Nos 74 anos de Hiroxima e Nagasáqui CPPC exige fim das armas nucleares

Quando passam 74 anos dos bom­bar­de­a­mentos nu­cle­ares norte-ame­ri­canos sobre as ci­dades ja­po­nesas de Hi­ro­xima e Na­ga­sáqui – ocor­ridos a 6 e 9 de Agosto de 1945 –, o Con­selho Por­tu­guês para a Paz e Co­o­pe­ração (CPPC) re­a­firma a ne­ces­si­dade e ur­gência de pôr fim a este tipo de ar­ma­mento.

A di­mensão do crime que cons­ti­tuiu o lan­ça­mento das bombas ató­micas sobre as ci­dades de Hi­ro­xima e Na­ga­sáqui fica, desde logo, ex­pressa no nú­mero de ví­timas e na bru­ta­li­dade dos seus efeitos: mais de 100 mil mortos no mo­mento das ex­plo­sões e ou­tros tantos até ao final de 1945, na sequência dos fe­ri­mentos; entre os so­bre­vi­ventes e seus des­cen­dentes, dis­parou a in­ci­dência de mal­for­ma­ções e do­enças on­co­ló­gicas, de­vido à ra­di­ação – re­a­li­dade que se sente ainda hoje, mais de sete dé­cadas de­pois dos acon­te­ci­mentos.

 O facto de estes bom­bar­de­a­mentos terem sido per­pe­trados sobre um Japão na prá­tica já der­ro­tado e sobre ci­dades sem im­por­tância mi­litar es­tra­té­gica só au­menta a bru­ta­li­dade do crime.

Na sequência do horror da II Guerra Mun­dial e dos bár­baros bom­bar­de­a­mentos ató­micos, o de­sar­ma­mento geral, si­mul­tâneo e con­tro­lado é, desde há mais de 70 anos, um ob­je­tivo cen­tral da ação de todos quantos, em Por­tugal e no mundo, de­fendem a paz e a se­gu­rança in­ter­na­ci­o­nais.

Re­cordar Hi­ro­xima e Na­ga­sáqui é, acima de tudo, «um grito de alerta para os riscos hoje exis­tentes: pela di­mensão e po­tência dos ac­tuais ar­se­nais nu­cle­ares, uma guerra nu­clear não se li­mi­taria a re­plicar o horror vi­vido em Hi­ro­xima e Na­ga­sáqui, antes o mul­ti­pli­caria por muito», afirma o CPPC, em co­mu­ni­cado do pas­sado dia 1.

Existem atu­al­mente cerca de 16 mil ogivas nu­cle­ares, a mai­oria das quais muito mais po­tentes do que as que ar­ra­saram as ci­dades ja­po­nesas em Agosto de 1945: destas, 15 mil estão em poder dos Es­tados Unidos da Amé­rica e Fe­de­ração Russa e as res­tantes nas mãos da França (300), China (270), Grã-Bre­tanha (215), Pa­quistão (120-130), Índia (110-120), Is­rael (80) e Re­pú­blica Po­pular De­mo­crá­tica da Co­reia (cerca de 10); ou­tros cinco países – Ale­manha, Bél­gica, Ho­landa, Itália e Tur­quia – aco­lhem armas nu­cle­ares dos EUA no seu ter­ri­tório. Os EUA têm ainda armas nu­cle­ares es­pa­lhadas pelo mundo, em cen­tenas de bases mi­li­tares, es­qua­dras na­vais e bom­bar­deiros.

Bas­taria que fosse uti­li­zada uma pe­quena parte das bombas nu­cle­ares exis­tentes para que toda a vida na Terra fi­casse se­ri­a­mente ame­a­çada. Para além dos mi­lhões de seres hu­manos que per­de­riam a vida em re­sul­tado das ex­plo­sões, uma guerra nu­clear pro­vo­caria igual­mente efeitos de­vas­ta­dores e pro­lon­gados no tempo sobre o am­bi­ente e a me­te­o­ro­logia. O cha­mado «In­verno Nu­clear» re­du­ziria dras­ti­ca­mente a du­ração dos pe­ríodos fér­teis de cres­ci­mento das plantas du­rante pro­lon­gados anos, po­dendo mesmo eli­miná-los, le­vando a maior parte dos seres hu­manos e de ou­tras es­pé­cies a su­cumbir à fome

Num tempo tão in­certo e pe­ri­goso, como aquele em que vi­vemos, no­me­a­da­mente quando os EUA têm pro­mo­vido a cor­rida aos ar­ma­mentos, in­cluindo nu­cle­ares, com passos como a sua re­ti­rada do Tra­tado de Forças Nu­cle­ares de Al­cance In­ter­médio e com de­cla­ra­ções re­centes do pre­si­dente Trump e ou­tros di­ri­gentes da sua Ad­mi­nis­tração, cri­ti­cando e co­lo­cando em causa a re­no­vação, em 2021, do Tra­tado de Re­dução de Armas Es­tra­té­gicas (New START), o CPPC «re­alça a ne­ces­si­dade de uma mais forte acção em prol da paz e do de­sar­ma­mento e re­a­firma a va­li­dade da exi­gência da adesão de Por­tugal ao Tra­tado de Proi­bição de Armas Nu­cle­ares». E re­a­firma que Por­tugal «deve as­sinar, ra­ti­ficar e pro­mover este Tra­tado, con­tri­buindo ac­ti­va­mente para um mundo livre de armas nu­cle­ares e para a paz».




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