Pela Paz, contra a exploração e a guerra. Abril sempre

João Dias Coelho (Membro da Comissão Política)

Vivemos hoje tempos em que sopram ventos de escuridão crescente, com o grande capital e direita política, económica e social, com o concurso do PS, a promoverem o anticomunismo, tendo como objectivo aumentar a exploração, limitar direitos, condicionar a opinião. E, através dos poderosos meios de que dispõem, distorcer e manipular a verdade, criminalizando aqueles que deles discordam, para impor o que dizem ser a verdade única, a sua.

Não hesitam, quando essa é a porta de saída, em recorrer à guerra, como aconteceu nos Balcãs, tem acontecido na Palestina, no Iémen, na Síria, no Iraque e agora na Ucrânia, dizimando milhares de vidas para prosseguirem a pilhagem e a exploração.

Hoje, como antes, ao mesmo tempo que medra o caldo de cultura da intolerância e do ostracismo e se promovem os valores neofascistas, condena-se aqueles que se não se deixam meter na caixinha do pensamento único, ousando dizer Não! aos valores e ideias da ideologia dominante – o capitalismo. Por isso, e tal como no período fascista, são apontados a dedo, apelidados de antipatriotas e antidemocráticos.

Mas, parafraseando o poeta, Há sempre alguém que diz não!: por muitas voltas que dêem, por muito que incomode alguns, os valores de Abril, de liberdade, democracia, igualdade, paz e solidariedade entre os povos, estão profundamente enraizados no povo português.

Ao lutarem, hoje como sempre, pelos valores da democracia, da liberdade, da solidariedade entre os povos, contra a guerra e pela paz, indissociáveis da luta pelo direito ao trabalho com direitos, por melhores salários e reformas, melhores serviços públicos, contra a exploração e por uma justa distribuição da riqueza, o PCP e muitos outros democratas e patriotas afirmam-se – e são – coerentemente diferentes. O que, como o demonstra toda a história do movimento operário e democrático internacional, é estar do lado certo da História: com Abril e os seus valores, consagrados na Constituição da República Portuguesa; é estar e lutar com convicção pelo direito internacional inscrito na Carta das Nações Unidas.

Organizar e lutar

Se a liberdade não tem dono, como afirma um «cronista», a verdade é que há quem contra ela atente e isso coloca, de um lado, os que por ela lutaram e lutam e, por outro, os que contra ela agem todos os dias – nas empresas e na sociedade.

Sim, Abril defende-se na luta de cada dia, nas empresas e na rua, exercendo os direitos, pugnando por um país mais solidário e um mundo mais justo, combatendo os que, usando eufemismos e evocando Abril, o querem destruir.

Defende-se dizendo Não! à guerra (seja ela onde for), pois só serve os interesses do grande capital e dos senhores da guerra que dominam a indústria armamentista, e lutando pela paz e a solidariedade entre os povos.

Sim, os valores da Revolução de Abril, e o que eles projectam para o futuro, perduram não só no imaginário daqueles que o fizeram e foram protagonistas do acto e do processo, como no de milhares de jovens. Por isso, Abril vive e viverá contando, como sempre contou, com o PCP. Conta e contará com a força transformadora da luta dos trabalhadores e do povo.

Reforçar o Partido, designadamente nas empresas e locais de trabalho; ter mais e mais ligação aos trabalhadores e ao povo, dando corpo e expressão aos seus direitos, interesses e aspirações; intensificar a luta de massas contra a exploração; reforçar as organizações unitárias e de classe dos trabalhadores e das populações; travar o ímpeto dos valores antidemocráticos – constituem pedras angulares da defesa dos valores de Abril, da luta pela paz e contra a guerra.




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