Têm agora mais força as mil lutas no caminho de Abril

Sob o lema «Mil lutas no ca­minho de Abril. Or­ga­nizar – Trans­formar», a JCP re­a­lizou nos dias 15 e 16 o seu 12.º Con­gresso, no Ateneu Ar­tís­tico em Vila Franca de Xira. Dis­cussão fra­terna, troca in­tensa de ex­pe­ri­ên­cias, co­nhe­ci­mentos, apren­di­za­gens e o for­ta­le­ci­mento dos laços de ca­ma­ra­dagem foi o que so­bres­saiu do fim-de-se­mana es­co­lhido para aquele que é um dos mo­mentos mais im­por­tantes da vida da or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária da ju­ven­tude por­tu­guesa.

«Cá es­tamos hoje para Or­ga­nizar e para amanhã Trans­formar!»

Ter­mi­nado o 12.º Con­gresso da JCP, existem pelo menos duas cer­tezas no âmago de todos os jo­vens, mi­li­tantes ou amigos, que de uma forma ou de outra nele par­ti­ci­param ou que o acom­pa­nharam. A pri­meira: or­ga­nizar os jo­vens em torno dos seus pro­blemas, con­cretos e ge­rais, e partir para a luta pela sua re­so­lução é o ca­minho certo para al­cançar o sonho mi­lenar de trans­formar o mundo e pôr termo à ex­plo­ração do homem pelo homem, al­cançar o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo. A se­gunda: dali, a Ju­ven­tude Co­mu­nista Por­tu­guesa e os seus mi­li­tantes saem re­for­çados para con­ti­nuar o duro mas es­sen­cial tra­balho que até então tem le­vado a cabo.

Mas estas são apenas duas das muitas ou­tras re­le­vantes con­clu­sões que ali se con­fir­maram, re­a­fir­maram ou de­sen­vol­veram. Algo di­fe­rente não era es­pe­rado por quem quer que tenha par­ti­ci­pado ou ob­ser­vado de perto o in­tenso pro­cesso de pre­pa­ração do Con­gresso, le­vado a cabo ao longo dos úl­timos meses: foram con­ta­bi­li­zadas mais de 100 reu­niões de dis­cussão e mais de 200 pro­postas de al­te­ração, que en­ri­que­ceram o Pro­jecto de Re­so­lução Po­lí­tica, agora apro­vado. Mas foram também as de­zenas de co­la­gens de car­tazes e mupis, as pin­turas de mu­rais, as dis­tri­bui­ções, as con­versas, os es­cla­re­ci­mentos e os En­con­tros Re­gi­o­nais, que afir­maram o 12.º Con­gresso e o seu lema nas ruas e junto de muitos ou­tros mi­lhares de jo­vens por todo o País.

Grande cons­trução co­lec­tiva

No sá­bado de manhã, no mo­mento em que jo­vens oriundos de todo o País co­me­çaram a afluir ao co­ração de Vila Franca de Xira, podia-se já adi­vi­nhar o am­bi­ente que se faria sentir ao longo do resto do fim-de-se­mana. Ao todo, foram 250 os de­le­gados que ali es­ti­veram, a ana­lisar e a votar, a es­cutar e a re­a­lizar as 110 in­ter­ven­ções pro­fe­ridas, que se de­bru­çaram sobre a re­a­li­dade con­creta das suas vidas, das suas es­colas, fa­cul­dades e em­presas, mas também sobre os pro­blemas es­tru­tu­rais e de fundo que ao longo das úl­timas dé­cadas têm afli­gido o País e, par­ti­cu­lar­mente, os jo­vens que nele querem viver me­lhor.

