Protestos na Alemanha contra alianças com a extrema-direita

CRISE Uma ali­ança no Es­tado da Tu­ríngia, en­vol­vendo o par­tido de An­gela Merkel e a for­mação de ex­trema-di­reita AfD, pro­vocou uma crise po­lí­tica na Ale­manha e ma­ni­fes­ta­ções po­pu­lares contra pactos com fas­cistas.

«Ne­nhum pacto com fas­cistas, nunca e em ne­nhum lugar!»

Mi­lhares de pes­soas par­ti­ci­param no sá­bado, 15, numa ma­ni­fes­tação na ci­dade de Er­furt, no Es­tado fe­de­rado da Tu­ríngia, para con­denar o es­ta­be­le­ci­mento de ali­anças po­lí­ticas com or­ga­ni­za­ções de ex­trema-di­reita.

Con­vo­cado pela Con­fe­de­ração Alemã dos Sin­di­catos (DGB) e ou­tras or­ga­ni­za­ções, o pro­testo, de­fronte da ca­te­dral da ci­dade, teve como lema «Não con­nosco. Ne­nhum pacto com fas­cistas, nunca e em ne­nhum lugar!».

Du­rante a ma­ni­fes­tação, or­ga­ni­za­ções não go­ver­na­men­tais, ac­ti­vistas e sin­di­ca­listas, reu­nidos na pla­ta­forma Un­teilbar (In­di­vi­sível), cri­ti­caram o pacto entre o Par­tido Li­beral De­mo­crá­tico (FDP), a União De­mo­crata-Cristã (CDU) – da chan­celer fe­deral An­gela Merkel – e a ex­tre­mista de di­reita Al­ter­na­tiva para a Ale­manha (AfD) para eleger o li­beral Thomas Kem­me­rich como mi­nistro-pre­si­dente da Tu­ríngia.

Kem­me­rich con­correu contra o can­di­dato à re­e­leição, Bodo Ra­melow, do par­tido A Es­querda, em co­li­gação com o Os Verdes e o Par­tido So­cial-De­mo­crata (SPD), e venceu a eleição in­di­recta, por margem de um voto, em 5 de Fe­ve­reiro.

O acordo entre as for­ma­ções do FDP e da CDU e a AfD pro­vocou uma forte re­jeição e uma crise go­ver­na­mental, em re­sul­tado da qual Kem­me­rich foi obri­gado a de­mitir-se. A pre­si­dente da CDU e ac­tual mi­nistra da De­fesa, An­ne­gret Kramp-Kar­ren­bauer, anun­ciou que, ao con­trário do que es­tava pre­visto, não se can­di­da­tará à subs­ti­tuição de An­gela Merkel como chefe do go­verno fe­deral, nas elei­ções de 2021.

A AfD da Tu­ríngia é do­mi­nada pela ala do par­tido co­nhe­cida como Flügel, li­de­rada por Björn Höcke, um po­lí­tico que um tri­bunal alemão, numa de­cisão in­comum, de­cidiu que pode ser de­sig­nado por fas­cista de­vido às suas de­cla­ra­ções de cunho xe­nó­fobo e ra­cista e que re­la­ti­vizam os crimes nazis.

«Quem pactua com os fas­cistas terá contra si a so­ci­e­dade. Gri­ta­remos alto e claro o nosso pro­testo. Lu­tamos por de­mo­cracia e anti-fas­cismo, pelos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, a jus­tiça so­cial e cli­má­tica, contra o ra­cismo, o anti-se­mi­tismo e o anti-fe­mi­ni­nismo. Re­jei­tamos qual­quer co­o­pe­ração com a AfD», afirma um co­mu­ni­cado dos or­ga­ni­za­dores da ma­ni­fes­tação. «De­vido a estas ac­ções, a bar­reira contra os fas­cistas abriu uma brecha pro­funda. Es­tamos pro­fun­da­mente in­dig­nados. Não que­remos ne­nhum pacto com a AfD nem a nível fe­deral nem local», su­blinha o texto.




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