Greve de professores chega a LA
Cerca de 33 mil professores do distrito escolar de Los Angeles (LA), na Califórnia, decretaram, segunda-feira, o início de uma greve de duração indefinida pela redução do número de alunos por turna, um aumento salarial digno, a contratação de mais trabalhadores e a travagem da ânsia privatizadora do governo estadual. Contudo, e distintamente das recentes greves vitoriosas dos professores da Virgínia Ocidental, do Oklahoma ou do Arizona, esta é a primeira vez que a já chamada «onda grevista» fustiga uma praia do Partido Democrata (PD): do governo do Estado ao executivo camarário de LA, passando pela liderança do distrito escolar, todas as instâncias não-federais com responsabilidades na educação pública são controladas pelos democratas, com resultados iguais ou piores que os do Partido Republicano.
Embora a Califórnia seja o Estado mais rico de todos os cinquenta, é também o sétimo que menos investimento faz na educação pública. O Distrito Escolar Unificado de Los Angeles, onde se declarou a greve, é o segundo maior do país em número de alunos, mais de 600 mil, dos quais 80 por cento vivem abaixo do limiar da pobreza e o primeiro em número de alunos por turma, com salas de aulas a chegar aos 47 estudantes.
Durante o fim-de-semana os governantes democratas desdobraram-se em acções de propaganda e desinformação contra a luta dos professores, procurando mobilizar os incómodos causados às famílias contra os docentes e oferecendo aos grevistas um presente envenenado: um aumento salarial de 6 por cento e um tecto máximo de 39 alunos por turma. Mas todos os esforços de sabotar a greve foram em vão: não só o United Teachers Los Angeles, o sindicato que organizou a luta, rejeitou como «inadequada» a oferta do governo, como a manifestação que, segunda-feira, paralisou as principais artérias de LA, estava bem nutrida da solidariedade de pais e alunos.
Os professores em luta denunciaram que a falta de investimento público e a sobrelotação das salas de aula são parte de uma estratégia que visa, no imediato, a privatização da Escola Pública. O truque passa por disperder as condições materiais e humanas das escolas, denunciando simultaneamente a «insolvência» dos distritos escolares para depois entregar a educação às «charter»: escolas privadas totalmente autónomas no funcionamento mas frequentemente dependentes de dinheiros públicos e, portanto, altamente lucrativas.