Agrava-se a repressão sobre o PAIGC

Pela ter­ceira vez em poucas se­manas, as au­to­ri­dades go­ver­na­men­tais da Guiné-Bissau for­çaram o adi­a­mento da re­a­li­zação do 10.º Con­gresso do PAIGC. A po­lícia atacou a sede do par­tido, em Bissau, e im­pede o acesso dos mi­li­tantes às ins­ta­la­ções.

Líder do PAIGC acusa pre­si­dente da Guiné-Bissau de estar por de­trás do ataque

A po­lícia in­vadiu a sede do Par­tido Afri­cano da In­de­pen­dência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), em Bissau, na sexta-feira, 18, à noite, vés­pera do início do 10.º Con­gresso do par­tido. O ataque, em que foram lan­çadas gra­nadas de gás la­cri­mo­génio, pro­vocou vá­rios fe­ridos, al­guns com gra­vi­dade.

Na sede, pró­xima do pa­lácio pre­si­den­cial, na Praça dos He­róis Na­ci­o­nais, en­con­trava-se reu­nido o Co­mité Cen­tral do par­tido e es­tavam pre­sentes ou­tros mi­li­tantes en­vol­vidos nos tra­ba­lhos pre­pa­ra­tó­rios do con­gresso.

A po­lícia, que im­pede agora a en­trada nas ins­ta­la­ções, alega estar «a cum­prir a lei» na sequência do des­pacho de um juiz man­dando sus­pender a re­a­li­zação do con­gresso.

O líder do PAIGC, Do­mingos Si­mões Pe­reira, acusou o pre­si­dente da Guiné-Bissau, Umaru Sis­soko Em­balo, de estar por de­trás da acção re­pres­siva. Con­denou o «uso des­pro­por­ci­onal e gra­tuito» de força pelos po­lí­cias às or­dens do chefe do Es­tado.

Na se­gunda-feira, 21, a Co­missão Pre­pa­ra­tória do 10.º Con­gresso do PAIGC anun­ciou a sus­pensão dos tra­ba­lhos da reu­nião. O con­gresso é adiado e os 1400 de­le­gados re­gressam aos seus lo­cais de origem, no país e no es­tran­geiro. Foi a ter­ceira vez que o con­gresso, pre­visto para Fe­ve­reiro, foi adiado a pre­texto de res­tri­ções sa­ni­tá­rias ou le­gais.

A co­missão pre­pa­ra­tória, em co­mu­ni­cado do seu pre­si­dente, Ma­nuel dos Santos, de­nun­ciou «a brutal carga po­li­cial» contra os mem­bros do co­mité cen­tral e ou­tros mi­li­tantes na sede do par­tido. E de­nun­ciou também «a pre­dis­po­sição de­mons­trada pelo re­gime di­ta­to­rial em uti­lizar os meios mais vi­o­lentos pos­sí­veis» para travar a re­a­li­zação do 10.º Con­gresso, «em fla­grante vi­o­lação dos di­reitos po­lí­ticos do Par­tido e das li­ber­dades e ga­ran­tias fun­da­men­tais de todos os seus mi­li­tantes e pondo em causa a paz e a tran­qui­li­dade dos ci­da­dãos».




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