Lembremo-nos dos CTT

Vasco Cardoso

A impunidade que a administração dos CTT vai exibindo cada vez que é confrontada com a degradação do serviço postal só pode ser compreendida à luz do poder que o grande capital detém no nosso país e que foi, de certa forma, reforçado e estendido com as privatizações.

Vieram agora a público notícias que dão conta da insatisfação da imprensa regional com a resposta dos correios. Os jornais chegam à casa das pessoas. Mas chegam vários dias depois, se não mesmo, semanas e, em alguns casos, as pessoas queixam-se que recebem duas a três edições de uma vez. Nada que não fosse já conhecido por muita gente, incluindo pelos assinantes do Avante! a quem sucede o mesmo, sobretudo em zonas do País mais distantes dos grandes centros urbanos. Aquelas a quem se dirige o fundamental da imprensa regional.

Perante as críticas a administração dos CTT queixa-se da falta de carteiros. Diz que têm crescido as «dificuldades em contratar e o absentismo» na empresa. Aliás, quase que sugerem que a responsabilidade não é sua mas … dos trabalhadores. É preciso ter lata.

Tudo isto acontece sem que o Governo intervenha. Escondidos atrás da entidade reguladora – ANACOM –, os vários governos que concretizaram ou conviveram com a privatização dos CTT limitam-se a encolher os ombros. Ou melhor, limitam-se a servir os interesses dos accionistas dos CTT, como aliás aconteceu recentemente – no final de 2021 – com o prolongamento da concessão do serviço público postal por mais uns anos em vez de terem recuperado o controlo público da empresa.

Para os accionistas dos CTT a imprensa regional vale ZERO. Tal como valem ZERO uma série de inúmeros outros serviços cuja entrega tem vindo a ser progressivamente degradada. Os CTT, com a redução do número de balcões que concretizou, com a introdução de critérios de maximização do lucro em detrimento do serviço público, com a redução e o aumento da exploração dos trabalhadores, com a contínua degradação dos seus serviços, por contrapartida dos lucros que, esses sim, têm subido nos últimos anos, são um bom exemplo do que representam as privatizações. Lembremo-nos dos CTT sempre que ouvirmos na televisão um «especialista» a dizer que os privados funcionam melhor...




Mais artigos de: Opinião

Lutar pela paz, afirmar a solidariedade com os povos em luta

Os desenvolvimentos na situação internacional estão a confirmar a justeza e correcção da análise e posicionamento do PCP. A luta pela paz, contra o imperialismo e o militarismo e a solidariedade com os povos em luta assume grande importância.

Cuba precisa da nossa solidariedade

O trágico incêndio na estação de depósitos de combustível de Matanzas, que custou a perda de vidas humanas, centenas de feridos e 14 desaparecidos, depois de vários dias de dramático combate foi finalmente extinto. Uma «vitória que gera vitória», assim se expressou então durante a sua visita ao local Miguel Diaz-Canel o...

Tentativas e erros

Começo esta crónica com um episódio pessoal. Limitado, como todos serão, mas – creio – exemplar. Estávamos em 1995 e a Festa do Avante!, como habitualmente, transbordava de gente – e particularmente de jovens. Entre eles estava eu, estudante do Ensino Secundário e militante recente da Juventude Comunista Portuguesa....

Alternativa versus alternância

Em declarações prestadas no domingo, 14, o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho (PPC) –, que se deslocou à Quarteira, no Algarve, para participar na Festa do Pontal do PSD, naquilo a que, curiosamente, chamam o comício da «rentrée» – considerou que Portugal precisa de um executivo diferente e disse acreditar que...

O raio que os parta!

Dói muito ver o Parque Natural da Serra da Estrela a arder. Dias a fio de destruição, imagens de uma intensa violência, milhares de hectares ardidos, dezenas de aldeias em pânico, pastos, campos agrícolas, olivais, vinhas, dizimados pela besta que parece que não há nada que detenha. Dói ver coberta de negro, seguramente...