Grande comício em Lisboa dá força à luta que continua

LUTA O co­mício do PCP re­a­li­zado na noite de sexta-feira pas­sada, 11, em Lisboa, foi uma exal­tante afir­mação de uni­dade, co­esão e força do co­lec­tivo par­ti­dário, de con­fi­ança nas suas forças, na força do seu pro­jecto e ideais, na força da luta or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores e do povo que todos os dias cons­trói pre­sente e se­meia fu­turo.

Temos um Par­tido como ne­nhum outro, com uma his­tória, força, va­lores e pro­jecto sem igual

Poucos dias de­pois de con­cluída a úl­tima das ba­ta­lhas de um ano es­pe­ci­al­mente exi­gente - «um ano de muitos com­bates e em muitas frentes», tra­vado sob «uma das mais fe­rozes, ar­ti­cu­ladas e me­to­di­ca­mente ur­didas cam­pa­nhas po­lí­ticas e ide­o­ló­gicas contra o PCP», como a ca­rac­te­rizou na sua in­ter­venção Je­ró­nimo de Sousa -, o que per­passou no Fórum Lisboa foi so­bre­tudo um es­pí­rito so­li­dário, fra­terno, de en­trega mi­li­tante e dis­po­ni­bi­li­dade, de ina­ba­lável con­fi­ança no Par­tido, nas suas ca­pa­ci­dades, na jus­teza da sua ori­en­tação. Mais, foi a par­tilha de uma ine­gável cer­teza: a da exis­tência de uma linha de rumo clara e co­e­rente, su­por­tada numa con­sis­tente in­ter­venção, com ini­ci­a­tivas, pro­postas e ob­jec­tivos bem de­fi­nidos.

Foi essa at­mos­fera que per­correu aquele es­paço lis­boeta e que foi in­ten­sa­mente vi­vida, desde o pri­meiro ao úl­timo mo­mento, pela massa de gente que o en­cheu a deitar por fora.

Em am­bi­ente que foi também, sempre, de ani­mação e ale­gria, sen­tidos desde que foi dado início ao mo­mento cul­tural e se sol­taram os pri­meiros sons dos ins­tru­mentos e voz dos «Cinco Ca­mi­nhos», grupo que cedo ar­rancou o forte aplauso da sala pela sua ex­ce­lente re­cri­ação de temas de au­tores con­sa­grados. Can­ções, al­gumas, abor­dando temas que per­ma­necem in­fe­liz­mente ac­tuais, como o «Cantar de emi­gração», ce­le­bri­zada por essa voz lím­pida e única que foi a de Adriano Cor­reia de Oli­veira.

E foi essa vi­bração e energia que se pro­longou de­pois no pe­ríodo das in­ter­ven­ções po­lí­ticas e que só ter­minou quando, de­pois de ou­vidos o «Avante ca­ma­rada», «A In­ter­na­ci­onal» e «A Por­tu­guesa», sob o on­dular de ban­deiras ver­me­lhas - como ver­melha era a tela de fundo a meio do palco onde es­tava ins­crito o lema «In­tervir, lutar, avançar» -, res­soou pela sala ainda mais forte o grito de «PCP, PCP» e de «A luta con­tinua».

Tra­balho não pára

Di­ri­gido por Te­resa Cha­veiro, do CC e do Exe­cu­tivo da DORL, na mesa do co­mício es­ti­veram, para além de Je­ró­nimo de Sousa, Se­cre­tário-geral do PCP, os mem­bros da Co­missão Po­lí­tica Ar­mindo Mi­randa e Fran­cisco Lopes (este também do Se­cre­ta­riado), Cláudia Va­randas e Mó­nica Men­donça (Co­missão Re­gi­onal de Lisboa e Di­recção Na­ci­onal da JCP), e os mem­bros do Exe­cu­tivo da DORL De­o­linda Santos, Luís Cai­xeiro, Luís Fer­nandes, Mar­tinho Bap­tista, Sofia Grilo, Paulo Loya e Mi­guel So­ares.

Coube a este úl­timo di­rigir-se à pla­teia para falar do que foi o in­tenso tra­balho re­a­li­zado no dis­trito de Lisboa e das ta­refas e de­sa­fios que os co­mu­nistas têm pela frente, num dis­curso re­cheado de in­for­mação de­ta­lhada e de onde res­saltou de forma clara a ideia de que sendo certo que é uma pri­o­ri­dade a aná­lise ao re­sul­tado das elei­ções du­rante as pró­ximas se­manas, através da re­a­li­zação de ple­ná­rios en­vol­vendo o maior nú­mero de mi­li­tantes e reu­nindo todos os or­ga­nismos, não é menos ver­dade que a in­ter­venção do Par­tido está longe de se es­gotar nesse plano (ver caixa). «Já nos pró­ximos dias es­ta­remos de novo nas em­presas e nos lo­cais de tra­balho, a bater-nos pelo es­cla­re­ci­mento, or­ga­ni­zação e luta dos tra­ba­lha­dores. Com a con­fi­ança que nos dá o nosso pro­jecto de cons­trução de outra so­ci­e­dade. Porque a nossa luta é justa, cá es­tamos, cá es­ta­remos, a in­tervir, a lutar, a avançar»», afi­ançou Mi­guel So­ares.

