Perigos e potencialidades

Albano Nunes

A realidade mostra o acerto das análises do PCP sobre a evolução da situação internacional

Em tempos de obscurantismo e reacção, quando a ideologia dominante consegue influenciar negativamente largas camadas da população, a firmeza de convicções e a confiança na classe operária e nas massas e na força da sua luta organizada são mais do que nunca necessárias a um partido revolucionário. Convicções e confiança que serão tanto mais fortes quanto mais certeiras forem as suas análises e orientação política. É a própria história centenária do PCP que o ensina.

E o que nos mostra a realidade actual em relação ao PCP quando a frenética ofensiva militarista do imperialismo está a ameaçar o mundo com a imposição de uma autêntica ditadura dos EUA e dos seus mais poderosos aliados?

Está a mostrar que Marx e Engels tinham razão quando escreveram em A Ideologia Alemã: «no desenvolvimento das forças produtivas atinge-se um estádio no qual se produzem forças de produção e meios de intercâmbio que, sob as relações existentes, só causam desgraça, que já não são forças de produção mas forças de destruição». É o que está a acontecer com a perversa utilização pelo capitalismo das conquistas da ciência e da técnica.

Está a confirmar Lénine e a suas teses sobre o imperialismo, que é a insaciável gula dos monopólios por mercados, fontes de matérias primas e mão-de-obra barata a causa das guerras de rapina e opressão nacional e de terríveis conflagrações como as duas guerras mundiais do século passado.

E está a evidenciar o acerto das análises do PCP sobre a evolução da situação internacional, nomeadamente quando na Resolução Política do XXI Congresso são destacados como traços fundamentais o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, um processo de rearrumação de forças em que se destaca o declínio dos EUA e o impetuoso desenvolvimento da China e o prosseguimento por todo o mundo da luta dos trabalhadores e dos povos.

É neste quadro que se compreende a violenta ofensiva do imperialismo para defender a hegemonia conquistada há trinta anos com o desaparecimento da URSS, para conter, enfraquecer e derrotar tudo quanto se lhe oponha, seja ao nível de Estados (como no caso da Rússia e sobretudo da China), seja a nível da luta social e política das massas populares, ao propósito de impor a sua hegemonia planetária. Para o grande capital financeiro e especulativo como para o poderoso complexo militar-industrial trata-se de uma luta de vida ou de morte, em que os sectores mais reaccionários e agressivos do imperialismo recorrem cada vez mais ao fascismo e à guerra como «saída» para a crise em que o capitalismo se debate. Quem tenha considerado exagerada esta apreciação do nosso Congresso atente bem na promoção dos nazis do batalhão Azov à categoria de heróicos defensores do «mundo livre» e no que está a passar-se por esse mundo fora, incluindo Portugal, com o branqueamento e promoção do fascismo que, como sempre, avança a par do anticomunismo.

Entretanto há na Resolução Política do XXI Congresso uma outra tese fundamental que também a prática está a confirmar, a tese de que grandes perigos coexistem com reais potencialidades de transformações progressistas e revolucionárias. É preciso não perder de vista esta tese na nossa perseverante intervenção quotidiana entre as massas.




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