Remover os obstáculos ao desenvolvimento do País

Por­tugal en­contra-se li­mi­tado nas suas pos­si­bi­li­dades de de­sen­vol­vi­mento, tanto pelas

im­po­si­ções e cons­tran­gi­mentos a que a União Eu­ro­peia e o euro o su­jeitam (aceites e de­fen­didos por PS, PSD e CDS e desde sempre fir­me­mente com­ba­tidos pelo PCP) como pelo con­se­quente papel su­bal­terno e de­pen­dente a que a sua eco­nomia foi re­me­tida.

A par­ti­ci­pação de Por­tugal no pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista eu­ropeu in­seriu-se nos ob­jec­tivos da contra-re­vo­lução, ini­ciada em 1976 com o pri­meiro go­verno cons­ti­tu­ci­onal, li­de­rado por Mário So­ares, apos­tada na res­tau­ração do ca­pi­ta­lismo mo­no­po­lista e na des­truição das mais avan­çadas con­quistas de Abril. O pro­jecto de de­sen­vol­vi­mento de­mo­crá­tico e so­be­rano con­sa­grado na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa foi in­ter­rom­pido e, em im­por­tantes as­pectos, re­ver­tido.

In­te­gração para servir
os po­de­rosos

A Co­mu­ni­dade Eco­nó­mica Eu­ro­peia e a União Eu­ro­peia deram co­ber­tura – quando não os im­pul­si­o­naram – a ob­jec­tivos cen­trais da po­lí­tica de di­reita le­vada a cabo por su­ces­sivos go­vernos de PS, PSD e CDS: pri­va­ti­zação de sec­tores bá­sicos e es­tra­té­gicos; aban­dono dos sec­tores pro­du­tivos; «ter­ci­a­ri­zação» e «fi­nan­cei­ri­zação» da eco­nomia; re­dução de sa­lá­rios e pen­sões; ataque a di­reitos la­bo­rais e so­ciais; «li­be­ra­li­zação» dos ser­viços pú­blicos e fun­ções so­ciais do Es­tado. Cada salto em frente na mal cha­mada «cons­trução eu­ro­peia» re­pre­sentou novas e mais graves li­mi­ta­ções à so­be­rania de países como Por­tugal, com con­sequên­cias sig­ni­fi­ca­tivas ao nível da es­tru­tura pro­du­tiva e nos di­reitos e bem-estar do povo.

O euro é disto exemplo maior. Adap­tado às ca­rac­te­rís­ticas de eco­no­mias como a alemã, cujos in­te­resses serve, a moeda única ar­rastou Por­tugal para uma es­tag­nação pro­lon­gada, com a eco­nomia a crescer em média 0,9 por cento ao ano. Re­corde-se que antes do euro o País crescia mais do que a média da União Eu­ro­peia; de­pois, passou a crescer bas­tante menos.

O Pacto de Es­ta­bi­li­dade, a Go­ver­nação Eco­nó­mica, o Tra­tado Or­ça­mental e a União Ban­cária são ou­tros ins­tru­mentos que agravam a su­bor­di­nação do País aos in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos e das grandes po­tên­cias da UE, im­pondo, in­ten­si­fi­cando e per­pe­tu­ando a ex­plo­ração e o ataque a di­reitos so­ciais e ser­viços pú­blicos, li­mi­tando se­ri­a­mente a ca­pa­ci­dade de os es­tados pro­mo­verem o seu de­sen­vol­vi­mento so­be­rano.

Factor de so­be­rania
e de­sen­vol­vi­mento

O po­de­roso sector pú­blico saído da Re­vo­lução de Abril – que in­cluía a banca e os se­guros, a energia, os trans­portes, as co­mu­ni­ca­ções e múl­ti­plos e di­ver­si­fi­cados ramos da in­dús­tria – foi quase na to­ta­li­dade des­man­te­lado, ven­dido ao des­ba­rato ou pura e sim­ples­mente des­truído pelos go­vernos da po­lí­tica de di­reita, a co­berto das re­gras e im­po­si­ções da CEE/​UE.

