Impedir a reversão dos avanços da nova Lei de Bases de Saúde

O PCP en­tregou ontem no Par­la­mento um pro­jecto de lei com al­te­ra­ções ao Es­ta­tuto do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde (SNS) ori­en­tadas para a re­so­lução de pro­blemas no sector e para travar uma ainda maior en­trega dos cui­dados de saúde aos grupos eco­nó­micos.

Go­verno não re­solve os prin­ci­pais pro­blemas do SNS

A jus­ti­ficar esta ini­ci­a­tiva le­gis­la­tiva, cujo con­teúdo foi dado a co­nhecer ontem pelo de­pu­tado co­mu­nista João Dias em con­fe­rência de im­prensa, está a con­si­de­ração de que a pu­bli­cação do Es­ta­tuto apro­vado pelo Go­verno e pro­mul­gado pelo Pre­si­dente da Re­pú­blica veio con­firmar a ori­en­tação po­lí­tica por aquele se­guida no sen­tido de não re­solver os prin­ci­pais pro­blemas do SNS.

Do es­ta­tuto res­salta também o grave pro­pó­sito de res­tringir o al­cance da Lei de Bases da Saúde apro­vada em 2019, ao abrir a porta a uma maior en­trega de cui­dados de saúde aos grupos eco­nó­micos, con­tra­ri­ando a pri­mazia aos ser­viços pú­blicos de saúde ins­crita na lei.

O pro­jecto de lei do PCP visa assim cor­rigir as ori­en­ta­ções mais ne­ga­tivas do di­ploma, in­tro­du­zindo-lhe si­mul­ta­ne­a­mente me­didas de res­posta aos prin­ci­pais pro­blemas com que o SNS está con­fron­tado.

Re­ti­radas do texto são as di­versas aber­turas à en­trega de mais ser­viços ao sector pri­vado, nos cui­dados de saúde pri­má­rios e nos cui­dados hos­pi­ta­lares. Por outro lado, re­jeita-se a cri­ação de uma nova di­recção exe­cu­tiva (op­tando-se pelo re­forço das com­pe­tên­cias da ac­tual ACSS), cla­ri­fica-se a per­ma­nência das Ad­mi­nis­tra­ções Re­gi­o­nais de saúde (ARS) e mantém-se a au­to­nomia das ACES.

Muito re­le­vante é também a va­lo­ri­zação dos tra­ba­lha­dores, que os co­mu­nistas vêem como ele­mento es­sen­cial para uma maior atrac­ti­vi­dade do SNS. Des­taque, ainda, para a re­jeição dos nor­ma­tivos do es­ta­tuto di­rec­ci­o­nados para a res­pon­sa­bi­li­zação cres­cente dos mu­ni­cí­pios. Quanto à questão da au­to­nomia hos­pi­talar, pro­posta é a drás­tica res­trição das com­pe­tên­cias atri­buídas ao Mi­nis­tério da Saúde e até ao Mi­nis­tério da Saúde.

Em suma, com estas pro­postas de al­te­ração, con­tra­ri­ados são «os de­sejos dos que querem re­verter o que foi al­can­çado pela nova Lei de Bases de Saúde» e que al­mejam pros­se­guir o ca­minho de «cres­cente ex­ter­na­li­zação dos cui­dados de saúde e a cor­res­pon­dente alo­cação cres­cente de re­cursos pú­blicos ao sector pri­vado».




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