Greves param indústria para que avancem os direitos

LUTA Nas uni­dades dos grupos Na­vi­gator e Efacec, como na Kyaia, os tra­ba­lha­dores, unidos em torno dos seus sin­di­catos, de­sen­volvem a luta por sa­lá­rios e di­reitos, en­fren­tando pres­sões e chan­ta­gens das em­presas. Em todas elas, a luta vai con­ti­nuar.

O que os tra­ba­lha­dores pro­duzem deve re­verter em seu favor

«Até que as justas e le­gí­timas rei­vin­di­ca­ções sejam sa­tis­feitas, a luta vai con­ti­nuar», re­a­firmou a Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN no co­mu­ni­cado dis­tri­buído aos tra­ba­lha­dores da Na­vi­gator no sá­bado, 16, quarto e úl­timo dia de pa­ra­li­sação. E con­ti­nuou, de facto, logo na se­gunda-feira, na reu­nião em que os re­pre­sen­tantes dos tra­ba­lha­dores do grupo tra­çaram li­nhas de acção para dar se­gui­mento à «grande greve» que ocorreu entre os dias 13 e 16 e que se fez sentir nas quatro fá­bricas do grupo (Aveiro, Fi­gueira da Foz, Se­túbal e Fi­gueira da Foz).

For­ma­li­zado que está um pe­dido de reu­nião com a ad­mi­nis­tração, a Fi­e­qui­metal re­alça que a con­cre­ti­zação das li­nhas de ac­tu­ação de­ci­didas pelos re­pre­sen­tantes dos tra­ba­lha­dores de­pende da ati­tude que aquela venha a tomar: «ou seja, se não res­ponder ao pe­dido de reu­nião en­viado pela Fi­e­qui­metal ou se, mar­cando a reu­nião so­li­ci­tada, nela não apre­sentar pro­postas po­si­tivas para so­lu­ci­onar o con­flito».

A greve na Na­vi­gator teve forte ex­pressão nas vá­rias uni­dades e turnos de la­bo­ração, pa­rando por com­pleto, em al­guns mo­mentos, em­presas, sec­ções e ser­viços. A esta de­mons­tração de uni­dade e de­ter­mi­nação dos tra­ba­lha­dores res­pondeu a ad­mi­nis­tração «de ca­beça per­dida», acusa a Fi­e­qui­metal, de­nun­ci­ando as vá­rias ile­ga­li­dades com que pro­curou pôr em causa o di­reito à greve e mi­ni­mizar os seus im­pactos.

Para a fe­de­ração sin­dical, o grupo Na­vi­gator «tem todas as con­di­ções» para sa­tis­fazer as rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores, no­me­a­da­mente um «justo re­en­qua­dra­mento sa­la­rial» e a «re­visão do plano de car­reiras». Em 2018, re­corda, a Na­vi­gator al­cançou os «me­lhores re­sul­tados lí­quidos de sempre», ten­dência que se man­teve este ano. Para a Fi­e­qui­metal, «a ri­queza criada na em­presa tem de re­verter para quem a produz, os tra­ba­lha­dores».

No dia 15, a de­pu­tada do PCP Paula Santos con­tactou com o pi­quete de greve na uni­dade de Se­túbal, so­li­da­ri­zando-se com as rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores e to­mando co­nhe­ci­mento das ile­ga­li­dades co­me­tidas.

Ma­no­bras e pressão

No dia 15, os tra­ba­lha­dores das em­presas do grupo Efacec es­ti­veram em greve entre as 14 e as 16 horas (à se­me­lhança do que ha­viam feito no dia 8) e con­cen­traram-se junto à uni­dade de São Ma­mede de In­festa. Em causa está a de­fesa do Ca­derno Rei­vin­di­ca­tivo para este ano e de au­mentos sa­la­riais.

O Ca­derno Rei­vin­di­ca­tivo, ela­bo­rado pelas co­mis­sões sin­di­cais, foi apro­vado por una­ni­mi­dade do início do ano, mas a sua ne­go­ci­ação ficou mar­cada por «obs­tá­culos e di­fi­cul­dades», de­nuncia a Fi­e­qui­metal num co­mu­ni­cado di­vul­gado na vés­pera da pa­ra­li­sação. Em causa estão, desde logo, as ten­ta­tivas da ad­mi­nis­tração de di­vidir os tra­ba­lha­dores re­cor­rendo às co­mis­sões de tra­ba­lha­dores de al­gumas uni­dades do grupo.

Nesse mesmo co­mu­ni­cado su­blinha-se a acu­sação do Site-Norte (sin­di­cato fi­liado na Fi­e­qui­metal), para quem a ad­mi­nis­tração quer «anular o Ca­derno Rei­vin­di­ca­tivo», o que fica desde logo evi­dente pela au­sência de au­mentos sa­la­riais em 2019. Os va­lores ne­go­ci­ados só têm re­tro­ac­tivos a No­vembro e en­tram em vigor no início do ano que vem. Além disso, serão «pagos em cartão», não se re­flec­tindo, assim, nos re­cibos de ven­ci­mento.

O sin­di­cato de­nuncia, ainda, o au­mento do nú­mero de pro­cessos dis­ci­pli­nares com vista a des­pe­di­mento, mu­danças de posto de tra­balho e ou­tras «ma­no­bras de in­ti­mi­dação e chan­tagem». E ga­rante que «con­ti­nuará a luta pelas rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores».

Jor­nada é para cum­prir

O centro de Gui­ma­rães foi palco, no dia 14, de uma ma­ni­fes­tação dos tra­ba­lha­dores da fá­brica de cal­çado Kyaia, que pro­tes­tavam contra o que con­si­deram ser uma ten­ta­tiva da em­presa de au­mentar a jor­nada la­boral. Num co­mu­ni­cado de dia 12, que in­for­mava da ma­ni­fes­tação, o Sin­di­cato do Cal­çado, Malas e Afins, Com­po­nentes, Formas e Cur­tumes do Minho e Trás-os-Montes, da CGTP-IN, acusa o Grupo Kyaia de, com essa in­tenção, vi­olar o con­trato co­lec­tivo de tra­balho e a pró­pria lei.

O Grupo For­tu­nato O. Fre­de­rico, com­posto pelas em­presa Kyaia, Kello, Kel­lokia e Alfos, impôs o au­mento da jor­nada de tra­balho em 20 mi­nutos por dia, ou seja, 1h40 por se­mana, com a in­clusão de duas pausas de 10 mi­nutos, uma de manhã e outra à tarde. Pe­rante a «firme re­cusa» dos tra­ba­lha­dores em aceitar o au­mento da jor­nada e a acção do sin­di­cato, a ad­mi­nis­tração man­teve uma «po­sição ir­re­du­tível e pre­po­tente», des­con­tando ile­gal­mente, no final do mês de Ou­tubro, 20 mi­nutos diá­rios aos tra­ba­lha­dores pro­ce­dendo ainda à sua in­jus­ti­fi­cação. Chegou in­clu­si­va­mente ao ponto de des­ligar a luz na fá­brica à hora que pre­tende que os tra­ba­lha­dores façam a pausa.




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