Agricultores manifestam-se em Braga para defender a soberania alimentar

Hoje, 24 de Março, os agri­cul­tores vão fazer ouvir a sua voz, em Braga, por oca­sião da Feira Agro, em de­fesa da pro­dução na­ci­onal, da Agri­cul­tura Fa­mi­liar e da So­be­rania Ali­mentar do País.

Os agri­cul­tores pre­cisam ur­gen­te­mente de ajudas a fundo per­dido

A acção tem como ob­jec­tivo re­clamar do Go­verno o es­co­a­mento a preços justos para a pro­dução agrí­cola e flo­restal na­ci­onal, o com­bate à es­pe­cu­lação com o preço dos fac­tores de pro­dução e a de­fesa dos ren­di­mentos dos agri­cul­tores.

Em nota di­vul­gada no pas­sado dia 15, a Con­fe­de­ração Na­ci­onal da Agri­cul­tura (CNA) co­meça por sa­li­entar que as me­didas anun­ci­adas pela mi­nistra da Agri­cul­tura para fazer face à seca e aos efeitos do con­flito na Ucrânia «são ma­ni­fes­ta­mente in­su­fi­ci­entes para acudir à grave si­tu­ação dos agri­cul­tores, que ne­ces­sitam, no ime­diato e ur­gen­te­mente, de ajudas a fundo per­dido para salvar as ex­plo­ra­ções».

«O Go­verno e o Mi­nis­tério da Agri­cul­tura não podem con­ti­nuar com o ilu­si­o­nismo po­lí­tico da já co­nhe­cida pro­pa­ganda dos mi­lhões para a agri­cul­tura», re­fere a CNA, sa­li­en­tando que a an­te­ci­pação das ajudas da Po­lí­tica Agrí­cola Comum (PAC), «ainda que po­si­tiva, trata-se de di­nheiro que já é dos agri­cul­tores por di­reito, não é ex­tra­or­di­nário, é apenas an­te­ci­pado».

«No final da cam­panha, o re­sul­tado fi­nan­ceiro é o mesmo e assim não se re­cu­pera a perda de ren­di­mentos que se vai acu­mu­lando. Além do mais, re­giste-se que nos úl­timos anos as ajudas têm sido sempre adi­an­tadas, pelo que isso não cons­ti­tuiu qual­quer no­vi­dade», su­bli­nham os agri­cul­tores.

Re­la­ti­va­mente às anun­ci­adas li­nhas de cré­dito de mi­lhões, a CNA con­si­dera que «só irão agravar o en­di­vi­da­mento de um sector já es­tran­gu­lado, so­bre­tudo as pe­quenas e mé­dias ex­plo­ra­ções». «Para além das der­ro­ga­ções, de cré­ditos ou pro­jectos de in­ves­ti­mento para o fu­turo, os agri­cul­tores pre­cisam ur­gen­te­mente de ajudas a fundo per­dido pela perda de ren­di­mento e ca­pazes de repor o po­ten­cial pro­du­tivo per­dido», afirma a Con­fe­de­ração.

 

Agri­cul­tores re­ceiam avançar com as cul­turas

Com as cul­turas de Ou­tono/​In­verno per­didas e as ex­plo­ra­ções pe­cuá­rias a des­fa­zerem-se de ani­mais re­pro­du­tores por não terem meios para o ali­mentar, são muitos os agri­cul­tores que, face às des­pesas cres­centes e in­com­por­tá­veis e num clima de ins­ta­bi­li­dade, re­ceiam avançar com as cul­turas de Pri­ma­vera/​Verão, o que sig­ni­fica o fim, mais do que pro­vável, de muitas ex­plo­ra­ções.

«Com menos ex­plo­ra­ções, será cada vez maior a de­pen­dência ex­terna em bens agro-ali­men­tares. A so­be­rania ali­mentar do País fica cada vez mais com­pro­me­tida, numa al­tura em que o ca­minho de­veria ser o in­verso», ad­verte a CNA, con­si­de­rando ser pre­ciso «me­lhorar a dis­tri­buição de valor ao longo da ca­deia». «O “bom senso” na fi­xação dos preços tem de im­perar na­queles que mesmo antes da ac­tual crise já ficam com a grande mai­oria do valor ge­rado nas fi­leiras dos pro­duto agro-ali­men­tares, a grande dis­tri­buição», su­blinha a Con­fe­de­ração.

 

Travar a es­pe­cu­lação com o preço dos fac­tores de pro­dução

Numa re­cente reu­nião com o Mi­nis­tério da Agri­cul­tura, a CNA alertou para os pre­juízos que se somam nas ex­plo­ra­ções agrí­colas de­vido à seca e à es­ca­lada de es­pe­cu­lação com os preços dos fac­tores de pro­dução (energia, ra­ções, fer­ti­li­zantes, equi­pa­mentos, etc), com par­ti­cular des­taque para os com­bus­tí­veis.

«Se o pe­tróleo que agora está a ser re­fi­nado foi com­prado a preços muito in­fe­ri­ores aos ac­tuais, se não há es­cassez no mer­cado, como se jus­ti­fica a es­ca­lada brutal de preços?», in­ter­rogam os agri­cul­tores, ob­ser­vando: «O ga­sóleo agrí­cola já du­plicou de preço só no úl­timo ano».

No mesmo es­paço de tempo, os adubos au­men­taram 200 por cento (de 200 para 600 euros a to­ne­lada) e o «feno a mesma coisa», in­formou, à Lusa, Is­ménio Oli­veira, co­or­de­nador da As­so­ci­ação Dis­trital dos Agri­cul­tores de Coimbra (Adaco).

A União de Agri­cul­tores e Bal­dios do Dis­trito de Aveiro (UABDA) deu ou­tros exem­plos: em 2002 um saco de ração de 50 quilos cus­tava 9,33 euros, hoje, um saco de 30 quilos, custa 13,80 euros. Já um saco de 50 quilos de fer­ti­li­zantes cus­tava 10,27 euros e, hoje, um saco de 25 quilos custa 18,25 euros.

Pro­postas
Porque «em tempos ex­tra­or­di­ná­rios são ne­ces­sá­rias me­didas ex­tra­or­di­ná­rias», a Con­fe­de­ração re­clama, além da isenção ou re­dução de tri­bu­tação em sede de Im­posto sobre Pro­dutos Pe­tro­lí­feros para o ga­sóleo agrí­cola, que o Go­verno im­ponha um tecto má­ximo nos preços dos com­bus­tí­veis e a re­gu­lação do mer­cado que neste mo­mento só fa­vo­rece as grandes em­presas pe­tro­lí­feras.

«Não se pode ad­mitir que en­quanto as em­presas de com­bus­tí­veis apre­sentam lu­cros mi­li­o­ná­rios, o Go­verno fique à es­pera de au­to­ri­za­ções de Bru­xelas para mexer nos im­postos sobre os com­bus­tí­veis ou para qual­quer outra al­te­ração», afirma a CNA.

 



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