Valor e lugar da solidariedade

Jorge Cordeiro

A guerra, qual­quer que seja, ar­rasta con­sigo um cor­tejo de des­truição, ví­timas e so­fri­mento que exige que seja na pre­ser­vação da paz e na cons­trução de so­lu­ções po­lí­ticas que se en­con­trem res­posta para os con­flitos. As guerras, todas as guerras, e não só aquelas que se­lec­ti­va­mente se am­pliam no plano me­diá­tico, car­regam em si dra­má­ticas con­sequên­cias.

Guerra, seja qual for a de­sig­nação téc­nica a que se re­corra para a ca­rac­te­rizar, é si­nó­nimo de ine­vi­tável des­truição, mesmo aquelas a quem os cen­tros de do­mi­nação im­pe­ri­a­lista bap­tizam de «in­ge­rência hu­ma­ni­tária» em nome da qual ar­rasam ci­dades e países. As guerras acar­retam so­fri­mento hu­mano mesmo quando em al­gumas se re­duza a perda de vidas a meros «danos co­la­te­rais» e a ino­centes «ata­ques ci­rúr­gicos». Por isso devem ser evi­tadas. Porque cada vida é uma vida, sejam as cen­tenas de civis que já pe­re­ceram na Ucrânia (mais de 600, se­gundo a ONU), sejam as cen­tenas de mi­lhar que su­cum­biram na Síria, no Iraque, no Afe­ga­nistão, na Líbia ou na Ju­gos­lávia. Porque cada vida é uma vida, e a sua perda é uma perda do­lo­rosa de gente ino­cente, seja de que raça for, eu­ro­peus e de cor clara, ou de tez e olhos mais es­curos.

Os sen­ti­mentos de so­li­da­ri­e­dade vêm ao de cima nestes mo­mentos. Faz parte do valor da con­dição hu­mana, do me­lhor que in­di­vi­dual e co­lec­ti­va­mente deve ser pre­ser­vado. E, so­bre­tudo, res­pei­tado. A ins­tru­men­ta­li­zação destes va­lores para as en­caixar na es­tra­tégia de do­mi­nação im­pe­ri­a­lista é des­pre­zível. Ins­tru­men­ta­li­zação que faz parte da na­tu­reza do ca­pi­ta­lismo e do ca­rácter de­su­mano que o de­ter­mina. Funda-se na dis­cri­mi­nação e na exa­cer­bação de con­flitos. É ma­qui­a­ve­li­ca­mente se­lec­tivo. Não se guia pelo que de ge­nuíno esse sen­ti­mento hu­ma­nista en­cerra.

Ora se des­perta e exa­cerba, ora se si­lencia e des­va­lo­riza, in­te­grando-o a cada mo­mento, e em cada cir­cuns­tância, na ope­ração e ob­jec­tivos po­lí­ticos de quem à es­cala do mundo tem poder para o fazer. Es­ti­mu­lando a co­moção co­lec­tiva, ma­ni­pu­lando o que de emo­ci­onal é inato ao ser hu­mano, per­ver­tendo o que de mais sin­cero tem a di­mensão so­li­dária, con­ver­tendo-a em ex­pressão, ainda que não per­cep­ci­o­nada, de ins­ti­gação ao ódio, de acir­ra­mento de ani­mo­si­dades, de con­fronto entre povos. A so­li­da­ri­e­dade, e o apoio hu­ma­ni­tário, não pode ser con­fun­dida com apoio a grupos fas­cistas e nazis.

Paz e so­li­da­ri­e­dade são va­lores in­se­pa­rá­veis.




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