Reforçar o carácter público, universal, geral e gratuito do SNS

É preciso salvar o Serviço Nacional de Saúde

Os pro­blemas na saúde – que não são con­jun­tu­rais, antes es­tru­tu­rais – agravam-se todos os dias e em 2023 não se pre­vêem me­lhoras. A si­tu­ação re­sulta em grande parte da des­va­lo­ri­zação de todos os pro­fis­si­o­nais de saúde. Em todo o País, mul­ti­plicam-se as ac­ções de luta em de­fesa do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde (SNS).

O PCP exige um re­forço do in­ves­ti­mento no Ser­viço Na­ci­onal de Saúde (SNS), para acabar com o ele­vado nú­mero de utentes sem mé­dico de fa­mília, os ele­vados tempos de es­pera para con­sultas, ci­rur­gias, tra­ta­mentos e exames, a des­va­lo­ri­zação dos pro­fis­si­o­nais de saúde, os equi­pa­mentos ob­so­letos e a de­gra­dação/​de­sa­de­quação das ins­ta­la­ções.

«São ne­ces­sá­rias me­didas para atrair e fixar pro­fis­si­o­nais, única forma de au­mentar o nú­mero de utentes com mé­dico e en­fer­meiro de fa­mília, re­a­brir ou abrir ser­viços, ga­rantir con­sultas, exames, tra­ta­mentos e ci­rur­gias, bem como in­vestir nos equi­pa­mentos e na pro­moção da saúde, e com­bater o ne­gócio da do­ença, que cresce na exacta me­dida da des­va­lo­ri­zação do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde», re­fere a re­so­lução apro­vada na Con­fe­rência Na­ci­onal «Tomar a ini­ci­a­tiva, re­forçar o Par­tido, res­ponder às novas exi­gên­cias», que se re­a­lizou nos dias 12 e 13 de No­vembro, em Cor­roios, Seixal.

 

Go­verno re­cusa so­lu­ções

Estas são so­lu­ções que o Go­verno do PS, com os par­tidos à sua di­reita, re­cusa, como se as­sistiu no Or­ça­mento do Es­tado para 2023. Chum­bada foi, por exemplo, a pro­posta de im­ple­men­tação de um re­gime de de­di­cação ex­clu­siva (pelos votos contra de PS, Ini­ci­a­tiva Li­beral, Chega e a abs­tenção do PSD), de­sig­na­da­mente com a ma­jo­ração de 50 por cento na re­mu­ne­ração-base e a pro­gressão mais rá­pida na car­reira.

Na nota jus­ti­fi­ca­tiva do do­cu­mento re­corda-se que o «re­gime de de­di­cação ex­clu­siva no SNS, di­ri­gido aos mé­dicos, foi in­ter­rom­pido em 2009 por um go­verno do PS, sendo hoje mi­no­ri­tário no SNS o nú­mero de mé­dicos em de­di­cação ex­clu­siva, o que se vem tra­du­zindo em evi­dentes pre­juízos para os ser­viços e os utentes». Para o PCP, «a im­ple­men­tação de um re­gime de de­di­cação ex­clu­siva, op­ci­onal, é fun­da­mental para atrair pro­fis­si­o­nais de saúde para o SNS e va­lo­rizar o de­sem­penho de fun­ções em ex­clu­sivo no ser­viço pú­blico».

Igual­mente re­cu­sado pelo PS e IL, com a abs­tenção do PSD, foi o alar­ga­mento da atri­buição de in­cen­tivos para a fi­xação, entre ou­tros pro­fis­si­o­nais, de mé­dicos e en­fer­meiros em áreas com ca­rên­cias em saúde, no­me­a­da­mente o au­mento do in­cen­tivo para 50 por cento da re­mu­ne­ração base, a pro­gressão mais rá­pida na car­reira e a cri­ação de um novo apoio para com­pensar as des­pesas com a ha­bi­tação (com os votos contra de PS e IL e a abs­tenção do PSD).

No âm­bito dos cui­dados pri­má­rios de saúde, só na área ge­o­grá­fica da Ad­mi­nis­tração Re­gi­onal de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo en­con­tram-se re­gis­tados (à data de 17 de Ou­tubro de 2022) como sem mé­dico de fa­mília 922 866 utentes, o que cor­res­ponde a um dé­fice de 596 mé­dicos de me­di­cina geral e fa­mi­liar. Con­tudo, para esta re­gião, o nú­mero de vagas com di­reito a in­cen­tivo abertas em 2022 foi de apenas 243 vagas. A este res­peito des­tacam-se as si­tu­a­ções dos agru­pa­mento de cen­tros de saúde (ACES) de Sintra, Loures/​Odi­velas e Es­tuário do Tejo.

Também nos en­fer­meiros se ve­ri­ficam am­plas ne­ces­si­dades de fi­xação de mais pro­fis­si­o­nais em di­versas áreas ge­o­grá­ficas e uni­dades do SNS, mesmo quando se abrem pos­si­bi­li­dades de con­tra­tação pú­blica.

«A re­cusa do PS em res­ponder à fra­gi­li­zação do SNS, e o ca­minho que tem sido tra­çado no sen­tido de pro­mover o ne­gócio dos grupos pri­vados da saúde, re­ti­rando re­cursos ao SNS, fica bem pa­tente na pu­bli­cação re­cente do Es­ta­tuto do SNS, que cons­titui um re­tro­cesso face aos avanços que a Lei de Bases da Saúde pro­por­ci­onou», cri­tica o PCP, na pro­posta de lei apre­sen­tada.

 



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