Novidades, reviravoltas e finais

Este final de ano trouxe, entre ou­tros acon­te­ci­mentos que ocu­param o pa­no­rama me­diá­tico na­ci­onal, três con­gressos par­ti­dá­rios, de PSD e seus su­ce­dâ­neos, já que no CDS a no­vela in­terna não o per­mitiu. Foram três con­gressos em que acon­teceu o que já se sabia que ia acon­tecer: não houve mu­dança na li­de­rança nem al­te­ração de fundo na es­tra­tégia. Se nos lem­brarmos do que há um ano se disse a pro­pó­sito do con­gresso do PCP, es­perar-se-ia agora ouvir o mesmo: que não houve no­vi­dade. Mas nada disso.

Aquilo a que as­sis­timos, antes e de­pois, foram horas e rios de tinta em­pe­nhados em criar acon­te­ci­mento em torno da pro­moção e des­pro­moção desta ou da­quela fi­gura de um lugar par­ti­dário de que nunca ou­vimos falar, das vi­tó­rias e der­rotas de mo­ções te­má­ticas. Ou seja, aquilo que no PCP é de­sin­te­res­sante (também houve al­te­ra­ções na com­po­sição dos or­ga­nismos de di­recção e, so­bre­tudo, dis­cussão sobre os pro­blemas do País e as res­postas ne­ces­sá­rias) nos ou­tros par­tidos é muito ex­ci­tante. Dirão al­guns nomes re­pu­tados no meio jor­na­lís­tico que nos ou­tros par­tidos há muito mais acção, andam todos à bulha e isso dá es­pec­tá­culo, con­fir­mando que no co­mando de muitas re­dac­ções já se es­queceu o papel do jor­na­lismo, tantas vezes tra­ves­tido de en­tre­te­ni­mento.

Mas mais do que isso, o que é feito com esta opção é uma pro­moção des­me­su­rada destes par­tidos pra­ti­cada de forma ac­tiva e cons­ci­ente. Ne­nhum mestre de pro­pa­ganda des­de­nharia como es­tra­tégia a in­tensa ope­ração de re­a­bi­li­tação do PSD. Rui Rio era um de­sastre, agora é um homem com ideias para re­formar o País. Rio es­tava a es­tender a pas­sa­deira ao PS, agora é a al­ter­na­tiva. Rio não tinha mão no par­tido dele, agora é o fautor da uni­dade in­terna. E estas afir­ma­ções são ditas e es­critas sem pudor pelos mesmos, antes e de­pois. Re­pro­du­zidas pelos mesmos meios de co­mu­ni­cação so­cial, antes e de­pois, sem ques­ti­onar.

Estas op­ções surgem em pleno pe­ríodo elei­toral, quando as três es­ta­ções de te­le­visão ge­ne­ra­listas se pre­param para re­petir o mo­delo de de­bates dis­cri­mi­na­tório que adop­taram em 2019. O PCP as­sumiu po­sição pú­blica, re­jei­tando dis­cri­mi­na­ções e afir­mando a suas dis­po­ni­bi­li­dade para par­ti­cipar em todos os de­bates que se re­a­lizem em con­di­ções de igual­dade. Para além dos ar­gu­mentos adi­an­tados na úl­tima edição do Avante!, está pre­sente a mesma ideia de trans­formar o pró­prio ca­len­dário de de­bates num es­pec­tá­culo, em que existem par­tidos de pri­meira e se­gunda ca­te­goria, aca­bando com a final – o de­bate dito de­ci­sivo, entre PS e PSD. De novo es­que­ceram-se, ou qui­seram es­quecer, que o seu papel é in­formar, não con­di­ci­onar opi­nião.

 



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