«Não há dinheiro» mas houve 17 mil milhões para a banca e seus desmandos

ALENTEJO Cerca de um milhar de pessoas, comunistas ou amigos do Partido, confluiu para o Almoço Regional do Alentejo, no Centro de Negócios Transfronteiriço, em Elvas, forma de assinalar o 98.º aniversário do PCP.

Com PS, PSD e CDS o Alentejo andou sempre para trás

Jerónimo de Sousa, o Secretário-geral, depois de elogiar o trabalho e cumprimentar os camaradas da cozinha e das mesas, exclamou: «Estamos perante mais de 900 pessoas, num almoço confeccionado e servido por militantes comunistas. Aqui está a resposta a esses analistas que diagnosticam todos os dias a falência do nosso Partido. A esses, dou-lhes um conselho: mudem de vida!»

O Secretário-geram elegeu as eleições para o Parlamento Europeu (PE), a 26 de Maio, como fulcro da sua intervenção, muito aplaudida. O que está em causa nesse acto, sublinhou, «é sabermos se vamos ter no PE deputados que defendam os trabalhadores e o povo, como o farão os deputados da CDU, ou se vamos ter deputados que aceitem submeter o País às imposições da União Europeia (UE), como fizeram no passado e farão no futuro os deputados do PS, do PSD e CDS».

No que concerne à situação interna do País, realçou que nos dizem que não há dinheiro, «nem para os professores, nem para os enfermeiros, nem para as forças de segurança, nem para os funcionários da justiça». E, logo a seguir, a pergunta que se impunha: «Então, como é que encontraram agora 17 mil milhões de euros para entregar à banca e seus desmandos?».

A União Europeia das desigualdades

O primeiro candidato da CDU às eleições de Maio, João Ferreira, lembrou que os deputados comunistas, diferentemente dos outros, «têm apresentado milhares de alterações aos diplomas da UE que lesam os interesses» do povo e do País. Na verdade, frisou, «eles têm armas que nós não temos, mas não têm a firmeza que nos define, que nos impede de nunca defraudar, seja em que situação for, os interesses nacionais».

O candidato denunciou em seguida a UE, «que condenou Portugal e outros países da periferia do euro a duas décadas de estagnação e a um colossal endividamento», que «defende a desregulação laboral, a flexibilidade, a precariedade, o aumento da jornada de trabalho, o ataque à contratação colectiva, o aumento da idade de reforma e a contenção salarial». A mesma UE «das liberalizações e das privatizações dos serviços públicos, considerados económicos ditos de interesse geral, mas que com mais verdade se poderiam dizer de interesse para o grande capital».

Por isso, «está nas mãos cada um decidir com acerto nas eleições de 26 de Maio».

O Alentejo estagnou com o PS no Governo

«Ao contrário da propaganda dos dirigentes nacionais, regionais e locais do PS, a verdade é que sempre que o PS esteve no Governo, ao longo dos últimos 42 anos, só ou acompanhado pelo PSD ou CDS, o Alentejo estagnou ou andou para trás. Não será certamente com o foguetório e os anúncios de investimentos na região que alguma coisa se vai alterar», acusou Rogério Silva, da Direcção Regional do Alentejo e do Comité Central do PCP.

Este é o momento de exigir «a todo o Partido, a cada um de nós», um amplo trabalho de esclarecimento e mobilização para a luta pela ruptura com a política de direita e por uma política patriótica e de esquerda.

Já a dirigente da JCP Alma Rivera afiançou que este «é o Partido da juventude porque nele encontramos o exemplo de gerações e gerações de comunistas que dedicaram os seus verdes anos à luta pela liberdade e emancipação do nosso povo, deixando-nos um caminho que queremos continuar e ao qual diariamente se continuam a juntar novos construtores, alguns nascidos já no virar do milénio».

A jornada terminou com o tradicional corte do bolo de aniversário e os «parabéns» e antes das intervenções Roberto Cabral interpretou temas de José Afonso e outros autores.


Foi o PCP que forçou o apoio
ao hospital e à produção da Madeira

Jerónimo de Sousa, outros dirigentes, activistas, candidatos e militantes participaram num comício-festa, na passada sexta-feira, na Ribeira Brava, Madeira, para assinalarem o aniversário do Partido. Referindo-se ao ciclo eleitoral deste ano, o Secretário-geral garantiu que «os três deputados eleitos pela CDU para o Parlamento Europeu fizeram mais pela Madeira, defenderam mais a Madeira, do que a dúzia e meia de deputados do PS e do PSD que lá estão». O mesmo se passou na Assembleia da República, acrescentou, «onde foi pela mão do PCP que se garantiu o apoio ao novo hospital, ou as medidas de apoio à produção regional seja da sidra, seja do mel de cana».

Por sua vez, Ricardo Lume, candidato da CDU ao Parlamento Europeu, reafirmou que «dar mais força à CDU é reforçar a luta em defesa da produção regional, da valorização do trabalho e dos trabalhadores». E insistiu: «Dar mais força à CDU é garantir que existe no Parlamento Europeu quem defenda as ultraperiferias dentro das ultraperiferias, sejam elas geográficas, sociais ou laborais, pois existem partidos que na Europa se dizem muito preocupados com a condição da Madeira, como região ultraperiférica, mas quando estão a governar o País, a região ou as autarquias não dão qualquer resposta às ultraperiferias que existem dentro do nosso País e da nossa região.»

Seremos cada vez mais confrontados, previu, com uma brutal propaganda para fazer crer que a substituição do PS pelo PSD, a simples substituição do Albuquerque pelo Cafôfo, no essencial, não é mais do mesmo.

Edgar Silva, Coordenador Regional do PCP na Região Autónoma da Madeira, glosou a «dita alternância», que «seria o mesmo que alguém quisesse construir um edifício mudando os tijolos, trocando os blocos da velha casa, colocando-os apenas do avesso», e citou, com todo o a propósito, o poeta José Gomes Ferreira: Como se fosse possível – ó glória! ó ânsia! –/ construir um prédio/ mudando de vez em quando/ os mesmos tijolos do avesso.




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