Jerónimo de Sousa no debate quinzenal com o primeiro-ministro

Atrasos da Segurança Social mexem com a vida das pessoas

Em­bora ad­mita que é «ar­ris­cado» falar numa data pre­cisa, o pri­meiro-mi­nistro adi­antou que no final do pri­meiro se­mestre deste ano a Se­gu­rança So­cial po­derá re­cu­perar os 90 dias para res­ponder aos pe­didos de re­forma.

«Fica assim com­bi­nado. Vamos ver, de­pois, se isso se con­cre­tiza», re­agiu Je­ró­nimo de Sousa, para quem esta questão é «muito séria» e por isso quis saber que me­didas está o Go­verno a tomar para que os por­tu­gueses vejam sa­tis­feito os seus pe­didos num prazo ra­zoável, no má­ximo os três meses pre­vistos na lei.

«Dir-me-á que, en­tre­tanto, vão ser res­sar­cidos com re­tro­ac­tivos. Mas, en­tre­tanto, as pes­soas vivem de quê? Vivem do ar?», co­mentou o di­ri­gente má­ximo do PCP.

An­tónio Costa re­co­nheceu que a questão é «muito séria» e con­cordou que as «pes­soas não vivem de re­tro­ac­tivos, vivem do di­nheiro que re­cebem todos os meses para fa­zerem face às suas ne­ces­si­dades».

In­formou que o con­curso dos 200 novos fun­ci­o­ná­rios «está em curso» - mas «leva tempo», frisou -, re­fe­rindo, por outro lado, que foram to­madas me­didas para mi­tigar o pro­blema, «al­gumas de sim­pli­fi­cação», «li­nhas que re­tiram aten­di­mento», além do «re­forço de pes­soas por via de con­tra­tação tem­po­rária, de mo­bi­li­dade in­terna, do PREVPAP».

Gota de água

Sobre o pre­visto re­cru­ta­mento de 200 tra­ba­lha­dores (70 dos quais para a Caixa Na­ci­onal de Pen­sões)), o líder co­mu­nista con­si­derou tratar-se de uma «gota de água no oceano», as­si­na­lando, a este pro­pó­sito, que a vida veio com­provar a razão do PCP quando há seis meses disse, pe­rante as me­didas anun­ci­adas pelo Go­verno, que não re­sol­ve­riam os pro­blemas, uma vez que fal­tavam na al­tura 1500 tra­ba­lha­dores na Se­gu­rança So­cial em re­sul­tado da po­lí­tica de de­sin­ves­ti­mento de su­ces­sivos go­vernos.

Mi­nutos antes, Je­ró­nimo de Sousa re­cor­dara já que há seis meses, noutro de­bate quin­zenal, aler­tara para este pro­blema, tendo de­sig­na­da­mente cha­mado a atenção para as «enormes ca­rên­cias de meios hu­manos» na Se­gu­rança So­cial e para os «ina­cei­tá­veis tempos de es­pera e atrasos pe­rante as di­versas so­li­ci­ta­ções dos tra­ba­lha­dores, no­me­a­da­mente pe­didos de pen­sões».

Havia então tra­ba­lha­dores e suas fa­mí­lias que «es­pe­ravam 10, 11 e até 12 meses por res­posta a um pe­dido de re­forma, um pe­dido de pres­tação por morte ou com­ple­mento de de­pen­dência e meses também por um sim­ples re­que­ri­mento e até um sim­ples aten­di­mento», lem­brou o Se­cre­tário-geral do PCP, la­men­tando que, hoje, pas­sados seis meses, pouco ou nada tenha mu­dado.




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