Nestas contas não en­tram, claro, os ou­tros tantos jo­vens mi­li­tantes, que de forma não menos mar­cante, as­se­gu­raram o bom fun­ci­o­na­mento do 12.º Con­gresso – de­co­rando o es­paço, apoi­ando os de­le­gados, as­se­gu­rando a co­ber­tura me­diá­tica, aju­dando na pre­pa­ração e dis­tri­buição de re­fei­ções, hi­gi­e­ni­zando os es­paços. Como não en­tram, igual­mente, todos quantos não pu­deram estar em Vila Franca de Xira e acom­pa­nharam ao mi­nuto os tra­ba­lhos do Con­gresso através da trans­missão pelas redes so­ciais da JCP e do PCP.

«Tomem Par­tido, ve­nham para este lado»

Mesmo antes da pri­meira sessão co­meçar, ir­rom­peram pa­la­vras de ordem por todo o au­di­tório do Ateneu, dando vivas à JCP. A ale­gria dos jo­vens co­mu­nistas quando exaltam a sua or­ga­ni­zação nunca é pouca, mas na­quele mo­mento foi evi­dente que todos mos­traram um par­ti­cular (e jus­ti­fi­cado) or­gulho em fazê-lo.

De­pois das pri­meiras sau­da­ções, teve lugar um breve mo­mento cul­tural, que ho­me­na­geou o es­pí­rito an­ti­fas­cista da ci­dade que aco­lheu o Con­gresso, bem como os seus re­sis­tentes: foram lidos ex­certos de Es­teiros, de So­eiro Pe­reira Gomes, e de Gai­béus,de Alves Redol, bem como al­guns versos de Mai­a­kovski acerca de Lé­nine e re­latos das con­quistas his­tó­ricas da Co­muna de Paris.

«Se dú­vidas hou­vesse quanto à vi­ta­li­dade do Par­tido, aqui es­tamos hoje», afirmou Vasco Mar­ques, membro do Se­cre­ta­riado e da Co­missão Po­lí­tica da Di­recção Na­ci­onal da JCP, na in­ter­venção de aber­tura do Con­gresso. «O 12.º Con­gresso da JCP e todo o seu pro­cesso pre­pa­ra­tório são a prova viva de que o fu­turo tem mesmo Par­tido e de que es­tamos a cons­truí-lo», acres­centou.

«Cons­truímos esse fu­turo com mais mi­li­tantes, mais or­ga­ni­zação, mais luta. Che­gados aqui, po­demos dizer que há, por todo o País, mais jo­vens or­ga­ni­zados», des­tacou o mesmo di­ri­gente, re­fe­rindo-se aos mais de 300 jo­vens que ade­riram à JCP nos úl­timos meses e que, es­tando or­ga­ni­zados, estão também ci­entes de que «há um mundo por trans­formar e que o seu con­tri­buto é ne­ces­sário». «Podem contar com toda a fra­ter­ni­dade, ca­ma­ra­dagem e dis­po­ni­bi­li­dade de uma or­ga­ni­zação que vos re­cebe de braços abertos», ex­clamou Vasco Mar­ques.

Em re­lação a todos aqueles que, não sendo mi­li­tantes, foram e são es­sen­ciais para er­guer as mil lutas da ju­ven­tude e, por con­se­guinte, aquele Con­gresso, o jovem co­mu­nista di­rigiu-se-lhes nos se­guintes termos: «Não he­sitem! Ajudem a somar força à força da or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária da ju­ven­tude. Tomem Par­tido, ve­nham para este lado, tornem-se mi­li­tantes porque a JCP e a luta da ju­ven­tude pre­cisam dessa força».

Energia in­fin­dável para trans­formar

Kaoê Ro­dri­gues, da Co­missão Po­lí­tica da Di­recção Na­ci­onal, in­formou o con­gresso a dada al­tura sobre o ba­lanço da or­ga­ni­zação. Hoje, são 7500 os mi­li­tantes que com­põem a JCP, 48% mu­lheres e 52% ho­mens. Do total de mem­bros da or­ga­ni­zação, 34% são es­tu­dantes do En­sino Se­cun­dário e 32% do En­sino Su­pe­rior; há ainda 29% de jo­vens tra­ba­lha­dores e 5% es­tudam no En­sino Pro­fis­si­onal. «Po­demos afirmar que somos uma or­ga­ni­zação forte, uma or­ga­ni­zação pre­sente e uma or­ga­ni­zação com fu­turo para as mil lutas que tra­vamos e que virão», con­cluiu.

