Passe Família é conquista a defender e alargar

TRANS­PORTES Je­ró­nimo de Sousa va­lo­rizou an­te­ontem a en­trada em vigor, em Lisboa, do Passe Família, su­bli­nhando que ele re­pre­senta «mais um passo adi­ante nesse grande avanço que foi a re­dução do custo dos passes so­ciais».

Com o Passe Fa­mília, ne­nhum agre­gado pa­gará mais de 80 euros com os passes

Foi no in­ter­face de trans­portes pú­blicos do Cais do Sodré, em Lisboa, onde se cruzam com­boios, me­tro­po­li­tanos, barcos, au­to­carros e eléc­tricos, que o Se­cre­tário-geral do PCP re­alçou o sig­ni­fi­cado da me­dida que en­trou este mês em vigor, para a qual os co­mu­nistas foram de­ci­sivos: cerca de 100 mil fa­mí­lias de tra­ba­lha­dores da Área Me­tro­po­li­tana de Lisboa (AML) «vão en­con­trar aqui mais uma re­dução nos custos dos trans­portes, com todas as con­sequên­cias que isto terá», afirmou.

De­pois de, em Abril, terem en­trado em vigor os novos passes, mais ba­ratos e abran­gentes, é a vez do Passe Família con­tri­buir de­ci­si­va­mente para o au­mento do ren­di­mento dis­po­nível das fa­mí­lias. Com esta me­dida, ne­nhum agre­gado fa­mi­liar pa­gará mais do que 80 euros por mês com as suas des­lo­ca­ções em trans­portes pú­blico no in­te­rior da AML.

Veja-se o exemplo de uma fa­mília de quatro pes­soas mai­ores de 12 anos que vivam em Se­túbal e todos os dias se des­lo­quem a Lisboa para tra­ba­lhar e es­tudar: até Março deste ano, esta fa­mília gas­tava 476,25 euros por quatro passes Fer­tagus entre as duas ci­dades e a partir de Abril, com a en­trada em vigor do passe único, passou a pagar 160 euros. Agora, com o Passe Família, pa­gará apenas 80. A ex­tensão desta me­dida a todo o País é um com­bate que a CDU as­su­mirá, ga­rantiu Je­ró­nimo de Sousa.

Lei «avan­ça­dís­sima»
Em de­cla­ra­ções aos jor­na­listas pre­sentes, Je­ró­nimo de Sousa su­bli­nhou o ca­rácter «avan­ça­dís­simo» das re­centes leis sobre os passes so­ciais, pelas quais o PCP e o PEV há muito se ba­tiam e que, du­rante muitos anos, con­taram com a opo­sição – ou in­di­fe­rença – das res­tantes forças po­lí­ticas. Para o di­ri­gente co­mu­nista, as van­ta­gens vão muito para além da pou­pança que per­mite nos or­ça­mentos fa­mi­li­ares, com toda a im­por­tância e sig­ni­fi­cado que isto tem: cons­ti­tuem também das me­didas «mais avan­çadas e mo­dernas na re­dução do car­bono e me­lhor am­bi­ente».

Nas de­cla­ra­ções do Se­cre­tário-geral do PCP e num do­cu­mento dis­tri­buído no local re­a­fir­mava-se o com­pro­misso de pugnar para que o fi­nan­ci­a­mento do passe so­cial não fique de­pen­dente da von­tade de um qual­quer go­verno, mas passe a estar con­sa­grado em lei da Re­pú­blica. O PCP apre­sentou um pro­jecto de lei neste sen­tido, que será dis­cu­tido e vo­tado na pró­xima le­gis­la­tura. Com esta me­dida pre­tende-se, como se lê no do­cu­mento, «tornar mais di­fícil qual­quer ten­ta­tiva de voltar atrás nesta tão im­por­tante e justa con­quista do povo por­tu­guês, ob­tida com muita luta, com de­ter­mi­nação e com a força dos utentes e da CDU».

Apesar do avanço sig­ni­fi­ca­tivo que estas me­didas cons­ti­tuem, a Co­li­gação PCP-PEV con­tinua a ter no ho­ri­zonte a gra­tui­ti­dade dos trans­portes pú­blicos.

Con­quistar o que falta
No plano par­ti­dário, nin­guém mais do que as forças que in­te­gram a CDU se batem há tanto tempo e de modo tão tenaz pelo alar­ga­mento da oferta de trans­portes pú­blicos e pela con­tra­tação dos tra­ba­lha­dores ne­ces­sá­rios à pres­tação de um ser­viço pú­blico de qua­li­dade. Só assim os avanços ve­ri­fi­cados ao nível dos passes so­ciais se farão sentir em toda a sua ple­ni­tude.

Assim, e para além de con­ti­nuar a lutar pela ex­tensão dos passes so­ciais in­ter­mo­dais mais ba­ratos e abran­gentes às re­giões onde estes ainda não vi­goram, a Co­li­gação PCP-PEV re­a­firma a exi­gência de alar­ga­mento da oferta de trans­portes pú­blicos – «mais com­boios, mais barcos, mais au­to­carros», como se lê no do­cu­mento dis­tri­buído –, a con­tra­tação de mais tra­ba­lha­dores para a EMEF, que de­verá voltar a fazer parte da CP, a co­lo­cação cé­lere ao ser­viço das po­pu­la­ções dos com­boios ac­tu­al­mente ava­ri­ados e a aber­tura de con­cursos para a aqui­sição de novos com­boios.

Com­pro­missos e pro­postas

No seu Pro­grama Elei­toral, o PCP apre­senta um con­junto de me­didas para o sector dos trans­portes e mo­bi­li­dade, as­sente na pre­do­mi­nância do sector pú­blico, com a re­versão de pri­va­ti­za­ções e o fim das par­ce­rias pú­blico-pri­vado.

Fi­xando o ob­jec­tivo da gra­tui­ti­dade dos trans­portes co­lec­tivos pú­blicos, o Par­tido quer con­cre­tizar no ime­diato, no âm­bito na­ci­onal e em todas as li­ga­ções inter-re­gi­o­nais, «as novas con­di­ções de mo­bi­li­dade e re­dução ta­ri­fária, já em vigor, com âm­bito de apli­cação a todos os modos de trans­porte e todos os ope­ra­dores, com um valor má­ximo de 30 no mu­ni­cípio e de 40 na re­gião». De­fende também, a con­cre­ti­zação de um «pro­grama de in­ves­ti­mento para o au­mento da oferta em quan­ti­dade e qua­li­dade, com ad­missão de tra­ba­lha­dores, aqui­sição, ma­nu­tenção e mo­der­ni­zação das frotas do ser­viço pú­blico de trans­portes, e uma po­lí­tica pú­blica de par­ques dis­su­a­sores que ar­ti­culem a oferta do trans­porte pú­blico e o trans­porte in­di­vi­dual».

Já o Par­tido Eco­lo­gista «Os Verdes», nos seus 10 com­pro­missos elei­to­rais, de­fende a pro­moção do de­sen­vol­vi­mento dos trans­portes co­lec­tivos», «pros­se­guindo o ca­minho de ga­rantir preços aces­sí­veis em todo o ter­ri­tório e ser­viços de qua­li­dade e de con­forto, ge­ridos por en­ti­dades pú­blicas». A re­a­ber­tura de li­nhas e ra­mais im­por­tantes para o de­sen­vol­vi­mento do In­te­rior e a com­ple­men­ta­ri­dade e in­ter­mo­da­li­dade dos trans­portes são ou­tras pro­postas do PEV.

 



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