Par­tido sem igual

Acção e con­fi­ança que foram, de resto, tó­nicas do­mi­nantes ao longo de todo o co­mício e que, jus­ti­fi­ca­da­mente e em muito larga me­dida, marcou também a in­ter­venção de Je­ró­nimo de Sousa. «Sim, cá es­tamos! Com a força que nos dá a luta e com o nosso pro­jecto e ideal, com a nossa or­ga­ni­zação, in­ter­vindo lá onde pulsa a vida, onde existe a in­jus­tiça e a ex­plo­ração, to­mando a ini­ci­a­tiva que cor­res­ponda a an­seios e as­pi­ra­ções dos tra­ba­lha­dores e do povo», afirmou o Se­cre­tário-geral do PCP, a fi­na­lizar a sua in­ter­venção (ver págs 6 e 7). Não sem antes expor as ra­zões pelas quais essas são de facto pre­o­cu­pa­ções cen­trais do PCP, que ex­plicam as suas li­nhas de tra­balho e acção, e com isso o dis­tin­guem de todas as ou­tras forças po­lí­ticas.

«Temos um Par­tido como ne­nhum outro, com uma his­tória, força, va­lores e pro­jecto sem igual. Um Par­tido que está firme no seu ideal que nos guia. Um Par­tido que afirma e re­a­firma a sua na­tu­reza e iden­ti­dade co­mu­nista na con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, em rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, por uma de­mo­cracia avan­çada, por uma so­ci­e­dade nova, li­berta da ex­plo­ração e da opressão - o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo», su­bli­nhou Je­ró­nimo de Sousa.

Re­forço do Par­tido é pri­o­ri­dade es­sen­cial

A CDU re­a­lizou uma grande cam­panha elei­toral em todo o País, com o es­forço e em­penho dos seus apoi­antes e ac­ti­vistas, bem como das or­ga­ni­za­ções do Par­tido, e o dis­trito de Lisboa não fugiu à regra.

Uma forma de fazer cam­panha que é dis­tin­tiva e que as­sumiu as mais va­ri­adas formas e ini­ci­a­tivas. Trata-se de «prestar contas do tra­balho feito pelo Par­tido e ter le­gi­ti­mi­dade para re­ceber o voto dos tra­ba­lha­dores, porque po­demos dizer que es­ti­vemos sempre do seu lado», anotou Mi­guel So­ares.

Acção de es­cla­re­ci­mento e con­tacto que se de­sen­volveu nas «ruas, ter­mi­nais de trans­portes, à porta e dentro das em­presas». Foram mais de 420 as em­presas e lo­cais de tra­balho, es­pe­ci­ficou o membro do CC, re­al­çando o facto de tal di­nâ­mica ter per­mi­tido «con­tactar mi­lhares de pes­soas», dando si­mul­ta­ne­a­mente um «con­tri­buto in­dis­pen­sável para as­se­gurar votos e para ga­nhar muitos ou­tros novos votos, que vi­eram a nós pela pri­meira vez».

Cum­pridos que foram estes «longos meses de in­tensa ac­ti­vi­dade», pas­sado que está o dia 6 de Ou­tubro, Mi­guel So­ares ob­servou porém que o tra­balho não en­cerrou para os mi­li­tantes co­mu­nistas. Pelo con­trário, no ime­diato, as­se­verou, está já co­lo­cado o «re­gresso às em­presas e lo­cais de tra­balho» con­tac­tados du­rante a cam­panha elei­toral, bem como o dar «se­gui­mento aos pro­blemas co­lo­cados pelos tra­ba­lha­dores e pelas po­pu­la­ções», sem es­quecer o «le­van­ta­mento dos nomes» de quantos apoi­aram a CDU e com quem é «pre­ciso con­ti­nuar a tra­ba­lhar e, par­ti­cu­lar­mente, da­queles que podem vir a ser mi­li­tantes do Par­tido». Isto a par da busca de «so­lu­ções para re­forçar o PCP em todas as suas com­po­nentes, so­bre­tudo na sua or­ga­ni­zação e in­ter­venção po­lí­tica junto dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções».

Re­forço do Par­tido que não passou à margem do dis­curso de Je­ró­nimo de Sousa, para quem esse re­forço da or­ga­ni­zação é uma «pri­o­ri­dade es­sen­cial, em ar­ti­cu­lação com a sua ini­ci­a­tiva e in­ter­venção po­lí­tica». Mais, en­fa­tizou, «é a chave dos exi­gentes com­bates que temos pela frente».

 

 



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