Protestos nos EUA pelo direito ao aborto e contra falta de medidas governamentais
Centenas de pessoas protestaram no sábado, 9, em frente à Casa Branca, em Washington, exigindo acções do governo norte-americano para preservar o direito ao aborto nos Estados Unidos da América, após a decisão do Supremo Tribunal de anular uma sentença que garantia esse direito, desde há quase meio século.
Manifestações semelhantes realizaram-se também em outras cidades – como Nova Iorque, Los Angeles e Chicago –, em sinal de repúdio pela sentença do órgão judicial máximo do país.
No passado 24 de Junho, o Supremo Tribunal dos EUA, de maioria reaccionária, determinou anular a sentença de 1973 do caso conhecido como «Roe vs. Wade» e, dessa forma, provocou o que muitos consideram um retrocesso de 50 anos. Nesse caso, o tribunal ouviu os argumentos de Jane Roe (pseudónimo de Norma McCorvey), que tentou abortar no Texas, mas foi impedida pelo procurador Henry Wade. Norma deu à luz antes da sentença do Supremo a seu favor.
As manifestações que têm lugar, nestes dias, em diversas cidades norte-americanas, têm como propósito, segundo os seus organizadores, pressionar o presidente Joe Biden e a sua administração a declarar uma emergência nacional de saúde pública sobre o tema e a adoptar medidas executivas para proteger o direito ao aborto.
Recentemente, o presidente assinou uma ordem executiva para tentar assegurar o acesso ao aborto, mas muitos afirmam que não terá qualquer efeito na prática. A ordem tem um alcance limitado porque a única maneira de garantir a interrupção voluntária da gravidez a nível federal seria com a aprovação de uma lei no Congresso, algo difícil de conseguir pelos democratas, dada a sua exígua maioria no legislativo.
Pela mesma altura, uma multidão de manifestantes reclamaram da Casa Branca o desbloqueamento de recursos adicionais para ajudar os governos locais a satisfazer a procura de serviços de saúde reprodutiva.
Na véspera das manifestações, Luisiana uniu-se a outros nove Estados norte-americanos, a maioria dos quais no Sul, em geral de influência maioritária do Partido Republicano, que proibiram o aborto. Até agora, Ohio, Tennessee, Carolina do Sul e Florida restringiram o aborto, embora não o tenham proibido totalmente. Em oito outros Estados poderão entrar em vigor ao longo deste ano disposições para impedir a interrupção voluntária da gravidez.