Comunistas da Austrália, Reino Unido e EUA condenam pacto nuclear contra a China

Re­pre­sen­tantes do Par­tido Co­mu­nista da Aus­trália, do Par­tido Co­mu­nista da Grã-Bre­tanha e do Par­tido Co­mu­nista dos EUA reu­niram-se para dis­cutir as im­pli­ca­ções da for­mação do AUKUS, um pacto mi­litar tri­par­tido que visa a China, con­de­nado de forma inequí­voca pelos co­mu­nistas.

AUKUS ameaça in­de­pen­dência, se­gu­rança e am­bi­ente na re­gião Ásia-Pa­cí­fico

O Par­tido Co­mu­nista da Aus­trália, o Par­tido Co­mu­nista da Grã-Bre­tanha e o Par­tido Co­mu­nista dos EUA «con­de­naram ine­qui­vo­ca­mente» o AUKUS, uma ali­ança mi­litar tri­par­tida es­ta­be­le­cida entre os go­vernos dos três países, bem como «o plano da Aus­trália com­prar ou con­ces­si­onar sub­ma­rinos de ataque com pro­pulsão nu­clear».

Num co­mu­ni­cado con­junto, os co­mu­nistas bri­tâ­nicos e norte-ame­ri­canos de­cla­raram o seu apoio e so­li­da­ri­e­dade ao Par­tido Co­mu­nista da Aus­trália, que apelou aos seus mem­bros e apoi­antes e a todos os amantes da paz a opor-se ac­ti­va­mente à de­cisão do go­verno de Cam­berra de juntar-se ao pacto AUKUS; de com­prar sub­ma­rinos nu­cle­ares; de ad­quirir mís­seis de cru­zeiro e ou­tras armas ofen­sivas; e de aco­lher no país mais tropas, na­vios de guerra, armas e aviões dos EUA.

Para os três par­tidos, o AUKUS é uma «res­posta às mu­danças na eco­nomia global, as quais estão a pro­mover um de­safio di­recto às normas ne­o­li­be­rais de go­ver­nação através do globo». Os EUA mantêm-se «de­ter­mi­nados a pre­servar a sua he­ge­monia po­lí­tica e eco­nó­mica na re­gião eco­no­mi­ca­mente em ex­pansão da Ásia-Pa­cí­fico».

Face ao de­clínio do poder eco­nó­mico dos EUA, a ali­ança tri­par­tida tem por ob­jec­tivo «amarrar a Aus­trália ainda mais fir­me­mente aos planos do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano de conter e con­trolar a Re­pú­blica Po­pular da China e de con­so­lidar a Aus­trália como rampa de lan­ça­mento para a co­erção e mesmo a guerra».

Ten­sões vão au­mentar

Con­si­de­rando que os EUA e o Reino Unido «sentem o mundo fugir entre os dedos», o que os leva a uma cada vez maior agres­si­vi­dade em vez de en­fren­tarem a re­a­li­dade eco­nó­mica e ge­o­po­lí­tica, o co­mu­ni­cado con­junto dos três par­tidos co­mu­nistas de­nuncia o AUKUS como «uma ali­ança mi­litar agres­siva e de­ses­ta­bi­li­za­dora que ar­rasa os ves­tí­gios de so­be­rania que a Aus­trália ainda man­tinha» e ali­menta o sonho do pri­meiro-mi­nistro Boris Johnson do ex­pan­si­o­nismo agres­sivo de uma «Grã-Bre­tanha global» de­pois do Brexit. E afirma mais: «Os go­vernos dos nossos três países roubam em­pregos, edu­cação, am­bi­ente, o or­ça­mento vital da saúde, bem-estar e muito mais para pagar os pre­pa­ra­tivos de uma guerra des­ne­ces­sária que be­ne­ficia apenas as cor­po­ra­ções do ar­ma­mento».

«Muitos países da Ásia-Pa­cí­fico só re­cen­te­mente emer­giram de um longo pe­ríodo de im­pe­ri­a­lismo eu­ropeu. Muitos deles vêem o AUKUS como uma ten­ta­tiva de voltar a impor o do­mínio mi­litar e a he­ge­monia eco­nó­mica do im­pe­ri­a­lismo na re­gião. Ine­vi­ta­vel­mente, as ten­sões vão crescer, como já su­gerem as res­postas da In­do­nésia e da Ma­lásia ao pacto» – des­tacam também os co­mu­nistas, re­al­çando que o AUKUS «ameaça a in­de­pen­dência, a se­gu­rança e o am­bi­ente na re­gião Ásia-Pa­cí­fico».

Assim, o Par­tido Co­mu­nista da Aus­trália, o Par­tido Co­mu­nista da Grã-Bre­tanha e o Par­tido Co­mu­nista dos EUA, jun­ta­mente com mo­vi­mentos da paz e am­bi­en­ta­listas, sin­di­catos, igrejas e or­ga­ni­za­ções de au­xílio, e muitos ou­tros grupos no mundo, re­jeitam a guerra contra a China ou uma Guerra Fria com a China; exigem que a Aus­trália, o Reino Unido e os EUA as­sinem e im­ple­mentem o Tra­tado de Proi­bição de Armas Nu­cle­ares, no quadro das Na­ções Unidas; exigem o fim das ali­anças mi­li­tares e a sua subs­ti­tuição pelo mul­ti­la­te­ra­lismo, a di­plo­macia e a co­o­pe­ração com a China para com­bater as ame­aças da pan­demia e da crise do clima; e exigem cortes nos or­ça­mentos mi­li­tares e o fim do en­fra­que­ci­mento eco­nó­mico com gastos mi­li­tares e a sua subs­ti­tuição por pro­vei­tosas eco­no­mias de tempos de paz.

«Nada menos que o fu­turo do nosso pla­neta de­pende de não haver uma Guerra Fria entre os EUA e a China», en­fa­tizam.




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