Ao longo dos dois dias, para além das in­ter­ven­ções que des­cre­veram as re­a­li­dades das di­versas or­ga­ni­za­ções re­gi­o­nais, dos vá­rios co­lec­tivos e de tantos ou­tros es­paços con­cretos em que os mi­li­tantes pro­curam ac­tuar, foram muitos os tó­picos abor­dados e am­pla­mente dis­cu­tidos pelos de­le­gados, entre os quais o am­bi­ente, o as­so­ci­a­ti­vismo, a luta contra o ra­cismo e a xe­no­fobia e pela igual­dade, a cul­tura, o des­porto, a saúde, a ha­bi­tação, a de­fesa na­ci­onal, a li­ber­dade e os di­reitos de­mo­crá­ticos e ainda as redes so­ciais.

Con­fi­ança num pro­jecto e num ideal

Já no final da úl­tima sessão, no do­mingo, antes do Se­cre­tário-geral do PCP di­rigir al­gumas pa­la­vras a todos aqueles jo­vens, e por seu in­ter­médio, à ju­ven­tude por­tu­guesa, usou ainda da pa­lavra Luís Silva, dos or­ga­nismos exe­cu­tivos da Di­recção Na­ci­onal.

«Que­remos mais. Que­remos me­lhor. E es­tamos a lutar por isso», afirmou, re­fe­rindo-se a todos os pro­blemas le­van­tados na­queles dois dias e em todos os ou­tros mo­mentos de con­tacto e de in­ter­venção que a JCP e os seus mi­li­tantes re­a­li­zaram desde o úl­timo con­gresso.

«Não é acei­tável que a ex­tra­or­di­nária cri­a­ti­vi­dade hu­mana, capaz de dar res­posta aos pro­blemas mais com­plexos, seja toda co­lo­cada ao ser­viço da gula de al­guns me­ga­ca­pi­ta­listas. Não é acei­tável que o tra­balho de mi­lhões de seres hu­manos sirva apenas para en­cher os bolsos de uns poucos», afirmou.

Foram muitas as cer­tezas com que aqueles jo­vens en­cer­raram o seu Con­gresso, mas a con­fi­ança ina­ba­lável que os jo­vens mi­li­tantes co­mu­nistas co­locam na ju­ven­tude por­tu­guesa e na sua luta, ga­rante-lhes que dali saem «mais fortes para con­ti­nuar o ca­minho das mil lutas no ca­minho de Abril», disse, por fim.

 

«Que belo Con­gresso!», saudou Je­ró­nimo de Sousa

«Que belo con­gresso que a Ju­ven­tude Co­mu­nista Por­tu­guesa re­a­lizou nestes dois dias! Ri­queza de de­bate e co­nhe­ci­mento da re­a­li­dade! Li­gação às pre­o­cu­pa­ções, aos in­te­resses e às as­pi­ra­ções da ju­ven­tude! De­bate vivo, mo­ti­vado pelo in­te­resse de olhar mais longe, de pro­curar as so­lu­ções certas para os pro­blemas e os ca­mi­nhos para lá chegar!» Foi desta forma que Je­ró­nimo de Sousa ini­ciou a sua in­ter­venção no 12.º Con­gresso da JCP, a úl­tima das muitas que ao longo de dois dias foram pro­fe­ridas no Ateneu Ar­tís­tico Vi­la­fran­quense.

No Con­gresso, va­lo­rizou ainda o Se­cre­tário-geral do Par­tido, foram de­ba­tidos os vá­rios pro­blemas que afectam os jo­vens – nas es­colas, no tra­balho, na acesso à ha­bi­tação, à cul­tura e ao des­porto, nas múl­ti­plas li­mi­ta­ções às li­ber­dades e ao di­reito de par­ti­ci­pação. O quadro ali tra­çado desta re­a­li­dade, acres­centou, teve «as cores vivas da re­a­li­dade que, como dizia Lé­nine, são sempre mais im­pres­sivas do que qual­quer es­crito ou te­oria».

