Livros que transformam na Festa do Avante!

Com uma es­tru­tura re­no­vada, com mais luz na­tural e uma me­lhor or­ga­ni­zação da cir­cu­lação, a Festa do Livro será mais uma vez, em 2021, um es­paço de de­bate e en­contro: com os li­vros, os es­cri­tores e os lei­tores. E com o mundo.

Li­vros, au­tores e a re­flexão sobre a re­a­li­dade

De­zenas de edi­toras e mi­lhares de tí­tulos, clás­sicos e no­vi­dades, lan­ça­mentos e pro­mo­ções, au­tores con­sa­grados e re­ve­la­ções, ses­sões de apre­sen­tação e ani­mados de­bates – de tudo isto se fará a edição deste ano da Festa do Livro. A ce­le­bração do Cen­te­nário do PCP será tema em des­taque.

No au­di­tório es­tarão em re­alce di­versas no­vi­dades e re­e­di­ções, com a pre­sença de au­tores, his­to­ri­a­dores, aca­dé­micos, di­ri­gentes e mi­li­tantes do Par­tido e da JCP, a de­bater os li­vros, mas so­bre­tudo a re­a­li­dade sobre a qual re­flectem:

Vozes ao alto (sexta-feira, 21h30). Nos 100 anos do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, apre­senta-se um livro cons­truído a partir de 100 ob­jectos e das suas his­tó­rias.

A ideia partiu de um ob­jecto comum: uma caixa de fós­foros. Qual a im­por­tância de uma caixa de fós­foros numa casa clan­des­tina? Este ob­jecto, como ou­tros, tem uma his­tória de vida. São ob­jectos co­muns guar­dados por mi­li­tantes, que contam a sua ex­pe­ri­ência pes­soal in­se­rida num co­lec­tivo, num fio de vozes e de von­tades que se cons­trói há 100 anos. A apre­sen­tação está as­se­gu­rada por três das pes­soas en­vol­vidas no pro­jecto: o fo­tó­grafo Adriano Mi­randa e as his­to­ri­a­doras Cris­tina No­gueira e Alice Sa­mara.

Ca­ta­rina de Todos Nós (sá­bado, 11h30). Ca­ta­rina Eu­fémia, mi­li­tante co­mu­nista e sím­bolo de co­ragem contra a di­ta­dura, foi as­sas­si­nada dia 19 de Maio de 1954 na luta pelo pão, a paz e a li­ber­dade. Em 1979, Si­dónio Mu­ralha, cujo cen­te­nário do nas­ci­mento se co­me­morou em 2020, es­creveu o livro Ca­ta­rina de Todos Nós para contar às novas ge­ra­ções a his­tória dessa cam­po­nesa co­ra­josa e so­li­dária, lan­çado agora numa nova edição, com ilus­tra­ções ori­gi­nais de Pedro Pe­nilo. A sessão conta com a par­ti­ci­pação do ilus­trador e a ani­mação de Vítor Ale­gria e Maria José Bor­ralho.

COVID-19, Re­lato de Um So­bre­vi­vente (sá­bado, 14h30). Da­niel Sam­paio es­tará na Festa, jun­ta­mente com o editor Ze­fe­rino Co­elho, a apre­sentar o seu novo livro, um im­pres­si­o­nante re­lato da sua in­fecção com a COVID-19 onde, além da re­lação com a do­ença, a ex­pe­ri­ência do in­ter­na­mento du­rante 50 dias e a luta pela vida, se va­lo­riza o papel in­subs­ti­tuível do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde en­quanto fer­ra­menta fun­da­mental de pro­gresso.

O Es­tado Ca­pi­ta­lista e as suas Más­caras (sá­bado, 15h30). An­tónio Avelãs Nunes pre­parou uma nova edição do seu livro de 2013, su­bli­nhando uma re­a­li­dade po­lí­tica, so­cial e eco­no­mi­ca­mente di­fe­rente: dos avanços tec­no­ló­gicos e da in­ten­si­fi­cação da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores às trans­for­ma­ções no pro­cesso de cons­trução da União Eu­ro­peia, pas­sando por uma pan­demia, as con­tra­di­ções ine­rentes ao sis­tema estão mais vi­sí­veis e agravam a sua pró­pria crise es­tru­tural.

Avante!: Vida, Ale­gria, Luta, Pro­jecto. A Festa Que a Re­acção Teme (sá­bado, 16h30). Um ano de­pois de uma cam­panha sem pa­ra­lelo contra a Festa do Avante!, lança-se um dos­sier que pro­cura, para além da com­pi­lação crí­tica e da de­núncia con­creta da ofen­siva, per­durar como tes­te­munho dos mé­todos a que não se coíbem de re­correr os que pre­tendem en­fra­quecer e li­quidar o PCP para assim mais fa­cil­mente in­ten­si­ficar e per­pe­tuar a ex­plo­ração de­sen­freada das novas e das vin­douras ge­ra­ções de tra­ba­lha­dores.

