Cabe aos jovens conquistar o seu futuro

DI­REITOS Je­ró­nimo de Sousa res­pondeu às per­guntas do pre­si­dente do Con­selho Na­ci­onal de Ju­ven­tude num co­ló­quio re­a­li­zado, dia 12, no Centro de Tra­balho Vi­tória, em Lisboa. A ju­ven­tude foi o tema cen­tral, mas a con­versa es­tendeu-se a muitos ou­tros as­suntos.

Os jo­vens têm um papel de­ter­mi­nante na ac­ti­vi­dade quo­ti­diana do PCP

A ini­ci­a­tiva in­seriu-se no ciclo de de­bates pro­mo­vido pelo Con­selho Na­ci­onal de Ju­ven­tude (CNJ) sob o lema «Co­ló­quios (re) par­tidos. Es­co­lher o Fu­turo». Con­du­zida pelo pre­si­dente Hugo Car­valho, a en­tre­vista com Je­ró­nimo de Sousa teve per­guntas pre­pa­radas pela di­recção do CNJ e ou­tras feitas pelo pú­blico e por quem se­guia a ini­ci­a­tiva através da In­ternet.

A pri­meira questão versou sobre o (real ou ale­gado) afas­ta­mento dos jo­vens face à po­lí­tica e aos par­tidos, que o Se­cre­tário-geral do PCP atribui à dis­so­nância entre pro­messas elei­to­rais e prá­tica po­lí­tica por parte dos su­ces­sivos go­vernos do PS, PSD e CDS, que de­frau­daram ex­pec­ta­tivas cri­adas nos jo­vens e adi­aram a con­cre­ti­zação de so­nhos e pro­jectos. O PCP, ga­rantiu, é di­fe­rente também pela forma de estar na po­lí­tica, res­ga­tando o que ela tem de mais nobre: «servir o povo e não ser­virmo-nos a nós pró­prios.» Além disso, a ju­ven­tude – e em par­ti­cular a JCP – tem um papel ac­tivo na ac­ti­vi­dade quo­ti­diana do Par­tido.

De­sa­fiado de­pois a fazer um ba­lanço da ac­tual le­gis­la­tura, Je­ró­nimo de Sousa lem­brou a con­jun­tura par­ti­cular em que surgiu a ac­tual so­lução po­lí­tica e a ne­ces­si­dade de afastar do go­verno a co­li­gação PSD-CDS. Em se­guida, dis­sipou con­fu­sões acerca da na­tu­reza do ac­tual Go­verno, que não é «de es­querda» ou «das es­querdas» nem é su­por­tado por qual­quer «mai­oria par­la­mentar de apoio»; é, sim, um «go­verno mi­no­ri­tário do PS».

Mais adi­ante, em res­posta a uma es­tu­dante pre­sente na sala, ex­pli­citou os termos da so­lução po­lí­tica: «nós ga­ran­tíamos que o Go­verno mi­no­ri­tário do PS exis­tisse, mas cada par­tido man­tinha a sua na­tu­reza e au­to­nomia.» Para o di­ri­gente co­mu­nista, estas não de­ve­riam im­pedir a adopção de uma po­lí­tica de re­cu­pe­ração de di­reitos e ren­di­mentos. Con­tra­dição? Sim, nas op­ções do PS, su­bor­di­nadas aos in­te­resses do grande ca­pital e às im­po­si­ções da UE e do euro.

Sendo certo que os di­reitos al­can­çados nesta le­gis­la­tura são «in­su­fi­ci­entes e li­mi­tados», Je­ró­nimo de Sousa va­lo­rizou-os e ga­rantiu, quase no final, em res­posta a uma questão sus­ci­tada pelo pú­blico, que o PS «nunca teria ido tão longe sem o PCP».

Elei­ções e op­ções

Res­pon­dendo à ter­ceira per­gunta co­lo­cada por Hugo Car­valho, sobre a União Eu­ro­peia e as elei­ções do pró­ximo ano para o Par­la­mento Eu­ropeu, Je­ró­nimo de Sousa lem­brou que o PCP se bate por uma «Eu­ropa de paz e co­o­pe­ração, de res­peito mútuo», em tudo di­fe­rente da União Eu­ro­peia dos mo­no­pó­lios e das grandes po­tên­cias.

Para o di­ri­gente co­mu­nista, Por­tugal deve di­ver­si­ficar as suas re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais e de­fender e afirmar a sua so­be­rania na­ci­onal. Esta, em tempo de cons­tran­gi­mentos e im­po­si­ções da UE contra países como Por­tugal, é um «ele­mento fun­da­mental do di­reito do povo por­tu­guês de de­cidir do seu des­tino». O País pre­cisa de pro­dução e em­prego, mas o Go­verno ca­na­liza mi­lhares de mi­lhões de euros todos os anos para pagar a dí­vida e o ser­viço da dí­vida.

