«O futuro constrói-se com o PCP» afirmou-se no Seixal e em todo o País

Num grande al­moço co­me­mo­ra­tivo do 101.º ani­ver­sário do PCP, re­a­li­zado no do­mingo, 3, no Seixal, Je­ró­nimo de Sousa ga­rantiu ser este o «Par­tido com que os tra­ba­lha­dores e o povo sempre podem contar em todas as cir­cuns­tân­cias». Por todo o País, mul­ti­plicam-se as ini­ci­a­tivas co­me­mo­ra­tivas.

O Go­verno per­ma­nece sub­misso aos in­te­resses do grande ca­pital e da UE

Cerca de 500 pes­soas, mai­o­ri­ta­ri­a­mente do con­celho do Seixal, en­cheram por com­pleto o Pa­vi­lhão Mul­tiusos da Quinta da Ma­ri­alva, em Cor­roios, para ce­le­brar os 101 anos de vida e de luta do PCP. Mas para além do ex­pres­sivo nú­mero de pre­senças, outro factor con­tri­buiu para fazer desta uma mar­cante sessão: a ale­gria de voltar a re­a­lizar esta tra­di­ci­onal ini­ci­a­tiva, após dois anos de in­ter­rupção de­vido à epi­demia, que se fez sentir na forma como se con­viveu, como se re­agiu às in­ter­ven­ções, como se cantou o Avante, Ca­ma­rada,A In­ter­na­ci­onal e A Por­tu­guesa e como, de punho di­reito bem cer­rado e por mais de uma vez, se gritou PCP! PCP! PCP!.

E não é para menos, ou não se es­ti­vesse ali a co­me­morar o per­curso e, so­bre­tudo, o fu­turo dos que, ge­ração após ge­ração, le­varam por di­ante a luta pela «li­ber­dade, jus­tiça, paz, so­li­da­ri­e­dade, fra­ter­ni­dade e pro­gresso so­cial que trans­porta o ideal co­mu­nista», como lem­brou o Se­cre­tário-geral, que mo­mentos antes tinha re­al­çado que «não houve luta em de­fesa do povo e do País que o PCP não ti­vesse tra­vado; não houve e não há avanço, con­quista, pro­gresso que não tenha con­tado com as ideias, o es­forço, a luta dos co­mu­nistas, do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês».

Para Je­ró­nimo de Sousa, este é, ainda, o «Par­tido de pa­lavra que não trai os seus com­pro­missos com os tra­ba­lha­dores, com o povo e com o País» e é por essa razão que é com ele que «o fu­turo se cons­trói».

Tempos di­fí­ceis?

Para quem?

São co­me­mo­ra­ções que, como su­bli­nhou o Se­cre­tário-geral, de­correm num «quadro po­lí­tico mais des­fa­vo­rável à de­fesa dos in­te­resses po­pu­lares e ar­ras­tando novas di­fi­cul­dades e re­sis­tên­cias à re­so­lução dos grandes pro­blemas na­ci­o­nais», desde logo de­cor­rentes dos re­sul­tados das elei­ções de 30 de Ja­neiro e do pró­prio de­sen­vol­vi­mento da si­tu­ação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal. Mas elas devem-se, acima de tudo, às «op­ções do PS e dos seus go­vernos a favor dos grandes in­te­resses eco­nó­micos e fi­nan­ceiros e da sua sub­missão à União Eu­ro­peia», acres­centou.

Ora, o que estas úl­timas se­manas mos­tram é pre­ci­sa­mente a ma­nu­tenção e até apro­fun­da­mento destas op­ções, bem vi­sí­veis nas po­si­ções e de­ci­sões to­madas sobre o fu­turo das po­lí­ticas eco­nó­micas e or­ça­men­tais ins­critas no Pro­grama de Es­ta­bi­li­dade: as so­lu­ções de que o País pre­cisa con­ti­nu­arão em «banho-maria» e as con­di­ções de vida do povo co­nhe­cerão novos agra­va­mentos. O «dis­curso da tor­menta», pro­nun­ciado uma vez mais pelo pri­meiro-mi­nistro, não é ino­cente e ser­virá uma vez mais para – agora a pre­texto da guerra, como antes da pan­demia – «não se fazer e adiar o que deve ser feito», acusou o Se­cre­tário-geral do Par­tido.

Sobre os «tempos di­fí­ceis» que o Go­verno ga­rante que se está hoje a viver, Je­ró­nimo de Sousa ques­tiona: «Não sa­bemos de que vidas fala, mas não es­tará a falar das vidas dos que ga­nham com a guerra lá fora e cá dentro, nem tão pouco das vidas dos ac­ci­o­nistas das em­presas co­tadas na bolsa de Lisboa, que no ano pas­sado viram os lu­cros das suas em­presas crescer 50 por cento, com al­gumas a du­plicá-los à guisa da pro­cla­mada “tor­menta” da pan­demia.» Já em re­lação aos sa­lá­rios, as per­cen­ta­gens de «au­mento», des­tacou, «vão do zero vír­gula qual­quer coisa ao um vír­gula pouco e, em geral, a descer o seu valor real».

