Grande greve na Administração Pública reforça justas exigências dos trabalhadores

REI­VIN­DICAÇÃO A luta dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica por au­mentos sa­la­riais, car­reiras pro­fis­si­o­nais e ou­tros im­por­tantes di­reitos, vai ter novo ponto alto na ma­ni­fes­tação de 15 de No­vembro.

Os sin­di­catos in­sistem em ne­go­ciar para 2019 au­mentos sa­la­riais

A greve de 26 de Ou­tubro, com um nível médio de adesão es­ti­mado em cerca de 85 por cento, e com for­tís­simo im­pacto nos sec­tores da Edu­cação, Saúde, Ad­mi­nis­tração Cen­tral e au­tar­quias lo­cais, foi uma das mai­ores dos úl­timos anos.

Esta ava­li­ação foi feita em con­fe­rência de im­prensa, ao final da manhã da pas­sada sexta-feira, pela co­or­de­na­dora da Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica. Se­gundo Ana Avoila, a adesão à greve na­ci­onal veio mos­trar que os tra­ba­lha­dores têm uma per­cepção muito maior do que re­pre­senta a de­gra­dação con­ti­nuada dos seus sa­lá­rios, que foram ac­tu­a­li­zados pela úl­tima vez em 2009.

Os sin­di­catos da Frente Comum (da CGTP-IN ou sem fi­li­ação em cen­trais) vão mo­bi­lizar os tra­ba­lha­dores para que de novo de­mons­trem o seu des­con­ten­ta­mento no dia 15 de No­vembro, na ma­ni­fes­tação na­ci­onal con­vo­cada para Lisboa pela In­ter­sin­dical. Ana Avoila sa­li­entou que a luta vai con­ti­nuar até que o Go­verno res­ponda às rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores, que vão também ao en­contro das ne­ces­si­dades de me­lho­ra­mento dos ser­viços pú­blicos.

A par de au­mentos sa­la­riais de 60 euros, para ven­ci­mentos até 1500 euros, e de quatro por cento, para re­mu­ne­ra­ções-base de valor su­pe­rior, com ga­rantia de que o sa­lário mí­nimo passe a ser de 650 euros, a Frente Comum des­tacou as rei­vin­di­ca­ções de 35 horas, como du­ração normal do tra­balho, para todos; des­con­ge­la­mento efec­tivo e não fa­seado das pro­gres­sões, con­tado todo o tempo de ser­viço; fim da pre­ca­ri­e­dade; di­reito a apo­sen­tação sem cortes; fim da trans­fe­rência de com­pe­tên­cias do Es­tado para os mu­ni­cí­pios.

As in­for­ma­ções avan­çadas na con­fe­rência de im­prensa con­fir­maram o que fora sa­li­en­tado nou­tros con­tactos com os jor­na­listas, desde as pri­meiras horas da greve, junto aos SIMAR, no Juncal (Loures) e na en­trada do Hos­pital de São José, em Lisboa. Também sin­di­catos dos di­versos sec­tores pu­bli­caram in­for­ma­ções mais de­ta­lhadas sobre a luta.

Na es­ma­ga­dora mai­oria das grandes uni­dades hos­pi­ta­lares apenas fun­ci­o­naram os ser­viços mí­nimos, fi­cando os de­mais ser­viços en­cer­rados (como as con­sultas ex­ternas), re­gis­tando-se ainda ní­veis ele­vados de adesão nas uni­dades lo­cais de Saúde.

Não abriram ou es­ti­veram sem ac­ti­vi­dade lec­tiva muitas cen­tenas de es­colas e jar­dins-de-in­fância da rede pú­blica, tal como vá­rios ser­viços da Ad­mi­nis­tração Cen­tral, com adesão pra­ti­ca­mente total em vá­rios lo­cais de aten­di­mento ao pú­blico. Foram re­fe­ridos ser­viços da Se­gu­rança So­cial e da Jus­tiça, do Ins­ti­tuto de Re­gistos e No­ta­riado (no Campus de Jus­tiça de Lisboa) e na Loja do Ci­dadão das La­ran­jeiras (também na ca­pital).

