«Black friday»

Carlos Gonçalves

A «sexta feira negra» foi im­por­tada dos USA, do mo­delo do­mi­nante do ca­pi­ta­lismo, con­su­mista e também ide­o­ló­gico, como o dia de S. Va­lentim e ou­tros. A «black friday», segue-se ao «dia de acção de graças» e abre a «época de com­pras e fes­ti­vi­dades» ditas «na­ta­lí­cias», de re­cordes de con­sumo e cré­dito, de cam­pa­nhas de ilu­sões, com­pras des­ne­ces­sá­rias, des­contos e saldos fic­tí­cios.

No País vi­vemos em «black friday». Um pe­ríodo de muitas ilu­sões e en­ganos, mis­ti­fi­cação e ocul­tação da re­a­li­dade e res­posta ne­ces­sária, de pu­bli­ci­dade en­ga­nosa e falsas so­lu­ções.

O seu de­sígnio es­sen­cial é re­verter os avanços con­se­guidos na an­te­rior le­gis­la­tura e impor todos, mas todos, os ele­mentos e ob­jec­tivos da po­lí­tica de di­reita, de con­cen­tração e cen­tra­li­zação ca­pi­ta­lista. É li­quidar a luta dos tra­ba­lha­dores e do povo e o seu par­tido, o PCP, é cap­turar a his­tória num pa­tamar da ex­plo­ração e opressão de classe e im­pedir a trans­for­mação e jus­tiça so­cial.

As cam­pa­nhas de re­vi­si­o­nismo his­tó­rico, da «bar­bárie co­mu­nista», da queda do muro de Berlim, do 25 de No­vembro, do bran­que­a­mento do PSD/​CDS, da «ine­vi­ta­bi­li­dade» do Euro e das im­po­si­ções da UE, das «contas certas» do PS, do co­pi­anço das pro­postas do PCP pelos cucos - são de­ci­sivas na es­tra­ti­fi­cação dos pre­con­ceitos que to­lhem a adesão a uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda.

A pro­moção de far­santes e o apoio a pro­jectos proto-fas­cistas a partir de in­te­resses eco­nó­mico-me­diá­ticos que vão «saindo do ar­mário», são pe­ri­gosos mas fun­ci­onam também como cam­panha de pro­moção e co­ber­tura da po­lí­tica de di­reita.

Esta é ver­da­dei­ra­mente uma «black friday», pela di­mensão da al­dra­bice e pelo con­teúdo de classe que trans­porta. E a res­posta é per­sistir, es­cla­recer, in­tervir, lutar e re­forçar o PCP.




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