Comunistas britânicos analisaram resultados eleitorais no Reino Unido
Uma reunião alargada da Comissão Política do Partido Comunista Britânico (PCB), no dia 16 de Dezembro, apelou a redobrados esforços para afirmar os princípios do socialismo e internacionalismo da classe operária, face à situação criada pela vitória do Partido Conservador nas recentes eleições no Reino Unido.
O secretário-geral do PCB, Robert Griffiths, apontou como primeira causa da derrota do Partido Trabalhista o seu falhanço em cumprir o anterior compromisso de respeitar o resultado democrático do referendo de 2016, que apontou para a saída do país da União Europeia. Dos 54 assentos parlamentares perdidos pelos trabalhistas, 52 ocorreram em círculos eleitorais que votaram pela saída em 2016: quanto maior foi a votação a favor da saída em 2016, mais altas foram as taxas de abstenção e de mudança de voto contra o Labour em 2019.
Segundo Griffiths, a causa clara da derrota foi a mudança de posição da liderança trabalhista em relação à União Europeia (UE). Pressionada pela ala direita trabalhista, ela optou por negociar um novo acordo de saída com a UE e apresentar a referendo esse acordo ou a opção de permanecer. Isso foi visto como uma violação da democracia pelos eleitores tradicionais do Labour nas áreas, em especial em regiões da Inglaterra, onde as imposições do mercado livre da UE provocaram um nível regional de pobreza sem precedentes, desindustrialização e abandono sem paralelo na UE.
Os comunistas britânicos lembram que nas eleições de 2017 o Partido Trabalhista, que então se comprometeu a respeitar os resultados do referendo, obteve 12 milhões de votos, 40% do total, a melhor votação conseguida pelo Labour no último meio século.
Em 2019, a votação nos trabalhistas baixou para 10 milhões e 32% do total, contrastando com a do Partido Conservador, que alcançou 43% do total defendendo a concretização imediata da decisão do referendo.
O PCB considera que, contudo, a dimensão da derrota do Partido Trabalhista não deve ser exagerada. Apesar da perda de assentos, a votação no Labour sob a direcção de Jeremy Corbyn em 2019 foi superior à conseguida por líderes da ala direitista e centristas como Neil Kinnock em 1987, Gordon Brown em 2010 e Ed Miliband em 2015. Acima de 10 milhões de pessoas votaram no mais radical manifesto trabalhista em três décadas, apesar da ferocidade sem precedentes da campanha mediática contra o Labour.
Os comunistas britânicos insistem que a derrota eleitoral do Partido Trabalhista ficou a dever-se à sua mudança de posição face à saída do Reino Unido da UE e não resultou do programa eleitoral de esquerda apresentado que, pelo contrário, mobilizou muitos eleitores jovens, sobretudo os marginalizados pelo mercado do trabalho.