Na Ucrânia, a segunda volta das eleições presidenciais, realizada no domingo, 21, confirmou as previsões e sondagens dando uma vitória expressiva a Vladímir Zelenski, de 41 anos, comediante, sem experiência anterior em cargos políticos.

O facto saliente desta eleição é a clara derrota do presidente Poroshenko, confirmando a ampla rejeição do desastroso curso político e económico dos últimos cinco anos, no seguimento do golpe de estado de 2014 da Maidan.

Zelenski ganhou popularidade na série televisiva «O servidor do povo», em que interpreta o papel de um professor de História convertido por acaso em presidente do país e que luta contra a corrupção. Fez a campanha eleitoral sobretudo nas redes sociais e aceitou participar num único debate com o seu adversário, a cinco dias da eleição, no estádio olímpico da capital.

O presidente cessante, Poroshenko – de direita, apoiado por grupos neonazis – declarou aceitar os resultados, já que o escrutínio decorreu, segundo ele, «de forma transparente e democrática», mesmo se mais de dois milhões de ucranianos que vivem na Rússia tenham sido impedidos de votar e a candidatura do Partido Comunista da Ucrânia tenha sido arbitrariamente bloqueada. O governo de Kiev, no quadro da sua política de hostilidade face à vizinha Rússia, proibiu observadores russos de acompanharem as eleições ucranianas.

Diversos deputados e ex-candidatos presidenciais sugeriram às autoridades de Kiev a proibição da saída de Poroshenko do país face à possibilidade de vir a ser processado por casos de corrupção, desvio de verbas e abuso do poder. O ainda presidente tornou-se, nos últimos anos, o símbolo da corrupção, do aprofundamento da guerra no Donbass e de um país fortemente empobrecido, com crescentes desigualdades sociais.

Quanto a Vladímir Zelenski, há quem coloque incertezas quanto às suas intenções de recuperar o domínio de Kiev sobre a região rebelde de Donbass e prosseguir os esforços de admissão da Ucrânia na União Europeia e na NATO.