Para Je­ró­nimo de Sousa, o «es­cân­dalo dos es­cân­dalos» é o facto de os au­mentos sa­la­riais, quando existem, serem su­por­tados por di­nheiros pú­blicos, quando de­ve­riam ser as em­presas e os grupos pri­vados a fazê-lo: cerca de 100 mi­lhões de euros em apoios, foram parar às mãos de dez em­presas, que têm «fa­bu­losos lu­cros», seis são em­presas de tra­balho tem­po­rário e duas da grande dis­tri­buição, uma delas a Sonae.

Re­sistir e lutar

Antes, in­ter­veio João Mar­tins, do Exe­cu­tivo da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal do PCP, que co­meçou por saudar os que, «todos os dias, aqui no nosso con­celho do Seixal, afirmam o pro­jecto de uma so­ci­e­dade nova, as­se­gu­rando as mais di­versas ta­refas e res­pon­sa­bi­li­dades do nosso tra­balho co­lec­tivo». Este di­ri­gente va­lo­rizou, em se­guida, as lutas dos tra­ba­lha­dores das au­tar­quias, da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, da BorgWarner, da SN-Seixal, da Lu­so­sider, da Elo-Au­to­mo­tive, da Amarsul e das grandes su­per­fí­cies, bem como as do povo do con­celho pela re­po­sição das fre­gue­sias, pela cons­trução da Es­cola Bá­sica 2/​3 e Se­cun­dária de Fernão Ferro, por mais e me­lhores trans­portes pú­blicos, pela re­dução do preço do passe in­ter­modal, por mé­dicos de fa­mília, pela cons­trução do Hos­pital do Seixal. Em todas, des­tacou, es­teve o PCP.

Mó­nica Men­donça, da JCP, va­lo­rizou as «grandes jor­nadas de luta da ju­ven­tude» que an­te­ce­deram aquele al­moço, des­ta­cando as ma­ni­fes­ta­ções dos es­tu­dantes do En­sino Su­pe­rior, a 24 de Março, e dos jo­vens tra­ba­lha­dores, a 31. Todas elas «in­dis­so­ciá­veis do pa­tri­mónio de 101 anos de luta e in­ter­venção nosso Par­tido junto da ju­ven­tude». A di­ri­gente da JCP sa­li­entou ainda o facto de todas estas lutas de­cor­rerem num quadro ide­o­ló­gico di­fícil, em que se pro­cura impor o an­ti­co­mu­nismo e o pen­sa­mento único.

Na mesa da ini­ci­a­tiva es­ti­veram ainda di­ri­gentes na­ci­o­nais, re­gi­o­nais e lo­cais do Par­tido e au­tarcas do con­celho.


Pela paz, contra a sub­missão

O Se­cre­tário-geral do Par­tido acusou ainda o Go­verno de «se­gui­dismo e sub­missão» face aos EUA, à NATO e à UE, ao fazer coro com a sua po­lí­tica de ame­aças e san­ções. Re­ve­la­dora foi a sua par­ti­ci­pação ac­tiva nas re­centes con­clu­sões do Con­selho Eu­ropeu, ali­nhadas com as con­clu­sões da Ci­meira da NATO, que apontam no sen­tido do agra­va­mento da con­fron­tação «que está na origem da grave si­tu­ação ac­tual».

As me­didas apro­vadas, re­alça Je­ró­nimo de Sousa, em vez con­tri­buírem para o de­sa­nu­vi­a­mento e para parar a guerra, são ob­jec­ti­va­mente «de sen­tido con­trário, in­sis­tindo num re­for­çado im­pulso be­li­cista, pro­mo­vendo um novo e mais grave salto na ins­ta­lação de meios e con­tin­gentes mi­li­tares no con­ti­nente eu­ropeu e de mais san­ções eco­nó­micas e fi­nan­ceiras, com novos e mais gra­vosos im­pactos na vida dos povos, in­cluindo no brutal au­mento da in­flação».

A es­ca­lada ar­ma­men­tista e as san­ções não servem a paz nem os in­te­resses dos povos, ga­rantiu o Se­cre­tário-geral do Par­tido, ga­ran­tindo que elas servem, sim, os «lu­cros da in­dús­tria de ar­ma­mento», os que «se apro­veitam das san­ções para au­mentar lu­cros» e os «be­ne­fi­ciá­rios di­rectos do re­di­rec­ci­o­na­mento da de­pen­dência ener­gé­tica de di­versos países na União Eu­ro­peia»e, no­me­a­da­mente, os EUA.

 

A força ímpar de ce­le­brarmos juntos

Este ano, o ani­ver­sário do PCP voltou a ser ce­le­brado em cen­tenas de ini­ci­a­tivas de con­vívio en­vol­vendo mi­lhares de pes­soas em todo o País. De­pois de dois anos em que ti­veram de co­me­morar de outra forma, de­vido à epi­demia, os co­mu­nistas e seus ali­ados vol­taram a ce­le­brar juntos – pre­ci­sa­mente como mais faz sen­tido.

 Basta con­sultar a Agenda do Avante! para ve­ri­ficar o vo­lume de ini­ci­a­tivas de co­me­mo­ração do 101.º ani­ver­sário do PCP, le­vadas a cabo ao mesmo tempo que se de­sen­volve a acção par­ti­dária e a luta. Nas in­ter­ven­ções pro­fe­ridas, es­ti­veram em des­taque a si­tu­ação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, a ofen­siva contra o Par­tido, a luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções e o ne­ces­sário re­forço da or­ga­ni­zação e da in­ter­venção par­ti­dá­rias.





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