Ao trabalho, com alegria e confiança

Octávio Augusto (Membro da Comissão Política)

O nosso Par­tido, ao longo dos seus quase cem anos de exis­tência, foi posto à prova nas mais di­versas, do­lo­rosas e com­plexas si­tu­a­ções. O surto epi­dé­mico foi e está a ser uma nova ex­pe­ri­ência, nunca antes vi­vida.

A luta não pode ficar con­fi­nada pe­rante a in­jus­tiça e a ex­plo­ração

En­frentar a pan­demia com os in­dis­pen­sá­veis cui­dados sa­ni­tá­rios e ao mesmo tempo cum­prir o papel de um Par­tido com a na­tu­reza e as ca­rac­te­rís­ticas do nosso, não foi, e não está a ser ta­refa fácil.

Os nossos ini­migos de classe, ao mesmo tempo que es­pa­lhavam o alar­mismo, des­con­fi­naram em larga es­cala o an­ti­co­mu­nismo mais pri­mário ser­vido em doses mas­sivas nos media e am­pli­fi­cados nas cha­madas redes so­ciais. O PCP e o mo­vi­mento sin­dical de classe foram e con­ti­nuam a ser o bombo da festa. É na­tural que assim seja. É este Par­tido e é o mo­vi­mento sin­dical de classe quem lhes faz frente nos seus ob­jec­tivos de agravar a ex­plo­ração, li­quidar di­reitos e sub­verter o re­gime de­mo­crá­tico.

Foi justa a sau­dação do Co­mité Cen­tral do PCP «às or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes do Par­tido pelo con­tri­buto dado à ini­ci­a­tiva e res­posta num quadro exi­gente». «Face a uma si­tu­ação que im­plicou me­didas de pre­venção e pro­tecção, co­lo­cando novas exi­gên­cias, o Par­tido não se deixou chan­ta­gear ou con­di­ci­onar, as­sumiu a ini­ci­a­tiva e acção num quadro de emer­gência da acção par­ti­dária…»

Ao con­trário de ou­tros, o PCP não se es­condeu atrás do sofá, adaptou o seu fun­ci­o­na­mento a uma nova re­a­li­dade, as­se­gu­rando o re­gular fun­ci­o­na­mento dos seus prin­ci­pais or­ga­nismos, man­teve o con­tacto com os seus mi­li­tantes, as­se­gurou em todas as cir­cuns­tân­cias a dis­tri­buição do Avante!, as­se­gurou a re­colha da quo­ti­zação e dos re­cursos fi­nan­ceiros in­dis­pen­sá­veis à sua ac­ti­vi­dade, de­nun­ciou atro­pelos e in­jus­tiças, pro­moveu uma in­tensa acção de fis­ca­li­zação, de­núncia e pro­posta na As­sem­bleia da Re­pú­blica e no Par­la­mento Eu­ropeu.

En­frentou o si­len­ci­a­mento, a ca­lúnia, a ma­ni­pu­lação com todos os meios de que dis­punha, no­me­a­da­mente através das cha­madas redes so­ciais.

O PCP não só não ali­nhou na can­ti­lena do «vamos ficar todos bem» como não alinha na sua versão re­mas­te­ri­zada do «novo normal».

Com­bater a pan­demia não pode sig­ni­ficar a nor­ma­li­zação das ile­ga­li­dades, dos atro­pelos às li­ber­dades, di­reitos e ga­ran­tias, à nor­ma­li­zação da ex­plo­ração, da li­qui­dação de di­reitos. O «novo normal» deles é a re­ceita do cos­tume: Mais sa­cri­fí­cios e menos di­reitos para quem tra­balha ou tra­ba­lhou uma vida in­teira e mais be­nesses e lu­cros para quem passa ao lado desta e de todas as crises.

Re­sis­tência e luta

Porque a luta não pode ficar con­fi­nada pe­rante a in­jus­tiça e a ex­plo­ração, torna-se ainda mais ne­ces­sário o de­sen­vol­vi­mento da re­sis­tência e da luta dos tra­ba­lha­dores, no com­bate às in­jus­tiças, na de­fesa dos seus in­te­resses e di­reitos, pela res­posta a pro­blemas ime­di­atos, pela va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, pela de­fesa e re­forço dos ser­viços pú­blicos, no­me­a­da­mente o Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, pela afir­mação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva.

Neste quadro, o de­safio que está co­lo­cado aos co­mu­nistas, con­forme o Co­mité Cen­tral su­bli­nhou, «passa pela afir­mação dos ob­jec­tivos e do papel do PCP. In­de­pen­den­te­mente das me­didas de pre­venção e pro­tecção ne­ces­sá­rias, este é o mo­mento de emer­gência para a acção do Par­tido ine­rente à sua iden­ti­dade co­mu­nista. Um mo­mento que exige a aná­lise e o acom­pa­nha­mento da si­tu­ação, a ini­ci­a­tiva po­lí­tica cor­res­pon­dente, a con­cre­ti­zação das ori­en­ta­ções pri­o­ri­tá­rias de­fi­nidas para o re­forço do Par­tido, a adopção de me­didas ex­cep­ci­o­nais que ga­rantam o fun­ci­o­na­mento par­ti­dário, a pre­pa­ração da Festa do Avante! nas cir­cuns­tân­cias ac­tuais, de­sig­na­da­mente no plano das me­didas de pro­tecção sa­ni­tária, a apli­cação das ori­en­ta­ções de­fi­nidas pelo Co­mité Cen­tral no âm­bito das co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário do Par­tido e o avanço na pre­pa­ração do XXI Con­gresso».

Com ale­gria e re­do­brada con­fi­ança, vamos ao tra­balho!




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