Da aná­lise à res­posta, Je­ró­nimo de Sousa va­lo­rizou a or­ga­ni­zação e luta da ju­ven­tude «em torno dos seus di­reitos e in­te­resses, pela con­cre­ti­zação dos seus so­nhos e as­pi­ra­ções», como também nas «sig­ni­fi­ca­tivas mo­bi­li­za­ções ju­venis contra todas as dis­cri­mi­na­ções e em de­fesa do am­bi­ente». E saudou a de­ter­mi­nação dos jo­vens co­mu­nistas, bem evi­dente na­quele Con­gresso, de «tudo fazer para de­sen­volver essa mo­bi­li­zação e luta em torno de cada um dos pro­blemas e causas que a ju­ven­tude abraça como seus. De o fazer numa ampla uni­dade e em es­treita li­gação com todas as ex­pres­sões do mo­vi­mento ju­venil».

Par­ti­ci­pação, uni­dade e luta

Je­ró­nimo de Sousa re­feriu-se ainda às «ca­rac­te­rís­ticas muito par­ti­cu­lares» da JCP, que é si­mul­ta­ne­a­mente uma or­ga­ni­zação do Par­tido, em­bora com au­to­nomia, e parte in­te­grante do mo­vi­mento ju­venil por­tu­guês, onde as­sume ele­vadas res­pon­sa­bi­li­dades, de­sig­na­da­mente no Con­selho Na­ci­onal de Ju­ven­tude. Do mesmo modo que tem a sua or­ga­ni­zação, ide­o­logia, modo de fun­ci­o­na­mento, es­tilo de in­ter­venção e dis­ci­plina e, ao mesmo tempo, se as­sume como uma «es­tru­tura am­pla­mente aberta à par­ti­ci­pação de muitos ou­tros jo­vens, que nela en­con­tram o es­paço de li­ber­dade e in­ter­venção para com­bater as in­jus­tiças».

São estas ca­rac­te­rís­ticas, aliás, que em grande me­dida «as­se­guram a sua força», acres­centou o Se­cre­tário-geral.

Su­bli­nhando al­guns dos de­sa­fios que os jo­vens co­mu­nistas têm di­ante de si, Je­ró­nimo de Sousa enu­merou um con­junto de ta­refas ime­di­atas a que a JCP terá de res­ponder e des­tacou a im­por­tância es­tra­té­gica do re­forço da or­ga­ni­zação, que as­senta nos co­lec­tivos de es­cola e de local de tra­balho, aqui numa «ar­ti­cu­lação es­treita com as cé­lulas de em­presa do Par­tido», pois esta é uma «or­ga­ni­zação para in­tervir, para res­ponder aos pro­blemas, para afirmar o pro­jecto e o ideal co­mu­nista».

Um ter­ceiro de­safio prende-se com a ne­ces­sária uni­dade que urge de­sen­volver com as massas ju­venis, e não só nas es­colas e nas em­presas: «Há hoje mi­lhares de jo­vens en­vol­vidos de forma ge­ne­rosa em ac­ti­vi­dades des­por­tivas, cul­tu­rais, re­cre­a­tivas, so­ciais», lem­brou o di­ri­gente co­mu­nista.

«Vai ser fácil? Nem pensar! Mas os com­bates que te­remos de travar é que nos darão a têm­pera re­vo­lu­ci­o­nária para al­cançar o au­da­cioso ob­jec­tivo de li­ber­tação dos tra­ba­lha­dores e dos povos da ex­plo­ração e da opressão com aquela con­vicção que as der­rotas não nos de­sa­nimam e as vi­tó­rias não nos des­cansam», afirmou ainda Je­ró­nimo de Sousa.

 



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