PCP quer salário mínimo garantido para pescadores

No de­correr de uma vi­sita ao dis­trito de Leiria, no dia 22 de Julho, João Pi­menta Lopes, de­pu­tado no Par­la­mento Eu­ropeu (PE), re­a­firmou o com­pro­misso do PCP de con­ti­nuar a in­tervir para de­fender o sector das pescas e os seus pro­fis­si­o­nais.

 

O tra­balho na pesca é muito duro

Ao Avante!, Pi­menta Lopes re­cordou que aquela «foi mais uma de muitas vi­sitas» que o PCP tem vindo a fazer de Norte a Sul do País, «de con­tacto di­recto com as or­ga­ni­za­ções e pro­du­tores do sector da pesca, mas também com os pes­ca­dores e a co­mu­ni­dade pis­ca­tória», no con­texto de um re­la­tório que se está a pre­parar no PE, de pesca de pe­quena es­cala, ar­te­sanal e cos­teira, de forma a con­tri­buir para a re­so­lução dos «pro­blemas que o sector en­contra».

Acom­pa­nhado por vá­rios di­ri­gentes na­ci­o­nais e re­gi­o­nais do Par­tido, o pé­riplo do de­pu­tado co­mu­nista ini­ciou-se bem cedo, tendo reu­nido com a As­so­ci­ação de Ar­ma­dores de Pesca do Cerco (OP­CENTRO) e a Co­o­pe­ra­tiva dos Ar­ma­dores da Pesca Ar­te­sanal (CAPA).

Se­guiu-se um en­contro com o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores da Pesca e com os ho­mens do mar, de par­tida para mais um dia de pesca da sar­dinha, a base da eco­nomia de vá­rias em­bar­ca­ções – de di­fe­rentes di­men­sões – da pesca de cerco, como a «Deusa dos Mares», «Prin­cesa das Ondas» ou «Afro­dite». Às redes podem chegar ou­tras es­pé­cies, como o ca­rapau, a ca­vala, o bi­queirão ou o polvo.

Junto ao barco «A Nossa Pei­xaria», fi­cámos a co­nhecer um pouco me­lhor a his­tória ex­tra­or­di­nária destes ho­mens, bem como os seus de­sa­bafos. O au­mento dos custos de pro­dução, no­me­a­da­mente dos com­bus­tí­veis, é, ac­tu­al­mente, um dos pro­blemas mais sen­tidos e que está a levar à pa­ragem for­çada de em­bar­ca­ções.

Se nada for feito a si­tu­ação pode ge­ne­ra­lizar-se. «O preço da sar­dinha tem es­tado fraco e o ga­sóleo muito caro, o que está a di­fi­cultar as nossas vidas», alertou um dos 10 tri­pu­lantes.

O de­pu­tado co­mu­nista re­feriu que «o au­mento do custo de pro­dução» não está a ser «acom­pa­nhado pelo au­mento dos va­lores do pes­cado em lota». No re­la­tório «temos tra­tado de forma es­pe­cí­fica a questão da co­mer­ci­a­li­zação, pres­ti­gi­ando, em pri­meiro lugar, o en­cur­ta­mento das ca­deias» para «va­lo­rizar mais fa­cil­mente o pes­cado» e «in­ter­vindo na ca­deia de valor, com so­lu­ções di­versas, que podem passar por mexer nas mar­gens de co­mer­ci­a­li­zação; de­finir preços mí­nimos de venda para al­gumas es­pé­cies; ga­rantir preços justos à pro­dução no sector».

Falta de atrac­ti­vi­dade
Outro dos pro­blemas apre­sen­tados prende-se com a falta de atrac­ti­vi­dade da pesca em vir­tude dos baixos ren­di­mentos. «A mai­oria dos pes­ca­dores por­tu­gueses está re­for­mada e os mais novos, sem con­di­ções, não querem ir para o mar», acres­centou o mesmo pes­cador. O re­curso à mão de obra vinda da In­do­nésia e de ou­tros países mais po­bres é, agora, uma re­a­li­dade.

Como sa­li­entou Pi­menta Lopes, «é pre­ciso com­pre­ender que o tra­balho na pesca é muito duro», mas também «des­re­gu­lado, do ponto de vista dos ho­rá­rios, muitas vezes com jor­nadas de tra­balho de 16 horas a bordo». «As con­di­ções de in­cer­teza dos ren­di­mentos tornam a pesca uma pro­fissão menos atrac­tiva, prin­ci­pal­mente para os mais jo­vens», su­bli­nhou, lem­brando que nesta pro­fissão «não há sub­sídio de fé­rias e de Natal» e que «os ren­di­mentos au­fe­ridos são di­vi­didos pela cam­panha e pelo dono da em­bar­cação, numa pro­porção que nem sempre é justa».

A ins­ti­tuição de um sa­lário mí­nimo ga­ran­tido para os pes­ca­dores que res­ponda às pa­ra­gens é, por isso, uma das pro­postas dos co­mu­nistas, de forma a im­pul­si­onar o fu­turo do sector. «Há que as­se­gurar me­didas de com­pen­sação sa­la­rial para pe­ríodos de en­cer­ra­mento da ac­ti­vi­dade», de­fendeu o de­pu­tado co­mu­nista.

 



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