Manifestações no Panamá continuam em protesto contra aumento dos preços

Ini­ci­ados há mais de duas se­manas, pros­se­guem no Pa­namá os pro­testos po­pu­lares, in­cluindo cortes de es­trada, pa­ra­li­sa­ções e ma­ni­fes­ta­ções, contra o au­mento ge­ne­ra­li­zado do custo de vida.

Para Mario Al­manza, se­cre­tário-geral do Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores da Edu­cação e um dos porta-vozes da ali­ança Povo Unido pela Vida, os des­files e con­cen­tra­ções na Ci­dade do Pa­namá, a ca­pital, e nas 10 pro­vín­cias do país, con­ti­nu­arão até que o go­verno con­voque uma mesa única de diá­logo sério e com res­postas para as exi­gên­cias po­pu­lares.

Entre as prin­ci­pais rei­vin­di­ca­ções dos ma­ni­fes­tantes in­cluem-se a re­dução e o con­ge­la­mento dos preços dos com­bus­tí­veis, ali­mentos e me­di­ca­mentos e das ta­rifas de elec­tri­ci­dade. O au­mento geral dos sa­lá­rios e a atri­buição de pelo menos seis por cento do PIB para o sis­tema edu­ca­tivo são também re­cla­ma­ções po­pu­lares.

Os sec­tores em luta nas ruas exigem ainda o fim da cor­rupção, do ne­po­tismo e do cli­en­te­lismo po­lí­tico que minam os po­deres exe­cu­tivo e le­gis­la­tivo, ao mesmo tempo que re­jeitam o mo­delo eco­nó­mico ne­o­li­beral im­posto pelo go­verno do pre­si­dente Lau­ren­tino Cor­tizo e de­fendem a sua mu­dança.

O Par­tido do Povo do Pa­namá, par­tido dos co­mu­nistas pa­na­mi­anos, saudou e fe­li­citou, «pelo seu es­pí­rito de luta e sa­cri­fício, em de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores do país», o grande nú­mero de or­ga­ni­za­ções po­pu­lares di­versas que se ma­ni­festam contra as po­lí­ticas ne­o­li­be­rais do go­verno. Va­lo­rizou o «passo his­tó­rico» que deram ao ma­ni­festar-se de ma­neira uni­tária nas ruas, num mo­vi­mento li­de­rado pelas or­ga­ni­za­ções de edu­ca­dores e ou­tras or­ga­ni­za­ções po­pu­lares, in­cor­po­rando novos sec­tores como os pro­du­tores de ali­mentos, os pes­ca­dores ar­te­sa­nais, os trans­por­ta­dores, os pais e mães de fa­mília, os es­tu­dantes, as es­tru­turas co­mu­ni­tá­rias e os povos ori­gi­ná­rios.

«O nosso par­tido con­si­dera que o mo­vi­mento po­pular en­contra-se, neste mo­mento, no ca­minho cor­recto que o deve con­duzir à cons­trução da Frente de Acção Comum, ne­ces­sária para mudar a seu favor a cor­re­lação de forças po­lí­ticas no país», ava­liam os co­mu­nistas, con­fir­mando a sua dis­po­ni­bi­li­dade para par­ti­cipar nestas ac­ções or­ga­ni­za­tivas uni­tá­rias.

Re­forço da uni­dade do mo­vi­mento po­pular
«Acon­teceu o que tinha de acon­tecer, a gota de água que fez trans­bordar o copo foi a su­bida exa­ge­rada do preço da ga­so­lina, que por sua vez pro­vocou a alta dos custos e preços do trans­porte em geral e dos ali­mentos, para men­ci­onar al­guns dos ar­tigos da cesta bá­sica do pa­na­miano», avalia o PPP, de­nun­ci­ando que o en­cer­ra­mento da Re­fi­naria Pa­namá, da qual o Es­tado era ac­ci­o­nista, e o es­ta­be­le­ci­mento de con­sór­cios pe­tro­lí­feros pri­vados, pro­te­gidos pelas po­lí­ticas ne­o­li­be­rais, con­fi­gu­raram «um ne­gócio mo­no­po­lista ga­ran­tido pelo Es­tado».

Se­gundo os co­mu­nistas, «aquilo que vive hoje o povo pa­na­miano con­firma a crise es­tru­tural do sis­tema ca­pi­ta­lista e do mo­delo eco­nó­mico ne­o­li­beral, con­cen­trador e ex­clu­dente, que se for­ta­leceu em con­sequência da in­vasão im­pe­ri­a­lista norte-ame­ri­cana em De­zembro de 1989», tendo a con­so­li­dação desse mo­delo sido «ga­ran­tida e pro­mo­vida por todos os go­vernos an­ti­na­ci­o­nais pós-in­vasão» do Pa­namá.

Agora, con­si­dera o Par­tido do Povo do Pa­namá, com o re­forço do mo­vi­mento po­pular uni­tário, está na hora dos sec­tores po­pu­lares terem ge­nuínos re­pre­sen­tantes no par­la­mento, nos exe­cu­tivos mu­ni­ci­pais e no go­verno do Pa­namá, vi­sando «avançar na re­fun­dação do Es­tado para o tornar mais de­mo­crá­tico, plu­ra­lista, par­ti­ci­pa­tivo e in­clu­sivo».

 



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