Defender a floresta e prevenir catástrofes exige mais meios materiais e humanos

DE­CLARAÇÃO Três anos pas­sados sobre os grandes in­cên­dios ru­rais no Centro do País, o PCP rei­tera que, mais do que pro­messas e leis, são pre­cisos in­ves­ti­mentos e uma visão es­tra­té­gica para a flo­resta e o ter­ri­tório.

De­pois de tantos anún­cios e pro­pa­ganda, os pro­blemas mantêm-se

A po­sição do Par­tido foi rei­te­rada numa de­cla­ração de João Frazão, sá­bado, 11, an­te­ce­dendo a au­dição pú­blica que amanhã, 17, o PCP vai pro­mover com es­tru­turas de bom­beiros.

O membro da Co­missão Po­lí­tica do PCP alertou que «nos pró­ximos dois meses, como as úl­timas se­manas já deram sinal, cor­remos o sério risco de ver pro­pri­e­tá­rios ru­rais e flo­res­tais a perder partes das suas ex­plo­ra­ções, po­pu­la­ções an­gus­ti­adas com o apro­ximar do fogo, cen­tenas de bom­beiros e ou­tros ope­ra­ci­o­nais da pro­tecção civil a ar­riscar a vida para com­bater os in­cên­dios e pro­teger pes­soas e bens». Isto porque, ex­plicou, três anos pas­sados sobre os grandes in­cên­dios de Junho e Ou­tubro de 2017, as con­di­ções para a ca­tás­trofe per­ma­necem, no fun­da­mental, as mesmas, pesem «todas as re­co­men­da­ções apro­vadas na As­sem­bleia da Re­pú­blica».

«Ou­vimos todos os pro­jectos, foram apre­sen­tadas todas as re­formas, in­cluindo a maior re­forma desde os tempos de D. Dinis, foram feitos todos os anún­cios e pu­bli­cadas de­zenas de peças le­gis­la­tivas sem, no en­tanto, se dar res­posta aos pro­blemas fun­da­men­tais e dei­xando mesmo al­guns deles de­gra­darem-se», de­nun­ciou o di­ri­gente co­mu­nista, para quem, como o PCP avisou, a «fúria le­gis­la­tiva» do Go­verno pouco ou nada re­solveu.

«Aler­támos que o que era ne­ces­sário não eram mais re­gras e bu­ro­cra­cias, mas sim meios hu­manos, ma­te­riais e fi­nan­ceiros», in­sistiu João Frazão, antes de ad­vertir que não se pode es­perar por novos in­cên­dios de grandes di­men­sões para «fazer ba­lanços e pedir contas».

Como es­tamos
Ora, em de­vido tempo, «o PCP si­na­lizou como questão cen­tral para a gestão ac­tiva da flo­resta a va­lo­ri­zação do preço da ma­deira, pro­pondo um con­junto de me­didas que foram chum­badas na AR; re­clamou e viu apro­vada a cri­ação de equipas de Sa­pa­dores Flo­res­tais, com o ob­jec­tivo de 500 ope­ra­ci­o­nais no País», mas «o úl­timo re­la­tório re­fere a exis­tência de 375 e a única coisa que o Go­verno fez, para além da cri­ação de pouco mais de duas de­zenas de equipas, foi en­rolar os nú­meros».

O Par­tido, acres­centou, «propôs e foi apro­vada a re­cons­ti­tuição do Corpo de Guardas Flo­res­tais», con­tudo «apesar de terem pas­sado já dois anos e meio, esta en­ti­dade ainda não dará a con­tri­buição que seria ne­ces­sária». Do mesmo modo os co­mu­nistas por­tu­gueses de­fen­deram «al­te­ra­ções ao Re­gime Ju­rí­dico de Ar­bo­ri­zação e Re­ar­bo­ri­zação para conter a pro­pa­gação das mo­no­cul­turas, par­ti­cu­lar­mente de eu­ca­lipto», assim como a «con­cre­ti­zação de um Ca­dastro Flo­restal de facto» vi­sando «co­nhecer ver­da­dei­ra­mente a nossa es­tru­tura flo­restal», mas «o que as­sis­timos é à pro­li­fe­ração des­con­tro­lada da­quela es­pécie» e a in­sis­tência «na tese da pro­cura das ditas terras sem dono co­nhe­cido».