Guerra em An­gola – Diário de Um Mé­dico em Cam­panha (sá­bado, 17h30). Este livro de Mário Mou­tinho de Pádua é um im­pres­sivo re­lato na pri­meira pessoa sobre a guerra co­lo­nial em An­gola. Pela pri­meira vez edi­tado em Por­tugal, a obra vem, como des­creve Al­bano Nunes (que es­creveu o pre­fácio e es­tará na Festa a apre­sentar o livro) des­ferir «mais um po­de­roso golpe nas de­sa­cre­di­tadas te­o­ri­za­ções do “luso-tro­pi­ca­lismo”». Mais uma im­por­tante obra para lem­brar o que foi o fas­cismo e o co­lo­ni­a­lismo.

100 Anos de Luta (sá­bado, 18h30). A partir do livro 100 Anos de Luta ao Ser­viço do Povo e da Pá­tria, pela De­mo­cracia e o So­ci­a­lismo, que tem per­cor­rido o País, Mar­ga­rida Bo­telho, Ma­nuel Loff, Ma­nuel Pires da Rocha e Rita Branco juntam-se numa con­versa sobre a vida cen­te­nária do PCP, o seu papel na trans­for­mação da re­a­li­dade, o de­bate sobre a sua his­tória, a sua in­con­tor­nável con­tri­buição para a cul­tura por­tu­guesa, e so­bre­tudo o seu pro­jecto de fu­turo.

Elas Es­ti­veram nas Pri­sões do Fas­cismo (sá­bado, 21h30). Edi­tado pela URAP, esta obra é um im­por­tante con­tri­buto para des­tacar o re­le­vante, e por vezes es­que­cido, papel das mu­lheres no com­bate ao fas­cismo. O livro di­vulga ainda as or­ga­ni­za­ções fe­mi­ninas exis­tentes à época, cartas às or­ga­ni­za­ções fe­mi­ninas e de­mo­crá­ticas do mundo in­teiro, fala das mães que ca­mi­nharam para as pri­sões, de di­versos as­pectos da vida pri­si­onal e pu­blica uma cró­nica de um tempo som­brio. In­clui uma lis­tagem com o nome de 1755 mu­lheres presas nas ca­deias do fas­cismo.

Dentro de Ti, Ó Ci­dade (do­mingo, 11h30). Pu­bli­cado pelo Sector In­te­lec­tual do Porto do PCP, o livro Dentro de Ti, Ó Ci­dade é uma edição co­me­mo­ra­tiva dos 100 anos do Par­tido e que en­volveu 80 au­tores – entre ar­tistas plásticos, fotógrafos e es­cri­tores – com ligação à região.

No País do Si­lêncio (do­mingo, 14h30). Ro­mance de es­treia de Rita Cruz, pu­bli­cado agora pela Pá­gina a Pá­gina. Do ro­mance, de ar­qui­tec­tura só­lida e ritmo dis­rup­tivo, su­bli­nhamos a fi­gura cen­tral do si­lêncio, eixo em torno de que se movem os medos e os so­nhos das per­so­na­gens. Na origem deste livro, cuja acção atra­vessa o Por­tugal fas­cista de 1940 a 1974, está a ur­gência de afirmar a his­tória e pre­servar a me­mória de um tempo sem li­ber­dade, porque o es­que­ci­mento leva-nos a re­petir erros.

A Hu­ma­ni­dade em Questão (do­mingo, 15h00). Este de­bate tem como ponto de par­tida dois textos es­critos por jo­vens co­mu­nistas nos anos 30 do sé­culo pas­sado: A Cul­tura In­te­gral do In­di­víduo, de Bento de Jesus Ca­raça, e Um Pro­blema de Cons­ci­ência, de Álvaro Cu­nhal. As ques­tões que ambos co­locam per­ma­necem ac­tuais, como todas as grandes ques­tões. José Ba­rata-Moura, Pedro Maia e Ana Bis­caia (que ilus­trou o texto de Álvaro Cu­nhal) juntam-se nesta sessão para uma con­versa que se­gu­ra­mente de­mons­trará a im­por­tância destes textos.

O Neo-Re­a­lismo na His­tória do PCP (do­mingo, 16h00). Par­tindo de li­vros como A Noite In­quieta,de Ca­rina In­fante do Carmo, Ori­gens e De­ri­va­ções do Neo-Re­a­lismo Li­te­rário Por­tu­guês, de Do­mingos Lobo, So­eiro Pe­reira Gomes – Uma Bi­o­grafia Li­te­rária, de Gi­o­vanni Ric­ci­ardi, Neo-Re­a­lismo – Uma Poé­tica do Tes­te­munho, de Ma­nuel Gusmão, Sob Uma Ban­deira, de Jo­a­quim Na­mo­rado, este de­bate pro­cura abordar o mo­vi­mento neo-re­a­lista e ver como se in­ter­ligou com a pró­pria his­tória do PCP.




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