Áreas de­ter­mi­nantes da eco­nomia, que po­de­riam e de­ve­riam ala­vancar o de­sen­vol­vi­mento na­ci­onal, estão hoje ao ser­viço dos lu­cros e di­vi­dendos dos seus ac­ci­o­nistas, mai­o­ri­ta­ri­a­mente es­tran­geiros: são os seus in­te­resses, e não os do povo por­tu­guês e do País, que nor­teiam a ac­ti­vi­dade de al­gumas das mais im­por­tantes em­presas. A banca é, a este pro­pó­sito, um caso exem­plar. Quanto a al­gumas ac­ti­vi­dades in­dus­triais fun­da­men­tais, já nem se­quer existem em Por­tugal. Na agri­cul­tura e nas pescas, a si­tu­ação é igual­mente dra­má­tica: mi­lhares de ex­plo­ra­ções agrí­colas su­cum­biram às mãos da Po­lí­tica Agrí­cola Comum e a frota pes­queira so­freu golpes vi­o­lentos.

Todos estes fac­tores con­correm para que Por­tugal tenha hoje um apa­relho pro­du­tivo pro­fun­da­mente de­bi­li­tado, dé­fices es­tru­tu­rais sig­ni­fi­ca­tivos aos ní­veis pro­du­tivo, ener­gé­tico, ali­mentar, tec­no­ló­gico e de­mo­grá­fico e uma dí­vida pú­blica e ex­terna que, só em juros, con­some anu­al­mente qual­quer coisa como sete mil mi­lhões de euros (35 mil mi­lhões até 2020).

Re­tro­cessos, avanços
e rup­turas ne­ces­sá­rias

Nos cha­mados «anos da troika», que no es­sen­cial cor­res­pondem aos do go­verno PSD-CDS (2011-2015), a UE mos­trou aber­ta­mente ao que vinha. A cha­mada «po­lí­tica de aus­te­ri­dade» foi na ver­dade, como o PCP bem ca­rac­te­rizou, uma ver­da­deira po­lí­tica de brutal ataque a di­reitos, con­cen­tração da ri­queza e saque dos re­cursos na­ci­o­nais. O «Pacto de Agressão» im­posto pelo FMI e UE, e aceite por PS, PSD e CDS, de­la­pidou o País e em­po­breceu o povo, ao mesmo tempo que crescia a ri­queza acu­mu­lada por al­guns. O dé­fice e a dí­vida, cuja re­dução era apre­sen­tada como jus­ti­fi­cação para todos os «sa­cri­fí­cios», não ces­saram de au­mentar.

Na sequência da der­rota da co­li­gação PSD-CDS em Ou­tubro de 2015, ven­cida por quatro anos de po­de­rosas lutas de massas e pela firme acção do PCP, abriu-se a pos­si­bi­li­dade de re­cu­perar sa­lá­rios e ren­di­mentos e con­quistar novos e im­por­tantes di­reitos, as­su­midos ao ar­repio das ori­en­ta­ções da UE e por esta cri­ti­cados. Ao con­trário do que du­rante anos muitos afir­maram, e como o PCP sempre disse, o País crescia com o povo a viver me­lhor.

Mas a re­cusa do Go­verno mi­no­ri­tário do PS em con­frontar os in­te­resses do grande ca­pital (indo, pelo con­trário, ao seu en­contro em ques­tões cen­trais) e as im­po­si­ções da União Eu­ro­peia im­pedem a re­so­lução dos graves pro­blemas do País. Apesar dos avanços al­can­çados, em be­ne­fício de mi­lhões de por­tu­gueses e con­cre­ti­zados graças à luta dos tra­ba­lha­dores e do povo e à acção do Par­tido, mantêm-se op­ções fun­da­men­tais da po­lí­tica de di­reita que con­duziu o País à de­pen­dência e à sub­missão.

A res­posta aos pro­blemas es­tru­tu­rais com que Por­tugal se con­fronta tem de ser, ela mesma, es­tru­tural.


