Por uma solução na lei que possibilite a inseminação post mortem
O Parlamento aprovou, na generalidade, dia 23, o projecto de lei do PCP que introduz alterações à lei que regula as técnicas de procriação assistida (PMA), de forma a que nela venha a ser contemplada a possibilidade de inseminação post mortem. O diploma, que recolheu os votos favoráveis de todas as bancadas, menos do PSD e CDS cujo voto foi contra, esteve em debate nessa mesma sessão plenária juntamente com um outro visando idêntico objectivo e que partiu de uma iniciativa legislativa de cidadãos, igualmente aprovado, como o foram outros da autoria de PS, BE e PAN.
A proposta do PCP vai no sentido de permitir a inseminação post mortem «nos casos em que tenha sido iniciado um processo de procriação medicamente assistida», e, por doença do marido ou companheiro, tendo «este crio-preservado o seu sémen e com consentimento prévio assinado, caso venha a falecer, a mulher possa dar seguimento ao desejo do casal e a um projecto de vida em comum e reflectida em conjunto», como explicou a deputada comunista Paula Santos, sublinhando que desta forma é corrigida uma injustiça que está presente na lei.
Trata-se, assim, de «alargar a possibilidade à inseminação post mortem, tornando-a lícita», anotou, uma vez que a lei já hoje permite a «transferência post mortem de embrião para realizar um projecto parental claramente estabelecido antes do falecimento do pai». Para a necessidade de «assegurar a dignidade das pessoas e o superior interesse da criança que venha a nascer», chamou igualmente a atenção Paula Santos, que manifestou a disponibilidade da sua bancada para aprofundar a reflexão nesta matéria em sede de especialidade e encontrar a melhor solução.
A deputada do PCP defendeu, por outro lado, a importância de reforçar os centros públicos de PMA no SNS, nomeadamente em profissionais, em ordem a que os «direitos consagrados na lei sejam efectivos».
Sem deixar de lembrar que as técnicas de PMA «não são uma forma alternativa de reprodução, mas sim o tratamento clínico para uma doença, a infertilidade», Paula Santos fez questão de as valorizar, frisando que «são responsáveis pela concretização do sonho de muitas famílias de ter o tão desejado filho».