Recuperar poder de compra é essencial para envelhecer com dignidade

O au­mento mí­nimo de 20 euros as­se­gu­rando o poder de compra para todas as pen­sões foi uma das pro­postas que Je­ró­nimo de Sousa apre­sentou no en­contro com re­for­mados, pen­si­o­nistas e idosos que acon­teceu, dia 12, no Centro de Tra­balho Vi­tória, em Lisboa.

En­ve­lhecer com di­reitos é, para o PCP, uma causa ci­vi­li­za­ci­onal


O salão en­cheu-se, du­rante a tarde de terça-feira, com os vá­rios mi­li­tantes, amigos e re­pre­sen­tantes de or­ga­ni­za­ções li­gadas a esta ca­mada da so­ci­e­dade. A de­zena de tes­te­mu­nhos re­a­li­zados na sessão (ver caixa) con­firmou o quão pre­o­cu­pantes são os pro­blemas com que se de­frontam os re­for­mados, pen­si­o­nistas, idosos e as suas fa­mí­lias.

«Tes­te­mu­nhos que nos dão si­nais claros de que há um ca­minho de re­tro­cesso so­cial em de­sen­vol­vi­mento», afirmou Je­ró­nimo de Sousa, cuja in­ter­venção en­cerrou o en­contro. Para o PCP, este ca­minho não é ine­vi­tável. O «an­tí­doto» para o in­verter está «na luta so­cial e ins­ti­tu­ci­onal e nas pro­postas al­ter­na­tivas» que os­co­mu­nistas apre­sentam «em de­fesa de di­reitos eco­nó­micos, so­ciais, po­lí­ticos e cul­tu­rais do povo».

Pri­o­ri­dades claras

Se­gundo Je­ró­nimo de Sousa, para dar res­posta aos muitos pro­blemas que afligem esta nu­me­rosa ca­mada so­cial é, desde logo, fun­da­mental agir para «pre­venir e com­bater a pe­ri­gosa es­ca­lada de au­mento dos preços dos bens e ser­viços es­sen­ciais que está a apro­fundar a de­gra­dação» das suas con­di­ções de vida.

Para travar esta es­ca­lada de au­mentos dos preços, adi­antou, é ne­ces­sário um com­bate sério à es­pe­cu­lação e a con­cre­ti­zação das pro­postas já apre­sen­tadas pelo PCP, como a fi­xação de preços má­ximos da energia, gás, com­bus­tí­veis e todos os bens es­sen­ciais, o fim da dupla tri­bu­tação sobre os pro­dutos pe­tro­lí­feros e a re­dução do IVA para seis por cento no gás e na elec­tri­ci­dade.

No en­tanto, não bastam estas me­didas. Como o PCP tem vindo a afirmar, é pre­ciso va­lo­rizar as re­formas e pen­sões: «É ne­ces­sário pro­ceder a um au­mento ex­tra­or­di­nário das pen­sões, para o pre­sente ano, que en­frente a perda do poder de compra dos re­for­mados», sa­li­entou Je­ró­nimo de Sousa, acres­cen­tando que esta «perda de poder de compra que não tem res­posta na anun­ciada pro­posta de au­mento de dez euros que o Go­verno de­veria ter con­cre­ti­zado em Ja­neiro de 2022 e que, por opção do PS, foi adiada e trans­for­mada numa ope­ração de chan­tagem elei­toral sobre os re­for­mados», acres­centou.

Face às ac­tu­a­li­za­ções das re­formas re­gis­tadas em Ja­neiro – que se si­tu­aram apenas entre 0,24 e um por cento – e a pre­vi­sível in­flação – cujo valor anual já se dá por certo es­calar acima dos cinco por cento – é, para o PCP, «da maior jus­tiça que sejam adop­tadas me­didas ime­di­atas de va­lo­ri­zação de todas as pen­sões» com um au­mento mí­nimo de 20 euros em todas elas.

A opção do PCP acerca do au­mento geral das re­formas não é uma po­sição de hoje. «É dela que re­sultam os au­mentos ex­tra­or­di­ná­rios das pen­sões mais baixas no pe­ríodo de 2017 a 2021», lem­brou Je­ró­nimo de Sousa.

Pôr fim ao au­mento da idade da re­forma, pela re­po­sição da idade legal da re­forma aos 65 anos, ga­rantir o di­reito à re­forma sem pe­na­li­za­ções de quem tem 40 ou mais anos de des­contos e a cri­ação de dois novos es­ca­lões de pen­sões mí­nimas que va­lo­rizem as car­reiras con­tri­bu­tivas mais longas, são al­gumas das pro­postas e lutas com as quais o PCP está com­pro­me­tido.