  • Desde que está no euro, Por­tugal passou a ser dos países que menos cresceu no mundo. Dos 193 países da ONU, 180 cres­ceram mais do que Por­tugal

  • A dí­vida pú­blica passou de 50% para 121,5% do PIB desde a adesão ao euro

  • Em 2017, o dé­fice co­mer­cial ali­mentar por­tu­guês atingiu quase quatro mil mi­lhões de euros. É na pesca que este dé­fice é mais acen­tuado

  • Entre a adesão à CEE (1986) e 2017, a pro­dução agrí­cola caiu 44 por cento

  • O peso da in­dús­tria na ri­queza criada passou de 27% em 1986 para 13% em 2017

  • 700 mil hec­tares de pro­du­ções agrí­colas foram aban­do­nados desde a en­trada na CEE

  • De 1986 e 2017, o total de em­bar­ca­ções de pesca re­duziu-se 56% e o nú­mero de pes­ca­dores caiu 58%

  • A pro­dução de ce­reais caiu, desde a en­trada do País na CEE, 85%




Mais artigos de: Eleições PE

No Parlamento Europeu, defender o povo e o País

Democracia e soberania nacional são, cada vez mais, condições essenciais e indissociáveis de uma alternativa progressista, tanto para Portugal como para a Europa. Não é possível aos povos decidirem livremente o seu caminho de desenvolvimento desprovidos dos instrumentos políticos e económicos...

Um processo de integração ao serviço dos poderosos

Na vida social, é sabido, todos os fenómenos têm uma determinada natureza e objectivos, sejam eles mais ou menos visíveis. Como o PCP desde sempre alertou, a União Europeia é um instrumento de dominação política e económica dos monopólios e das grandes potências que os servem. A «democracia»,...

Por uma Europa dos trabalhadores e dos povos

Se há facto que a História sobejas vezes comprovou é que não existem realidades imutáveis e caminhos de sentido único. As alternativas existem sempre e a sua concretização depende da existência de forças capazes de as construir. No centro da acção dos deputados eleitos pela CDU no Parlamento...

O voto que conta para melhorar as condições de vida e responder aos problemas do País

A menos de um mês das elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu (PE) é com grande de­ter­mi­nação e con­fi­ança que a CDU en­frenta esta ba­talha e de­sen­volve a sua cam­panha de es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação. Para tanto não faltam ra­zões, desde logo pelo in­com­pa­rável pa­tri­mónio de tra­balho dos de­pu­tados co­mu­nistas eleitos pela CDU em de­fesa dos in­te­resses do povo e do País, mas também pelo seu pro­jecto dis­tin­tivo igual­mente sem pa­ra­lelo por um Por­tugal so­be­rano e de­sen­vol­vido, de pro­gresso e jus­tiça so­cial. É tudo isso que emana desta en­tre­vista con­ce­dida ao Avante! por João Fer­reira, 1.º can­di­dato da lista da CDU às elei­ções para o PE.

Candidatos da CDU às eleições para o Parlamento Europeu

João Ferreira 40 anos, biólogo Deputado no PE, vereador na Câmara Municipal de Lisboa, vice-presidente da Delegação Assembleia Parlamentar Paritária África, Caraíbas e Pacífico – UE, membro efectivo e coordenador para o Grupo Confederal GUE/NGL da Comissão das Pescas do PE. Membro do Comité Central do PCP.   Sandra...

Dar força a um rumo de progresso e soberania

Os comunistas e os seus aliados na CDU batem-se por uma política alternativa capaz de assegurar o desenvolvimento do País e a valorização dos direitos e condições de vida dos trabalhadores e do povo. O resgate da soberania nacional assume, nesta matéria, uma importância decisiva: libertar o...

Acção ímpar ao serviço do povo e do País

A in­ter­venção dos de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu é um pa­tri­mónio ini­gua­lável que não teme com­pa­ra­ções com qual­quer outra força po­lí­tica.

CDU é o voto decisivo para avançar

A 26 de Maio serão eleitos os 21 deputados portugueses que, nos próximos cinco anos, se sentarão no Parlamento Europeu. Ao contrário do que alguns poderão, erradamente, pensar, Bruxelas e Estrasburgo não são «lá longe»; pelo contrário, é cada vez mais decisiva a influência da UE e das suas instituições, com as suas...