Determinados e a todo o vapor nos distritos de Santarém e Leiria
CONSOLIDAR Defender a floresta e melhores transportes públicos foram apontados pelo Secretário-geral do PCP, anteontem, 24, como exemplo da necessidade de se avançar com o reforço da CDU e dos riscos de se andar para trás.
Abrir outra perspectiva para o desenvolvimento do País
O dia terminou em Benavente, com centenas de apoiantes a lotar o Centro Cultural de Samora Correia, num comício que arrancou com o hino «Pelo sonho e pela razão» e fez «dançar» as cores da CDU.
Para «avançar» nos próximos quatro anos, Jerónimo de Sousa destacou o combate às «desigualdades e injustiças», colocando como imperativo «o aumento dos salários». Outra das propostas avançadas passa por «um País a produzir». «Há muito a fazer nesta região, onde estão presentes potencialidades de alargar a produção, nomeadamente de arroz, em que o défice da balança comercial já chega às 80 mil toneladas, tendo-se mesmo agravado», alertou, apresentando outra medida: «definição de um Programa Global visando o equilíbrio ecológico e a protecção da natureza e do ambiente».
A terminar, e num «tempo de opções decisivas», apelou ao voto de todos na Coligação PCP-PEV para «abrir esse caminho que urge».
António Filipe, primeiro candidato por aquele círculo, deu a conhecer outras prioridades: valorização das pensões e reformas, direito à saúde, maior investimento público no sector produtivo. Por outro lado, precisam ser revolvidos os problemas das travessias do Tejo e acessibilidades rodo e ferroviárias, que o PS, tal como antes PSD e CDS fizeram, impediu. Intervieram, ainda, Daniel Santos, da Juventude CDU, João Luíz Madeira Lopes e Sónia Colaço, do PEV.
Na sala estiveram, entre outros dirigentes e activistas, Manuela Pinto Ângelo e Carlos Gonçalves, respectivamente, do Secretariado e da Comissão Política do PCP.
Marinha Grande
Antes, a caravana da CDU esteve no Pinhal do Rei, na Marinha Grande, para observar que dois anos depois dos grandes incêndios que varreram grande parte da Mata Nacional de Leiria muito ou quase tudo continua por fazer, tal como acontecia antes do fogo. As responsabilidades recaem sobre o Governo do PS, mas também dos anteriores. Para agravar a situação, as plantas invasoras, como os eucaliptos, agravam o risco de incêndio num futuro próximo.
A iniciativa – que começou em Samouco e passou pela Ponte Nova – contou com a participação de HeloísaApolónia, primeira candidata pelo círculo eleitoral de Leiria. Ângelo Alves e João Frazão, da Comissão Política do PCP, integraram a vasta delegação.
Durante a visita, a primeira candidata defendeu a classificação da Mata de Leiria como Reserva da Biosfera. «O desinvestimento que foi feito ao longo dos anos gerou fragilidades neste património, que, depois, se traduziu numa mais frágil resposta em matéria dos incêndios florestais», lamentou, reclamando o reforço do investimento na Mata e a instalação de uma estação/laboratório nacional para a Mata Atlântica.
A CDU quer ainda ver instituído um Museu da Floresta, que «dê a conhecer esta riqueza patrimonial, natural, a sua importância no desenvolvimento das sociedades e para a sustentabilidade do território». «Propomos, igualmente, que haja espaços diferenciados de lazer, desportivos, culturais, para a população», disse Heloísa Apolónia, em Tremelgo, junto de uma casa de guarda-florestais abandonada, exemplo das muitas que ali existem (cerca de 50) e que o Estado agora quer concessionar.
Assinalando que a população daquelas regiões ainda tem o «coração a arder e a sangrar», Jerónimo de Sousa apontou como uma das primeiras causas para aquele desastre o corte de 150 milhões de euros de apoio à floresta, ainda no governo PSD-CDS, bem como a «insuficiência de meios». «Procurou-se mais explorar a madeira do que cuidar da Mata, o que é incompreensível», acrescentou.
No entanto, a Mata «é recuperável», sendo um investimento «no futuro, de defesa e protecção do ambiente», destacou o Secretário-geral do PCP.
Entroncamento
A primeira acção do terceiro dia de campanha foi nas instalações da EMEF, no Entroncamento, empresa especializada em manutenção de material circulante em Portugal, que continua a viver uma situação preocupante, em resultado de muitos anos de opções estratégicas erradas de sucessivos governos.
A integração da EMEF na CP, apenas anunciada para o próximo mês de Dezembro, e a integração de 120 novos trabalhadores foram dadas como exemplo da necessidade de se «avançar» e «não andar para trás».
Por iniciativa da CDU, foi também possível, entre outras medidas, recuperar o direito às concessões de transporte para os ferroviários; repor o primado da contratação colectiva no Orçamento do Estado para 2016; romper com o congelamento salarial que vigorava desde 2009.
Só não se foi mais longe por obstrução do PS, sendo o impedimento da entrada de trabalhadores o exemplo mais flagrante. As críticas estendem-se à escassez de investimento público.
«Há 20 anos que não se compra um comboio para os nossos caminhos de ferro» e continuam a existir «problemas estruturantes», como a «falta de material circulante», alertou Jerónimo de Sousa, que durante a visita, encontrou trabalhadores com mais de 45 anos de descontos, que não conseguem reformar-se por atrasos, de vários meses, nos serviços da Segurança Social. «Por três vezes, pelo menos, confrontei o primeiro-ministro em relação a essas demoras inaceitáveis. Na Segurança Social faltam mais de 1500 trabalhadores que poderiam dar resposta a estes e a outros problemas», salientou.
Na iniciativa participaram os candidatos António Filipe, João Luíz Madeira Lopes, Sónia Colaço, Ivo Santos e Júlia Amorim, bem como Diogo d’Ávila e Telma Jorge, dirigentes regionais do PCP.
Reverter a privatização da CP Carga, concretizar a reintegração da EMEF, integrar a Fertagus e reverter a fusão da REFER na IP são prioridades para a CDU, tal como o investimento na expansão, modernização e electrificação da rede ferroviária; adopção de um Plano Nacional para o Material Circulante; saneamento financeiro da CP; contratação de trabalhadores em falta, são algumas das propostas da CDU para a próxima legislatura.
Durante o périplo pelas instalações da EMEF, Jerónimo de Sousa recebeu das mãos de um trabalhador a manifestação de apoio à CDU por parte de 111 ferroviários. «Esta é a única força verdadeiramente comprometida com a valorização do trabalho e dos trabalhadores», assinala o documento.