Todo o pretexto serve…

Em cem anos de luta cabe muito. Cabem muitas lutas, dos tra­ba­lha­dores, contra o fas­cismo e em de­fesa de Abril, da ju­ven­tude, das mu­lheres. São 100 anos que se as­si­na­laram em Março deste ano, mas cujas co­me­mo­ra­ções se ini­ci­aram no ano pas­sado e que pros­se­guem, como nas re­centes ini­ci­a­tivas em torno das lutas da ju­ven­tude e pela eman­ci­pação da mu­lher. Ambas as ini­ci­a­tivas con­taram com di­versas in­ter­ven­ções; ambas foram, no geral, si­len­ci­adas pela co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante.

Vi­vemos tempos de febre fu­te­bo­lís­tica de grande in­ten­si­dade em tudo o que é meio de co­mu­ni­cação. Mas esta é só mais uma con­ve­ni­ente cir­cuns­tância que se vem juntar às que, no dia-a-dia, jus­ti­ficam o apa­ga­mento a que a acção e in­ter­venção do PCP é su­jeita.

Nestes casos nem se tratou da já ha­bi­tual de­tur­pação de temas tra­tados em cada ini­ci­a­tiva, como su­cedeu há dias na vi­sita do Se­cre­tário-Geral à Feira Na­ci­onal de Agri­cul­tura, em San­tarém, onde foi ques­ti­o­nado sobre a po­lé­mica em torno da trans­missão de dados pes­soais de pro­mo­tores de ma­ni­fes­ta­ções pela Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa. Desta vez, salvo ex­cep­ções cir­cuns­critas e mi­ni­mais, tratou-se sim­ples­mente de ig­norar que as ini­ci­a­tivas acon­te­ceram.

Esta opção pelo si­len­ci­a­mento tem sido, aliás, a que tem pre­do­mi­nado na co­ber­tura me­diá­tica das ini­ci­a­tivas pro­mo­vidas pelo PCP no âm­bito das co­me­mo­ra­ções do seu cen­te­nário. Foi assim quando se tratou de as­si­nalar a in­ter­venção do PCP na or­ga­ni­zação e luta dos tra­ba­lha­dores, em Junho do ano pas­sado, na Baixa da Ba­nheira; sobre a in­ter­venção dos co­mu­nistas no mo­vi­mento sin­dical, em Fe­ve­reiro pas­sado, em Lisboa; ou sobre o PCP e o 25 de Abril, em final de Março, no Porto.

Este manto de si­lêncio sobre aquilo que o PCP tem a dizer sobre os seus 100 anos de luta con­trasta de forma muito im­pres­siva com o lar­guís­simo es­paço dado a ter­ceiros, no­me­a­da­mente para quem, ao longo de anos, se des­tacou no com­bate ao PCP, para pe­rorar no es­paço me­diá­tico sobre a his­tória do PCP e o seu papel na his­tória re­cente do País, in­va­ri­a­vel­mente re­cor­rendo ao pre­con­ceito, seja ele mais ou menos ar­rei­gado.

À au­tên­tica ava­lanche de con­teúdos di­versos, da­queles com maior pre­tensão his­to­ri­o­grá­fica às ex­pres­sões mais gros­seiras de an­ti­co­mu­nismo, a que as­sis­timos no início de Março, se­guiu-se um apa­ga­mento do cen­te­nário. E se dú­vidas per­sis­tissem, as op­ções edi­to­riais pre­sentes nestas úl­timas ini­ci­a­tivas com­provam que se trata de uma ori­en­tação de­li­be­rada, tanto mais quando ambas as ini­ci­a­tivas, em si e pelo seu con­teúdo, deitam por terra pre­con­ceitos que estão ha­bi­tu­al­mente pre­sentes no tra­ta­mento me­diá­tico do PCP, tantas vezes apre­sen­tado como um par­tido en­ve­lhe­cido, sem fu­turo, con­ser­vador.

De facto, quando a re­a­li­dade des­mente as nar­ra­tivas me­diá­ticas, o mais fácil é ma­ni­pulá-la ou, mais sim­ples­mente, ocultá-la.



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