Apresentação da diploma do PCP de Lei de Bases da Política de Saúde

Retomar princípios centrais do SNS

Abor­dando em con­creto os prin­cí­pios que sub­jazem à pro­posta do PCP de Lei de Bases da Po­lí­tica de Saúde – e e que a di­fe­ren­ciam das pro­postas de ou­tros par­tidos - , Carla Cruz si­na­lizou desde logo o facto de ela ga­rantir o di­reito à saúde e de atri­buir ao Es­tado a res­pon­sa­bi­li­dade pelo ga­rante do cum­pri­mento desse di­reito cons­ti­tu­ci­onal através do SNS.

Di­reito que exige à ca­beça que seja o Go­verno a de­finir a po­lí­tica de saúde (com âm­bito na­ci­onal), que res­peite com­pro­missos in­ter­na­ci­o­nais as­su­midos pelo Es­tado por­tu­guês e ori­en­ta­ções da OMS e que re­co­nheça o «im­pacto que as po­lí­ticas sec­to­riais têm na saúde», dado que esta é «pro­duto da re­lação di­a­léc­tica entre os in­di­ví­duos e as suas cir­cuns­tân­cias ma­te­riais». Daí que a pro­posta co­mu­nista as­sente numa «abor­dagem trans­dis­ci­plinar que exige op­ções go­ver­na­tivas que co­lo­quem a saúde no centro de todas as po­lí­ticas», es­cla­receu a par­la­mentar co­mu­nista, jus­ti­fi­cando a razão pela qual o PCP ad­voga que, além do mi­nis­tério da Saúde, ou­tros or­ga­nismos e en­ti­dades das mais di­versas áreas te­nham uma pa­lavra a dizer em ma­téria de pro­moção da saúde e de­fi­nição dos cui­dados de saúde a prestar.

Po­lí­tica de saúde que deve ainda as­sentar no «pla­ne­a­mento em re­cursos hu­manos, ma­te­riais, tec­no­ló­gicos e fi­nan­ceiros e na mo­ni­to­ri­zação de de­sem­penho de forma com­pleta, in­te­grada e dis­cri­mi­nada ade­quando-o às ne­ces­si­dades iden­ti­fi­cadas e às aqui­si­ções do pro­gresso ci­en­tí­fico e tec­no­ló­gico», sus­tentou a par­la­mentar do PCP.

Fim à pro­mis­cui­dade

É tendo pre­sente este quadro de va­lores e re­fe­rên­cias que a pro­posta co­mu­nista põe termo à pro­mis­cui­dade entre o pú­blico e o pri­vado, atri­buindo ao Es­tado o papel de fi­nan­ci­ador, de pres­tador e re­gu­lador e não um Es­tado que vire costas às suas res­pon­sa­bi­li­dades por via da trans­fe­rência de atri­bui­ções, com­pe­tên­cias e re­cursos para ter­ceiros, de­sig­na­da­mente para os grandes grupos pri­vados.

«Na nossa pro­posta não há lugar para par­ce­rias pú­blico-pri­vadas (PPP), para en­ti­dades pú­blicas em­pre­sa­riais (EPE), e por isso in­tegra a ex­tinção das uni­dades de saúde que fun­ci­onam nesses re­gimes, adi­antou Carla Cruz, re­le­vando esse outro as­pecto que in­di­vi­du­a­liza o texto do PCP: a gestão pú­blica das uni­dades de saúde.

O re­tomar dos prin­cí­pios fun­da­dores do SNS – o seu ca­rácter uni­versal, geral e gra­tuito – é outro traço dis­tin­tivo no di­ploma co­mu­nista. Trata-se, no fim da contas, de ga­rantir que a todos são pres­tados de forma gra­tuita cui­dados de saúde «sem dis­cri­mi­na­ções, em con­di­ções de dig­ni­dade e de igual­dade», e por isso o PCP de­fende a abo­lição das taxas mo­de­ra­doras e, por outra parte, a alo­cação de verbas através do OE im­pres­cin­dí­veis ao seu fun­ci­o­na­mento, mo­der­ni­zação e me­lhoria.

Gestão pú­blica e de­mo­crá­tica

A au­to­nomia ad­mi­nis­tra­tiva e fi­nan­ceira das en­ti­dades e es­ta­be­le­ci­mentos que com­põem o SNS, no quadro geral da gestão pú­blica des­cen­tra­li­zada e par­ti­ci­pada, é outra marca de água do di­ploma co­mu­nista, tal como é a gestão de­mo­crá­tica, as­sente na eleição pelos pares do di­rector clí­nico, de en­fer­magem e dos re­pre­sen­tantes de ou­tros pro­fis­si­o­nais de saúde. Nesse sen­tido, re­feriu Carla Cruz, é eli­mi­nado o mo­delo de no­me­ação para os ór­gãos de gestão e di­recção dos es­ta­be­le­ci­mentos e ser­viços do SNS.

Re­alce ainda para o res­peito pelos tra­ba­lha­dores do SNS, outro ponto nodal no texto le­gis­la­tivo do PCP, onde se propõe que a po­lí­tica de re­cursos hu­manos sejas pau­tada pela pre­o­cu­pação de ga­rantir a exis­tência de pro­fis­si­o­nais em nú­mero ade­quado à sa­tis­fação das ne­ces­si­dades da po­pu­lação, pela exis­tência de con­di­ções de tra­balho dignas e pela in­te­gração de todos os pro­fis­si­o­nais nas car­reiras e com re­mu­ne­ra­ções ade­quadas de forma a «va­lo­rizar o re­gime de tra­balho a tempo com­pleto e a de­di­cação ex­clu­siva ao SNS».



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