Es­ti­veram en­cer­rados, na área da Cul­tura, o Mos­teiro dos Je­ró­nimos e o Museu de Ar­que­o­logia.

Na Ad­mi­nis­tração Local, a greve teve es­pe­cial vi­si­bi­li­dade na não re­a­li­zação de ser­viços noc­turno e diurno de lim­peza ur­bana e re­colha de re­sí­duos só­lidos, em con­ce­lhos como Al­mada, Ama­dora, Ar­rai­olos, Bar­reiro, Évora, Loures e Odi­velas, Moita, Pal­mela, Seixal, Se­simbra, Se­túbal e Sines. Nestes sec­tores, foram re­gis­tados ín­dices de adesão muito fortes em Coimbra (90 por cento), Lisboa (83 por cento), Sintra e Fun­chal (75 por cento). A greve levou ao en­cer­ra­mento de edi­fí­cios de câ­maras e ser­viços mu­ni­ci­pa­li­zados, afec­tando ainda as­so­ci­a­ções de bom­beiros e em­presas mu­ni­ci­pais e in­ter­mu­ni­ci­pais.

A Frente Comum, que con­vocou esta greve, a que se as­so­ci­aram ou­tras es­tru­turas, exige que o Go­verno vá para lá dos si­mu­la­cros de ne­go­ci­ação, como Ana Avoila ca­rac­te­rizou as reu­niões re­a­li­zadas antes da apre­sen­tação do Or­ça­mento do Es­tado na AR, e apre­sente uma pro­posta de ac­tu­a­li­zação sa­la­rial.

No mesmo sen­tido se pro­nun­ciou o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN. Ar­ménio Carlos, que es­teve com ou­tros di­ri­gentes junto de al­guns pi­quetes na ma­dru­gada e na manhã da greve, in­sistiu em re­jeitar o ar­gu­mento de que não há di­nheiro para au­mentar sa­lá­rios, uma vez que no Or­ça­mento muitos mi­lhares de mi­lhões de euros con­ti­nuam a estar des­ti­nados a des­pesas com par­ce­rias pú­blico-pri­vado, com o sector fi­nan­ceiro e com os en­cargos da dí­vida.


PCP so­li­dário com a luta

«O PCP está so­li­dário com a justa luta dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, por mais e me­lhores sa­lá­rios, pela va­lo­ri­zação das car­reiras, pelo di­reito a pro­gredir nas car­reiras, pelo re­co­nhe­ci­mento do tempo in­te­gral do ser­viço pres­tado, pela re­po­sição dos dias de fé­rias, pelo pa­ga­mento in­te­gral das horas ex­tra­or­di­ná­rias», de­clarou João Fer­reira, membro do Co­mité Cen­tral do Par­tido e de­pu­tado no Par­la­mento Eu­ropeu.

«Tudo isto são rei­vin­di­ca­ções pre­sentes nesta luta, rei­vin­di­ca­ções justas, que têm de in­te­grar um ob­jec­tivo mais geral de va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, que é, para o PCP, um eixo es­sen­cial da po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda que pro­pomos ao povo por­tu­guês», con­cluiu, na breve de­cla­ração pres­tada ao fim da manhã, junto do pi­quete de greve na Es­cola Mar­quesa de Alorna, em Lisboa, e pu­bli­cada no sítio do Par­tido na In­ternet, no dia 26.

Com os di­ri­gentes sin­di­cais e ou­tros tra­ba­lha­dores em greve es­ti­veram, na noite de quinta-feira e ma­dru­gada de sexta, os de­pu­tados An­tónio Fi­lipe (nas ins­ta­la­ções dos SIMAR, em Loures) e Du­arte Alves (no Hos­pital de São José, em Lisboa).

 

 



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