Venezuela denuncia nova manobra intervencionista dos Estados Unidos

INGERÊNCIA O go­verno ve­ne­zu­e­lano mos­trou e de­nun­ciou uma nota ofi­cial dos EUA com «ins­tru­ções» a ou­tros países para in­ter­virem no pro­cesso de elei­ções par­la­men­tares mar­cadas pare este ano na Ve­ne­zuela.

In­ge­rên­cias de Washington são «de­litos de lesa-hu­ma­ni­dade»

O mi­nistro dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros ve­ne­zu­e­lano, Jorge Ar­reaza, de­nun­ciou uma nova ma­nobra in­ter­ven­ci­o­nista do go­verno norte-ame­ri­cano em re­lação às elei­ções de de­pu­tados para a As­sem­bleia Na­ci­onal da Ve­ne­zuela, mar­cadas para este ano. Num en­contro com a im­prensa em Ca­racas, na Casa Ama­rela, sede do mi­nis­tério dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros, Ar­reaza mos­trou uma nota di­plo­má­tica emi­tida pelo exe­cu­tivo dos EUA, com data de 17 de De­zembro úl­timo, e di­ri­gida a vá­rias chan­ce­la­rias mundo fora, com o ob­jec­tivo de con­se­guir apoio in­ter­na­ci­onal para sa­botar e in­tervir nas elei­ções par­la­men­tares.

De acordo com o texto apre­sen­tado pelo chefe da di­plo­macia de Ca­racas, os EUA ex­pressam no do­cu­mento a ne­ces­si­dade de criar na Ve­ne­zuela um «go­verno de tran­sição», apoiar o par­la­mento ilegal e pres­si­onar eco­no­mi­ca­mente a pre­si­dência de Ni­colás Ma­duro para de­ses­ta­bi­lizar o país. No do­cu­mento é evi­dente a in­sis­tência da ad­mi­nis­tração Trump em forçar a saída do go­verno cons­ti­tu­ci­onal en­ca­be­çado por Ma­duro e atentar contra a paz e a von­tade do povo ve­ne­zu­e­lano, afirmou o mi­nistro. «In­sistem na mu­dança de go­verno pela força na Ve­ne­zuela como fi­zeram na Bo­lívia, para de­pois con­vocar elei­ções com os seus cri­té­rios, nos seus moldes, sob o seu con­trolo», en­fa­tizou.

«A nota des­tina-se a in­tervir em pro­cessos ad­mi­nis­tra­tivos, po­lí­ticos e so­be­ranos do nosso país, como as elei­ções le­gis­la­tivas deste ano, o que de­monstra es­tra­té­gias in­ter­ven­ci­o­nistas do go­verno norte-ame­ri­cano contra a so­be­rania do povo, contra a von­tade po­pular e de­mo­crá­tica dos ve­ne­zu­e­lanos», co­mentou.

Ar­reaza afirmou que esses pro­pó­sitos vi­olam a Carta das Na­ções Unidas e re­a­firmou que este ano ha­verá elei­ções par­la­men­tares na nação bo­li­va­riana, de acordo com o es­ta­be­le­cido na Cons­ti­tuição, «oxalá par­ti­cipem todos os grupos po­lí­ticos nessas elei­ções».

O mi­nistro dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros su­bli­nhou que o do­cu­mento en­viado pelos EUA evi­dencia que Washington impõe um blo­queio contra a Ve­ne­zuela, com pre­juízo para o seu povo, e que des­tina mi­lhões de dó­lares a apoiar a opo­sição vi­sando tentar de­ses­ta­bi­lizar o go­verno. «Estas me­didas uni­la­te­rais são de­litos de lesa-hu­ma­ni­dade e por isso es­tamos a tra­ba­lhar jun­ta­mente com Cuba, Ni­ca­rágua e ou­tros países para de­nun­ciar estes abusos», re­velou.

Ar­reaza disse que os EUA, além disso, tentam ficar com os louros do pro­cesso de diá­logo al­can­çado entre o go­verno ve­ne­zu­e­lano e sec­tores da opo­sição. A esse res­peito, con­firmou o com­pro­misso do go­verno cons­ti­tu­ci­onal de pro­mover con­ver­sa­ções com a di­reita pela paz no país, face à cam­panha de in­ge­rência or­ga­ni­zada pela ad­mi­nis­tração norte-ame­ri­cana.

Ma­duro: «O im­pe­ri­a­lismo
agride-nos todos os dias»

O pre­si­dente da Ve­ne­zuela, Ni­colás Ma­duro, exortou ao for­ta­le­ci­mento da uni­dade entre o povo e o go­verno bo­li­va­riano para en­frentar as agres­sões dos EUA face às elei­ções par­la­men­tares deste ano.

«O im­pe­ri­a­lismo agride-nos todos os dias, ameaça a Ve­ne­zuela, e a nossa força pe­rante isso é a com­bi­nação per­feita entre go­verno e povo para re­solver os pro­blemas», disse o di­ri­gente em La Guaira, num en­contro com or­ga­ni­za­ções po­lí­ticas.

Exortou os seus com­pa­nheiros a «pre­parar-se com muito es­forço e tra­balho para que a vi­tória na As­sem­bleia Na­ci­onal seja do povo ve­ne­zu­e­lano». Con­si­derou que «o erro de perder as elei­ções para o par­la­mento levou a quatro anos de cons­pi­ração» e ad­vertiu que o ac­tual par­la­mento ilegal con­verteu-se num de­sastre. «Foi uma das ins­ti­tui­ções mais úteis e pres­ti­gi­osas do país desde que se aprovou a Cons­ti­tuição, mas agora ti­vemos que so­frer anos de cons­pi­ração, sa­bo­tagem e des­truição da As­sem­bleia Na­ci­onal».

Ma­duro ma­ni­festou-se op­ti­mista quanto a uma vi­tória das forças re­vo­lu­ci­o­ná­rias e de es­querda nas pró­ximas elei­ções le­gis­la­tivas, uma forma de pre­servar a paz no país.

Lem­brou que nos pró­ximos dias 22, 23 e 24 de Ja­neiro de­cor­rerá o En­contro Mun­dial de Mo­vi­mentos Po­lí­ticos e So­ciais, no quadro do Fórum de S. Paulo, para aprovar as ac­ções em ma­té­rias so­cial e po­lí­tica de 2020.




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