EUA agravam tensão contra a China em nome da hegemonia mundial

Os EUA ameaçam a paz e a estabilidade na região do Pacífico ao agravarem a tensão face à China, evidente em diversas iniciativas económicas, políticas e sobretudo militares de várias administrações, particularmente da actual.

A administração Biden eleva a novos patamares a ofensiva contra a China

Num extenso e fundamentado comunicado, emitido recentemente, o Conselho da Paz dos Estados Unidos da América (USPC, na sigla inglesa) revela a dimensão da ofensiva do imperialismo norte-americano visando conter o desenvolvimento e afirmação da República Popular da China. Esta ofensiva, que não começou sob a presidência de Joe Biden, eleva-se agora a novos e particularmente perigosos patamares.

Em menos de um ano de mandato, a administração Biden acumula provocações contra o país asiático, acusa o USPC, enumerando-as: do apoio militar e político a Taiwan à «intensa actividade naval e submarina» em zonas por onde passam grande parte das importações de petróleo chinesas, como o Mar da China Meridional ou os estreitos de Taiwan e Malaca; da nova base militar na costa noroeste da Austrália à criação de um novo pacto militar na região envolvendo EUA, Reino Unido e Austrália, o AUKUS.

No âmbito deste pacto, a Austrália será dotada de submarinos nucleares com capacidade para transportar mísseis e outras armas ofensivas, disponibilizando-se também para acolher mais tropas, armamento, navios e aviões de guerra norte-americanos no seu território. Transformando-se assim numa «rampa de lançamento» das provocações – ou da guerra – contra a República Popular da China, denuncia o Conselho da Paz dos EUA.

Ao mesmo tempo, acrescenta, as bases militares norte-americanas no Japão estão a ser «alargadas e reforçadas» e tanto este país como a Coreia do Sul acolhem já sistemas de mísseis dos EUA. A tudo isto somam-se acções políticas, diplomáticas e mediáticas tendentes a tornar «imaginável», aos olhos da opinião pública, uma guerra com a China, incluindo nuclear, alerta o USPC.

 

Uma questão de hegemonia

«O imperialismo norte-americano está determinado em manter a sua hegemonia na região da Ásia-Pacífico», afirma a organização, procurando explicar as razões que motivam o que apelida de nova guerra fria: «em todo o mundo, o poder económico dos EUA encontra-se em declínio relativamente à China. Com as actuais taxas de crescimento, a China será em breve a maior economia do mundo.»

Quanto à questão militar, é evidente que a China não representa qualquer ameaça para os EUA: as suas despesas militares ficam-se por cerca de 30 por cento das do Pentágono e, ao contrário dos Estados Unidos, não possui 800 bases militares espalhadas pelo mundo. «É o complexo militar-industrial norte-americano – Lockeed-Martin, Boeing, Raytheon Technologies, General Dynamics, Northrop Grumman – que está ansioso por uma nova guerra fria que lhe ofereça infinitas oportunidades de celebrar lucrativos contratos de armamento», garante o USPC.

Objectivo do imperialismo é, também, forçar a China a canalizar crescentes recursos para a Defesa, desviando-os assim de áreas económicas e sociais fundamentais para o desenvolvimento do país, como as que a levaram a retirar da pobreza centenas de milhões de pessoas ou a fornecer vacinas contra a COVID-19 a vários países do mundo, enquanto os EUA defendiam os «direitos de patente que protegem os lucros das grandes farmacêuticas».

Salvaguardar a paz

Esta crescente pressão sobre a China prejudica o povo norte-americano, «já sobrecarregado com os gastos astronómicos do Pentágono», considera o Conselho da Paz, alargando a todos os povos as consequências negativas desta opção do imperialismo: «Isto significará menos empregos, redução do investimento nas necessidades humanas, contracção dos mercados de exportação e aumento dos preços das importações», tudo isto acompanhado pelo incremento do racismo contra as populações asiáticas.

Assim, propõe, «no interesse da paz e do progresso, devemos pressionar por uma redução das tensões e por relações respeitosas, amigáveis e mutuamente benéficas» entre os EUA e seus aliados e a República Popular da China. O que não pode ser confundido, garante, com quaisquer indecisões acerca das responsabilidades do imperialismo norte-americano no agravamento da tensão internacional. Fazê-lo, aliás, enfraqueceria o movimento mundial pela paz e o desarmamento.




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