No ser­viço de apoio aos idosos em si­tu­ação de de­pen­dência, o Par­tido re­a­firma que é ina­diável a cri­ação de uma Rede Pú­blica de Lares com pro­fis­si­o­nais de­vi­da­mente va­lo­ri­zados que ponha fim às listas de es­pera e aos lares ile­gais.

Na área da saúde, para o PCP, o ca­minho passa por ga­rantir a todos um mé­dico de fa­mília, a su­pe­ração dos atrasos no acom­pa­nha­mento das di­versas pa­to­lo­gias e re­forçar os cui­dados de me­di­cina fí­sica e de re­a­bi­li­tação, bem como da saúde mental.

 

Por di­reitos e dig­ni­dade

«Vencer o medo e pro­mover ac­ções que pro­movam a re­toma do di­reito a viver com con­fi­ança e se­gu­rança está no nosso ho­ri­zonte, como o de­mons­trámos numa acção con­junta da Inter-Re­for­mados e do MURPI a 22 de Ou­tubro, no con­tacto que ti­vemos com a po­pu­lação em mais de 15 dis­tritos do País.»

Ca­si­miro Me­neses

«Não há des­culpas para o Go­verno não me­lhorar a vida dos re­for­mados e trazer qua­li­dade de vida. Não há des­culpas nem álibis para não au­mentar todas as pen­sões com au­mentos dignos.»

Júlio Vintém

«É efec­ti­va­mente ne­ces­sário e ur­gente dar com­bate ao iso­la­mento e so­lidão, in­cen­ti­vando a re­a­ber­tura dos cen­tros de con­vívio e re­for­mando-se as ac­ti­vi­dades lú­dicas, cul­tu­rais e des­por­tivas.»

José Núncio

«A au­sência de res­posta do Es­tado à ne­ces­si­dade de equi­pa­mentos vá­rios (lares, cen­tros de dia e ainda apoio do­mi­ci­liário in­te­grado, etc.) con­firma o de­se­jável e ur­gente alar­ga­mento destas redes para res­ponder aos pro­blemas mais pre­mentes do en­ve­lhe­ci­mento da po­pu­lação.»

Te­resa Amélia

«E não vale a pena dizer que o sector pri­vado da saúde com­ple­menta o SNS. Não há ne­nhuma com­ple­men­ta­ri­dade, há é uma feroz con­cor­rência para tornar a saúde num ne­gócio al­ta­mente lu­cra­tivo.»

Ar­lindo Costa

«É pre­o­cu­pante o au­mento da po­breza na po­pu­lação re­for­mada, o qual passou de 15,7 por cento em 2019 para 18 por cento em 2020 (sendo de 20 por cento nas mu­lheres e para as mai­ores de 65 anos 22,5 por cento).»

De­o­linda Ma­chado

«É fun­da­mental dar um com­bate sem tré­guas às de­si­gual­dades so­ciais e à po­breza entre idosos, cum­prir os di­reitos dos re­for­mados, pen­si­o­nistas e idosos, fa­zendo avançar o di­reito de en­ve­lhecer com qua­li­dade de vida e dig­ni­dade.»

Jo­a­quim Gon­çalves

«Os dois anos de pan­demia de­mons­traram que o sis­tema pú­blico de pro­tecção e de se­gu­rança so­cial foi fun­da­mental para res­ponder a ne­ces­si­dades so­ciais dos tra­ba­lha­dores e da po­pu­lação. Mas esta re­a­li­dade não pode ocultar as fa­lhas e as de­bi­li­dades (…).»

Vítor Du­arte (lida por Cou­tinho Du­arte)

«O Pro­grama [do Go­verno] in­clui o di­reito à se­gu­rança so­cial no ponto sobre a er­ra­di­cação da po­breza, o que tem sub­ja­cente uma con­cepção as­sis­ten­ci­a­lista. Não é esta a fi­na­li­dade da se­gu­rança so­cial.»

Fer­nando Mar­ques

«Um outro factor de de­pen­dência do trans­porte pú­blico é a si­tu­ação de iso­la­mento. Se­gundo os úl­timos censos, no nosso país havia quase 180 mil pes­soas em agre­gados con­si­de­rados iso­lados, dos quais cerca de 10 por cento com mais de 65 anos.»

Eu­génio Ber­nardes

«Uma coisa é su­bor­dinar a forma de en­carar o en­ve­lhe­ci­mento e as so­lu­ções que lhe dizem res­peito a mo­ti­va­ções eco­nó­mico-fi­nan­ceiras do ca­pi­ta­lismo, outra coisa é a con­cre­ti­zação do ob­jec­tivo de sa­tis­fazer as reais ne­ces­si­dades de toda a po­pu­lação (…).»

João Araújo





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