A quarta per­gunta, co­lo­cada pelo pre­si­dente do CNJ re­feriu-se às elei­ções le­gis­la­tivas de 2019 e às pri­o­ri­dades do PCP para a pró­xima le­gis­la­tura, so­bre­tudo no que diz res­peito à ju­ven­tude. Je­ró­nimo de Sousa apontou como al­gumas das mais im­por­tantes o com­bate à pre­ca­ri­e­dade, a abo­lição das pro­pinas, o re­forço da acção so­cial es­colar, o fim dos exames na­ci­o­nais e do nu­merus clausus no acesso ao En­sino Su­pe­rior, a de­fesa do mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo e a va­lo­ri­zação do En­sino Po­li­téc­nico.

Já antes tinha va­lo­ri­zado o que se al­cançou nos úl­timos anos, no­me­a­da­mente o início do com­bate à pre­ca­ri­e­dade, o con­ge­la­mento das pro­pinas, a dis­tri­buição gra­tuita de ma­nuais es­co­lares, o alar­ga­mento do abono de fa­mília e dos apoios ao ar­ren­da­mento jovem, a re­dução do IVA dos ins­tru­mentos mu­si­cais, a pos­si­bi­li­dade de apre­sen­tação de teses em for­mato di­gital e a re­po­sição do apoio às vi­sitas de es­tudo para es­tu­dantes do es­calão B. Sobre a cons­trução e re­qua­li­fi­cação de re­si­dên­cias uni­ver­si­tá­rias, o PCP propôs a do­tação de verbas para este fim, chum­bada pelo voto contra do PS e a abs­tenção de PSD e CDS.

Je­ró­nimo de Sousa res­pondeu ainda a ques­tões re­la­ci­o­nadas com as ca­rên­cias ma­te­riais e hu­manas das es­colas e a de­ser­ti­fi­cação do In­te­rior, de­fen­dendo mais in­ves­ti­mento pú­blico e de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico. À úl­tima questão – «se vol­tasse atrás o que diria ao Je­ró­nimo de Sousa de 25 anos?» –, o di­ri­gente co­mu­nista res­pondeu com um «valeu a pena fa­zeres essas op­ções!».

De­mo­cracia e re­a­li­zação

«Par­ti­cipem, in­ter­ve­nham, lutem»: foi este o apelo que Je­ró­nimo de Sousa lançou aos jo­vens que acom­pa­nhavam o de­bate, va­lo­ri­zando o papel de­ci­sivo da par­ti­ci­pação e in­ter­venção po­pu­lares na trans­for­mação da re­a­li­dade. A par­ti­ci­pação po­lí­tica não passa apenas pela As­sem­bleia da Re­pú­blica ou de­mais ór­gãos de poder po­lí­tico, acres­centou, ela faz-se também na es­cola, na uni­ver­si­dade, na em­presa, no mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo.

«Não re­duzam a de­mo­cracia à sua di­mensão ins­ti­tu­ci­onal», pediu, lem­brando que o re­gime de­mo­crá­tico ins­ti­tuído com a Re­vo­lução de Abril tem uma com­po­nente re­pre­sen­ta­tiva e outra par­ti­ci­pa­tiva. «Li­guem-se à vida e aos pro­blemas, lutem para que eles sejam ul­tra­pas­sados e verão que se sentem pro­fun­da­mente re­a­li­zados», con­cluiu.




Mais artigos de: PCP

Orçamento com novos avanços mantém limitações estruturais

ANÁLISE A pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado apre­sen­tada no dia 15 in­clui novas me­didas po­si­tivas, ao mesmo tempo que é mol­dada por op­ções cen­trais que li­mitam e im­pedem a res­posta aos pro­blemas do País, re­alça o PCP.

Jerónimo de Sousa no distrito do Porto

REFORÇO An­te­ontem, 16, o Se­cre­tário-geral do PCP es­teve na fre­guesia de Banho e Car­va­lhosa, Marco de Ca­na­veses, que a CDU con­quistou pela pri­meira vez nas úl­timas elei­ções au­tár­quicas.

PCP solidário com populações atingidas pela tempestade Leslie

O PCP expressou a sua solidariedade às populações afectadas pela tempestade do passado dia 13 através de um comunicado do seu Gabinete de Imprensa, no qual releva a dimensão dos prejuízos causados, «particularmente em explorações agrícolas, em edifícios e infraestruturas, mas também aos impactos sociais que eles...

Revolução tecnológica debatida em Évora

RE­FLEXÃO In­se­rido nas co­me­mo­ra­ções do se­gundo cen­te­nário do nas­ci­mento de Karl Marx, que se as­si­nala este ano, o PCP pro­moveu um co­ló­quio em Évora sob o lema «Tra­balho e Re­vo­lução Tec­no­ló­gica».

Mais do que ministros importam as opções

«Com ou sem remodelação, o que verdadeiramente importa é que a política do Governo responda aos problemas que estão colocados ao País.» Foi desta forma que o PCP reagiu, no dia 14, à remodelação do Governo decidida pelo Primeiro-ministro, na sequência da demissão do ministro da Defesa, que acabou por envolver também os...

Pantominices orçamentais

Informação e desinformação convivem diariamente nos media dominantes. Quando se aproximam momentos como a entrega do Orçamento do Estado, a segunda tende a sobrepor-se à primeira, subvertendo a missão dos órgãos de comunicação social. Tem sido assim nos últimos dias e semanas, de forma geral no sentido da desvalorização...