sublinhando que os salários são baixos e há discriminação salarial dentro do grupo, a qual serve para os patrões da EVA pressionarem ainda mais para baixo os direitos dos trabalhadores e as suas condições de vida.
Acordo na Transtejo e na Soflusa
O acordo negociado pelos sindicatos com a tutela e a administração (única) da Transtejo e da Soflusa, preconizando aumentos salariais, foi aprovado no dia 8 pelos trabalhadores, em plenários, o que levou à anulação das greves marcadas para dias 11 e 12.
Realçando que «este acordo é resultado da unidade, mobilização e luta dos trabalhadores destas duas empresas e da sua determinação em fazer das greves marcadas importantes acções em defesa da melhoria das condições de vida e trabalho», a Fectrans informou que na tabela salarial vai ser incluída uma parcela de 75 por cento do subsídio de catamarã (Soflusa) e do adicional de remuneração (Transtejo), sendo os restantes 25 por cento incorporados a 1 de Janeiro de 2019; há um acréscimo de 20 euros nas retribuições-base até mil euros e de 15 euros nas demais; será paga uma compensação de quatro euros por mês aos trabalhadores que não têm subsídio de catamarã, nem adicional de remuneração; vai ser negociado um sistema de carreiras profissionais, para vigorar a partir de 1 de Janeiro de 2019.