Voto útil para quê?

Manuel Rodrigues

Numa ini­ci­a­tiva de cam­panha, o pri­meiro can­di­dato do PSD pro­feriu de­cla­ra­ções que dei­xaram as can­di­da­turas do PS e CDS as­sa­nhadas. Disse aquele can­di­dato que o voto fora do PSD nestas elei­ções seria um voto fútil.

Ora, a questão que se deve co­locar é, desde logo: voto fútil, voto útil, para quê?

Pe­rante os in­te­resses que de­fendem, per­cebe-se a in­dig­nação do PS e CDS: então não têm sido tão úteis como o PSD ao pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista eu­ropeu? Al­guma vez in­ter­vi­eram, tal como o PSD, contra as im­po­si­ções da União Eu­ro­peia sobre Por­tugal, ou dei­xaram de con­vergir na total acei­tação da sub­missão ao euro (mesmo sa­bendo que o euro é um ins­tru­mento de do­mínio do ca­pital mo­no­po­lista e das po­tên­cias eu­ro­peias sobre a nossa eco­nomia)?

Al­guma vez vimos PS, PSD e CDS de­fen­derem a re­ne­go­ci­ação da dí­vida, fa­zerem pro­postas tendo em vista repor o apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal, re­cu­perar a agri­cul­tura e as pescas, rein­dus­tri­a­lizar o País, de­fender os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo?

Não, pelo con­trário, o que temos visto é a sua total con­ver­gência em tudo o que é útil ao grande ca­pital e aos seus ins­tru­mentos de do­mínio: sejam a UEM, o Tra­tado Or­ça­mental, o Se­mestre Eu­ropeu, a Go­ver­nação Eco­nó­mica, a União Ban­cária, o Pro­grama de Es­ta­bi­li­dade. Aceitam pas­si­va­mente a im­po­sição do dé­fice, de­fendem com o mesmo à von­tade as quotas e o fim das quotas con­forme o in­te­resse da UE em li­mitar a nossa pro­dução.

Por isso, nestas elei­ções, há uma se­gunda questão que é pre­ciso co­locar: qual é o voto ver­da­dei­ra­mente útil à de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País?

Não há dú­vida que o voto útil é o voto na CDU cujos de­pu­tados, como a vida vem mos­trando, in­tervêm, de forma com­ba­tiva e co­e­rente, em de­fesa dos in­te­resses na­ci­o­nais, por um Por­tugal de­sen­vol­vido e so­be­rano.

Há, então, uma ter­ceira questão que im­porta ter pre­sente: de quem de­pende que se dê mais força ao fim útil deste voto? De nós, de todos os que que­remos um Por­tugal com fu­turo, numa Eu­ropa dos tra­ba­lha­dores e dos povos.




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