Estratégia do Governo contraria necessidades
ALERTA A perspectiva de recessão económica e agravamento dos problemas exige outras medidas e opções, só possíveis com outra política, mas o que se tem visto é replicar a política e as opções do passado.
O PS assume opções claramente integradas na estratégia do grande capital
Em Vila Real de Santo António, no final do jantar-comício de 15 de Agosto, Jerónimo de Sousa falou sobre a situação actual e reafirmou as propostas do PCP, notando que se assiste ao «desenvolvimento de uma estratégia para restabelecer e dar uma base duradoura à política de direita e de reaproximação de PS e PSD».
O Secretário-geral do Partido defendeu que, perante uma «situação marcada pela perspectiva de uma recessão económica profunda, pelo agravamento de todos os problemas nos mais diversos domínios e atingindo as mais diversas camadas antimonopolistas da população», são necessárias «outras medidas e opções, de curto e de longo alcance, só possíveis com uma outra política, em ruptura com o caminho que foi imposto ao País nas últimas décadas».
No entanto, «a vida vai revelando e os factos confirmando» que «aqueles que no passado se concertaram para impor a política de direita estão hoje a preparar o terreno e a procurar a melhor forma de perpetuar essa política, que se revelou de desastre nacional». «Falam muito de novas soluções, mas o que temos visto nestes últimos meses é o replicar da política e das opções do passado, que privilegiam sempre os senhores do dinheiro e do poder económico», observou Jerónimo de Sousa, lembrando «o rol das recentes convergências» e também «as declarações e discursos de dirigentes do PS e do próprio Presidente da República», a favor de «uma base social alargada para o horizonte de uma década».
«A vida vai-nos dizer, em breve, se tal estratégia, que apela e insinua vontades de entendimento à esquerda, com o PCP», «não visa justificar e desresponsabilizar o PS pelas suas deliberadas opções à direita e claramente integradas na estratégia do grande capital»; se «não aponta para dar uma nova vida ao chamado “bloco central”, num novo formato»; e se «não é isso que está em marcha, com o contributo do Presidente da República, que se tem empenhado em branquear o PSD, a política de direita e as suas responsabilidades, visando promover a sua reabilitação política e reconduzi-lo para um papel de cooperação intensa com o PS, esperando pela sua vez para regressar ao velho jogo da alternância sem alternativa».
Em contrapartida, assinalou o Secretário-geral, «da parte do PCP, mais uma vez afirmamos que os compromissos e as convergências não se fazem no abstracto, mas sim tendo presente o conteúdo concreto das políticas, das propostas, das medidas e das opções a fazer». «É nessa base e para dar resposta aos problemas dos trabalhadores, do povo e do País, que o PCP continua a intervir, seja para encontrar soluções para os problemas mais imediatos, seja para responder aos desafios do futuro», e «é com este compromisso que os trabalhadores e o povo podem contar», reafirmou Jerónimo de Sousa.
Intervenção
e luta
Com o jantar-comício do passado sábado, cumpriu-se a tradição de realizar, no feriado de 15 de Agosto, uma iniciativa relevante do PCP no concelho de Vila Real de Santo António.
O habitual convívio, que costuma decorrer na praia de Monte Gordo, envolvendo também as organizações concelhias de Alcoutim e Castro Marim, mudou-se este ano para uma esplanada alargada, na praça central de Vila Real de Santo António.
A iniciativa, com duas centenas de participantes, integrou-se num conjunto de comícios de Verão, que o PCP tem estado a realizar na região (Faro, Quarteira, Olhão, Armação de Pêra, Portimão), como referiu Sandra de Jesus, da Direcção da Organização Regional do Algarve (DORAL), que dirigiu o comício e saudou os participantes, em nome das concelhias organizadoras.
Jerónimo de Sousa começou precisamente por saudar «todos os comunistas desta região do Algarve que, nestes tempos complexos e difíceis, continuaram a intervir e agir em defesa dos trabalhadores e das populações, cumprindo o papel que cabe a um Partido como o nosso, que, em nenhuma circunstância, abdica de servir e defender os interesses do nosso povo e as suas aspirações a uma vida melhor».
Assim, «aqui estamos, como sempre», «não no local e da forma habitual, mas encontrando outras soluções, superando as contrariedades, tomando as medidas que a epidemia impôs, mas não desistindo». «Estamos aqui, como temos estado nas mais diversas frentes da nossa acção, por todo o País e nas instituições, respondendo com a nossa iniciativa e proposta aos problemas que a vida coloca ao nosso povo, mas denunciando também os atropelos aos seus direitos, apelando e incentivando a sua resistência e a luta em sua defesa», realçou o Secretário-geral do Partido.