Valeu a pena!

João Frazão (Membro da Comissão Política)

A des­peito dos que se põem em bico de pés para apa­recer no re­trato do devir co­lec­tivo, dirá a His­tória – quando for o tempo de a fazer – que o nosso Par­tido, o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, deu um con­tri­buto ini­gua­lável para a so­lução po­lí­tica saída das úl­timas elei­ções le­gis­la­tivas de 2015.

O PCP conta sempre para en­con­trar so­lu­ções a favor dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País

Foi por isso que ar­rostou, desde a pri­meira hora e com uma vi­o­lência e vi­ru­lência inu­si­tada, com uma brutal cam­panha as­sente na ma­ni­pu­lação, na men­tira, no si­len­ci­a­mento, na de­tur­pação do que somos, do que fa­zemos, do que de­fen­demos.

É tempo de fazer ba­lanço e res­ponder à per­gunta sa­cra­mental. Valeu a pena?

Valeu a pena, a 4 de Ou­tubro de 2015, pelas 21h, quando uns bai­xavam os braços, pe­rante um re­sul­tado que es­tava longe do que de­se­javam, e ou­tros davam finda a ba­talha, ine­bri­ados com o seu mo­mento, o PCP ter afir­mado que o PS só não for­maria go­verno se não qui­sesse?

Não vamos hoje falar aqui em por­menor dos avanços con­se­guidos pela luta dos tra­ba­lha­dores e pela de­ci­siva acção do PCP, de­ter­mi­nado que es­tava em não perder ne­nhuma opor­tu­ni­dade para repor, de­fender e con­quistar di­reitos. Se­riam pre­cisas muitas pá­ginas para os re­ferir exaus­ti­va­mente.

Que­remos su­bli­nhar três as­pectos cen­trais que se con­fir­maram a cada dia que passou e que ser­virão de im­por­tante ins­tru­mento para as ba­ta­lhas que aí vêm.

O pri­meiro é que foi o PCP e a luta dos tra­ba­lha­dores que con­duziu à der­rota so­cial do Go­verno PSD/​CDS e que con­firmou sua a der­rota elei­toral e os afastou do Go­verno do País. Foi a acção do PCP que pôs um travão no per­curso de de­sastre e re­tro­cesso que, ini­ciado pelos PEC do PS, teve um brutal agra­va­mento na con­cre­ti­zação do Pacto de Agressão em que PS, PSD e CDS ti­veram dis­tintas, mas im­por­tantes res­pon­sa­bi­li­dades.

E já não fa­la­remos do que im­pe­dimos, porque es­tava no pro­jecto que Passos, Portas e Cristas ti­nham para o País, de mais roubos, mais cortes nos di­reitos, mais des­truição das fun­ções so­ciais do Es­tado.

O se­gundo é que ficou de­mons­trado que, ao con­trário do que os co­men­ta­dores do cos­tume há dé­cadas di­ziam do PCP, este Par­tido conta sempre para en­con­trar so­lu­ções a favor dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País. E que é com estes que tem e mantém um in­que­bran­tável com­pro­misso, tra­du­zido em cada uma das me­didas pelas quais se bateu. Acção e per­sis­tência sem a qual não te­riam sido pos­sí­veis, seja porque o PS as re­cu­sasse à par­tida (bas­tará ver que não cons­tavam do seu Pro­grama), seja porque o BE se dispôs a dar-lhe co­ber­tura (o que se prova no au­mento do SMN aquém do ne­ces­sário e pos­sível e, em con­tra­ponto, dos au­mentos ex­tra­or­di­ná­rios das re­formas con­se­guidos pelo PCP).

A ter­ceira é que, che­gados aqui, fica claro que as elei­ções de 2015, exac­ta­mente como as que se re­a­li­zarão a 6 de Ou­tubro pró­ximo, não servem para de­cidir do pri­meiro mi­nistro, como agora de novo querem fazer crer, mas antes para de­cidir da re­lação de forças que se for­mará na As­sem­bleia da Re­pú­blica, a partir da qual, sairá o Go­verno do País e as suas op­ções.

E que, como fica evi­dente pela his­tória destes quase quatro anos, o que ver­da­dei­ra­mente conta é a força do PCP e da CDU.

Aquilo que cada um tem de pensar é se quer pôr em causa o que até aqui se al­cançou, jo­gando cada uma dessas con­quistas numa es­pécie de ro­leta onde se pode perder tudo, ou se, pelo con­trário, dando mais força à CDU, afir­mamos a de­ter­mi­nação em avançar, não apenas con­fir­mando essas con­quistas mas ga­ran­tindo novos passos numa po­lí­tica de de­sen­vol­vi­mento e de pro­gresso. E se as­se­gu­ramos me­lhores con­di­ções para o de­sen­vol­vi­mento da luta or­ga­ni­zada e con­se­quente, que será sempre a chave dos avanços que são ne­ces­sá­rios ao País, aos tra­ba­lha­dores e ao Povo!

E é pre­ciso que, agora, a cada eleitor seja co­lo­cada exac­ta­mente essa questão.




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