Jerónimo de Sousa no debate quinzenal com o primeiro-ministro

Ideia de «caos» é campanha contra SNS

Uma atenção par­ti­cular do líder co­mu­nista foi dada à cam­panha em curso contra o o SNS, que «visa em úl­tima aná­lise a sua des­truição», mo­vida por «forças po­lí­ticas que ad­vogam o pri­mado do ne­gócio na pres­tação de cui­dados de saúde».

«Pro­curam in­cutir nos por­tu­gueses a ideia de que o Es­tado fa­lhou na sua função cons­ti­tu­ci­onal de pres­tador de cui­dados de saúde, que se vive uma si­tu­ação de caos ge­ne­ra­li­zado e que, assim, é pre­fe­rível trans­ferir ainda mais uns mi­lhares de mi­lhões de euros para os grupos pri­vados, porque até fa­riam me­lhor e mais ba­rato», con­denou Je­ró­nimo de Sousa, ob­ser­vando que isso «nunca é dito aqui», numa alusão im­plí­cita às in­ter­ven­ções de PSD e CDS no Par­la­mento, lestos a dizer que a «si­tu­ação está mal mas a so­lução que têm é a pri­va­ti­zação».

«É pôr o ne­gócio a subs­ti­tuir o di­reito à saúde», ver­berou, lem­brando que aqueles par­tidos são, eles pró­prios, «grandes res­pon­sá­veis pela si­tu­ação criada».

«Pôs o dedo na fe­rida», res­pondeu An­tónio Costa, con­cor­dando com o líder co­mu­nista quanto à exis­tência de uma «cam­panha or­ques­trada» pelos par­tidos à di­reita do quadro po­lí­tico e por «grandes in­te­resses eco­nó­micos», através dos seus «ins­tru­mentos de pro­pa­ganda», para a «cri­ação da ideia de caos». Disse, aliás, achar cu­rioso nunca se ter visto uma «re­por­tagem de al­gumas ur­gên­cias de al­guns hos­pi­tais pri­vados, onde também as pes­soas se acu­mulam du­rante muito tempo para po­derem ser aten­didas».

Ad­mitiu, porém, que a ideia do caos «não é criada a partir do nada, parte de pro­blemas efec­tivos», re­co­nhe­cendo, por exemplo, que «há por­tu­gueses que aguardam há tempo de­mais pelas con­sultas a que têm di­reito, mo­mentos de rup­tura nos ser­viços de ur­gência, pro­fis­si­o­nais de saúde que têm con­di­ções de tra­balho mui­tís­simo di­fí­ceis, hos­pi­tais onde faltam equi­pa­mentos».

Anos de re­tro­cesso

Re­a­li­dade que «tem causas», frisou, adi­an­tando que uma delas é o «brutal de­sin­ves­ti­mento que existiu du­rante quatro anos», e que disse estar agora o Go­verno a «repor», em­bora re­co­nhe­cendo que «sem atingir os ní­veis de in­ves­ti­mento das dé­cadas an­te­ri­ores».

Neste quadro, para o chefe do Exe­cu­tivo, a «so­lução não é andar para trás, nem pri­va­tizar», passa sim pela «re­so­lução dos pro­blemas» - «re­for­çando o in­ves­ti­mento, o nú­mero de mé­dicos, en­fer­meiros, téc­nicos de di­ag­nós­tico, va­lo­ri­zando as suas car­reiras», es­miuçou -, e, si­mul­ta­ne­a­mente, por ter uma «ideia muito clara sobre os va­lores que têm de ser re­a­fir­mados na pró­xima lei de bases da po­lí­tica de saúde, com um SNS pú­blico, uni­versal e ten­den­ci­al­mente gra­tuito».



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