Com acu­ti­lância e razão, o Par­tido também «as­sumiu a de­fesa dos Bal­dios, con­tri­buindo para a apro­vação de uma nova lei, e re­clamou os apoios para a sua ac­ti­vi­dade, no res­peito pela sua au­to­nomia», to­davia «a opção do Go­verno tem sido a da cri­ação de di­fi­cul­dades na pas­sagem dos Bal­dios à au­to­gestão e a de impor, agora, novas re­gras com le­gis­lação avulsa»; «de­fendeu uma po­lí­tica de or­de­na­mento flo­restal com a aposta em es­pé­cies flo­res­tais au­tóc­tones», mas «o Go­verno optou pela per­se­guição aos pe­quenos pro­pri­e­tá­rios, mul­ti­pli­cando multas, ao mesmo tempo que não pro­cedeu à re­flo­res­tação, por exemplo das áreas à sua res­pon­sa­bi­li­dade, como é o caso do Pi­nhal de Leiria».

Fi­nal­mente, o PCP re­alçou que «a de­fesa da flo­resta exige a pro­moção da agri­cul­tura fa­mi­liar, uma po­lí­tica de in­ves­ti­mento pú­blico capaz de ga­rantir a cri­ação de em­prego e a fi­xação das po­pu­la­ções»; «de­nun­ciou as di­fi­cul­dades por que passam as cor­po­ra­ções de bom­beiros vo­lun­tá­rios»; «bateu-se pelo apoio pre­fe­ren­cial aos pe­quenos e mé­dios pro­du­tores» e «re­clamou uma visão in­te­grada agro-flo­restal». Em sen­tido con­trário, as op­ções do Go­verno do PS nestas ma­té­rias foram, res­pec­ti­va­mente, in­sistir «no en­cer­ra­mento de ser­viços e na dis­cri­mi­nação da pe­quena e média agri­cul­tura»; manter atrasos muito sig­ni­fi­ca­tivos nos pa­ga­mentos [às as­so­ci­a­ções de bom­beiros], dei­xando al­gumas cor­po­ra­ções em se­veras di­fi­cul­dades»; pri­vi­le­giar o apoio aos grandes pro­pri­e­tá­rios ru­rais e aos in­te­resses da pasta de papel; marcar passo no re­forço do ICNF en­quanto Au­to­ri­dade Na­ci­onal Flo­restal e «se­parar a área das flo­restas da agri­cul­tura, in­tro­du­zindo mais con­fusão e di­fi­cul­dades aos pe­queno pro­du­tores, não com­pre­en­dendo a di­nâ­mica da agri­cul­tura na­ci­onal com toda a sua di­mensão agrí­cola, pe­cuária, sil­ví­cola e flo­restal».

Fazer
«De­pois de tantos anún­cios e tanta pro­pa­ganda, os pro­blemas mantêm-se, quando não se agra­varam», rei­terou João Frazão. Por isso, afirmou, «este é o tempo de ac­tuar em meios de pre­venção e vi­gi­lância que as­se­gurem res­postas ime­di­atas, mas é prin­ci­pal­mente o tempo de, de­fen­dendo os pe­quenos e mé­dios pro­du­tores flo­res­tais, cum­prindo a Lei de Bases da Flo­resta e a Lei da De­fesa da Flo­resta contra In­cên­dios, as­su­mindo uma outra po­lí­tica, pa­trió­tica e de es­querda, de­fender a flo­resta e o mundo rural e pre­venir os in­cên­dios».

 



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